Aécio sobreviveu — mas não foi sem imenso esforço e com vários momentos de insegurança. Por todo dia, o Senado oscilou se votaria ou não. No final da manhã, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, determinou que a votação deveria ser aberta. E o presidente da Casa, senador Eunício Oliveira, informou que assim que o quórum de metade mais um se formasse em plenário — 41 parlamentares —, ele daria início ao voto. Mas, aí, apareceu com uma ajuda, reinterpretando a Constituição. Ao invés de Aécio precisar de pelo menos 41 votos, o presidente determinou que seriam também necessários 41 votos para afastá-lo do mandato. Enquanto uma das posições não alcançasse a marca, o voto seria repetido. Não foi necessário. Até Romero Jucá, doente, compareceu. Pró-Aécio. Assim como compareceu Ronaldo Caiado, de cadeira de rodas e ombro quebrado após cair de uma mula, no fim de semana. Anti-Aécio. Tasso Jereissati, que lidera o grupo contra o governo do PSDB, subiu à tribuna para declarar que os tucanos deveriam apoiar seu par mineiro. Ao final, 44 votaram pelo ex-candidato à presidência e 26, contra. Dois não votaram — Eunício e o próprio Aécio. Nove não compareceram.
Oficialmente, o Senado ainda não recebeu a notificação judicial de que deve ser por voto aberto a decisão de manter ou não o afastamento do tucano Aécio Neves, como determinada pela Primeira Turma do Supremo. Mas é para hoje que está marcado o voto. A decisão é do juiz federal Márcio Luiz Coelho de Freitas. Da única vez em que algo assim ocorreu, em 2015, a Casa votou ela própria para exigir voto aberto. E o próprio Aécio foi um dos mais incisivos na cobrança por transparência. Na época, o então líder do PT Delcídio do Amaral foi afastado por 59 votos a 13. Por via das dúvidas, o senador Randolfe Rodrigues foi ao STF pedir que se reitere a necessidade de voto aberto. O ministro Alexandre de Moraes foi escolhido para relatar o caso.