É possível que o Ibope de hoje à noite coloque Fernando Haddad na vice-liderança, a caminho de disputar um segundo turno com Jair Bolsonaro. Ontem, o candidato do PT ensaiou uma guinada ao centro. Renegou a afirmação do economista do partido, Marcio Pochmann, de que não é urgente uma reforma da Previdência. “Participou do programa do PT como outras pessoas”, disse Haddad. “Não quero desmerecer a participação dele.” Noutro canto de São Paulo, o próprio Pochmann, em geral uma voz mais radical, já sugeria um discurso moderado. “Apesar de críticas que temos ao governo, reconhecemos que a inflação está sob controle.” Em seu editorial, a Folha faz a leitura. “Ao escantear o colega, Haddad indicou uma inflexão rumo ao pragmatismo. Nada de novo, aliás. Lula caminhou para o centro ideológico de forma bem-sucedida, em 2002.”
https://www.youtube.com/watch?v=EtFjqWw3A6M
Jair Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo, ontem, via Facebook. Apesar de aparentar fraqueza, falou por ininterruptos 18 minutos. Assista. A um momento chorou, enquanto fez um discurso duro contra o PT. “Se coloquem no lugar do presidiário que está lá em Curitiba”, afirmou o ex-capitão. “Com toda sua popularidade, sua possível riqueza, seu tráfego junto a ditaduras. Você aceitaria passivamente ir para a cadeia? Se você não tentou fugir, é obviamente porque tem um plano B.” Bolsonaro então fez uma acusação dura, atípica em campanhas eleitorais. “Não consigo pensar em outra coisa senão o plano B se materializar numa fraude.”
https://www.youtube.com/watch?v=r3wiOC3bvkk
https://www.youtube.com/watch?v=NUvK9o-N230
https://www.youtube.com/watch?v=_K_mV8dY_TE
https://www.youtube.com/watch?v=4Rd0KppFjUA
Dentre as democracias ocidentais, os EUA são atípicos por conta da Primeira Emenda à Constituição. Nenhum outro país protege tanto a liberdade de expressão quanto eles. Lá, não há equivalente à ilegalidade do racismo no Brasil, ou da propaganda nazista, na Europa. O que impera é uma noção radical que nasce do conceito liberal do mercado de ideias. Todas as pessoas têm o direito de lançar em público suas ideias com liberdade, para que sejam expostas a contra-argumentos, ganhem ou não aceitação na sociedade, e possam, por fim, se impor. Evita-se ao máximo, portanto, que a liberdade de expressão seja coibida na raiz. Mas é possível que a internet tenha tornado a Primeira Emenda, e daí o conceito que temos hoje de liberdade de expressão, obsoleto. Tim Wu, professor de Direito na Universidade de Columbia, sugere que algo assim aconteceu. Ele é um dos dois maiores especialistas americanos em Direito digital.