As últimas semanas foram marcadas por uma escalada de tensões institucionais, quase sempre provocadas pelo Planalto ou seu entorno. Se uma conclusão a respeito da sequência de acontecimentos poderá unir tanto opositores quanto partidários do governo é a de que Jair Bolsonaro é um presidente único. Outros momentos da vida política brasileira no passado podem ecoar — e cá esta edição de Sábado do Meio vem explorando estes ecos. Mas, no conjunto, Bolsonaro é ímpar, realmente único. E, por isso mesmo, há hesitação em classifica-lo politicamente. Termos e expressões são jogados a toda hora. Fascista. Reacionário. Direita. Extrema direita. O objetivo desta edição de hoje não é propor uma classificação definitiva. Não custa, porém, colocar no papel — ou na tela — o significado de cada uma destas definições.
https://www.youtube.com/watch?v=CxJzcFpwLl4
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Em entrevista concedida à jornalista Leda Nagle em seu canal no YouTube, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, líder do PSL na Câmara, sugeriu que o Brasil talvez venha a precisar de um novo AI-5. “Vai chegar um momento em que a situação vai ser igual ao final dos anos 1960, quando sequestravam aeronaves, executavam-se grandes autoridades, cônsules, embaixadores”, afirmou, sem explicar por que algo assim pode vir a acontecer. “Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada através de um plebiscito como ocorreu na Itália, alguma resposta vai ter que ser dada. É um inimigo interno, de difícil identificação aqui dentro do país. Espero que não chegue a esse ponto né? Temos que ficar atentos.” O AI-5, que em 1968 marcou o Golpe dentro Golpe, suspendeu direitos constitucionais básicos como o do habeas corpus, estabeleceu censura prévia a imprensa e artes, e deu ao presidente o poder de fechar o Congresso Nacional. O filho Zero Três do presidente já havia falado neste tom, antes. Nunca com tanta clareza. (YouTube)
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A promotora Simone Sibilio, do Ministério Público do Rio, afirmou ontem em uma coletiva que não foi da casa do presidente Jair Bolsonaro que se autorizou a entrada do ex-PM Élcio Queiroz no condomínio Vivendas da Barra, em 14 de março de 2018. Élcio é acusado de ter dirigido o carro na operação que levou ao assassinato da vereadora Marielle Franco, naquele mesmo dia. “A prova técnica juntada aos autos mostra que, às 17h07, quem autoriza a entrada de Élcio é Ronnie Lessa”, ela disse. Lessa é acusado de ter feito os disparos e morava no mesmo condomínio do presidente. A prova à qual a procuradora se refere é a gravação do áudio do interfone, que o sistema da portaria indica ter sido feito à casa 65 (de Ronnie) e não à 58 (de Bolsonaro). A gravação contradiz o livro de registros da portaria, com a anotação feita à mão no dia, marcando que foi a casa do presidente que liberou. O porteiro concedeu dois depoimentos gravados confirmando o livro. (G1)
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