O presidente americano Donald Trump ainda não reconhece que seu adversário Joe Biden venceu a eleição. Mas, sob intensa pressão de membros do seu Partido Republicano, deu aval para que tenha início oficialmente a transição de governo. “Nossa luta continua com força”, escreveu o presidente no Twitter, “e acredito na vitória! Ainda assim, pelo melhor interesse de nosso país, recomendei o início dos protocolos.” Isto quer dizer que a equipe de Biden terá pleno acesso a escritórios, verba pública para funcionários, dados de governo e acesso a relatórios de inteligência para que inicie já assentado o governo em 20 de janeiro próximo. Um assessor de Trump, sob anonimato, comentou. “Isto é o mais próximo de vê-lo reconhecendo derrota que veremos.” (Washington Post)
O Brasil expôs suas entranhas, na última quinta-feira, quando dois seguranças espancaram e depois sufocaram à morte o soldador João Alberto Silveira Freitas, um cidadão negro de 40 anos, na garagem de um supermercado Carrefour, em Porto Alegre. Fizeram tudo enquanto filmados, não ligaram. Ao longo da sexta, o governo reagiu minimizando. “Não foi racismo”, afirmou mais de um, incluindo o vice-presidente Hamilton Mourão. No fim de semana, a revolta estourou.
Quando Bill Clinton se elegeu presidente, em 1992, ele não era apenas o governador muito jovem e em grande parte desconhecido de um estado pobre no sul americano. Clinton rompia também um longo jejum. Dos seis mandatos presidenciais anteriores, apenas um havia sido democrata. E Jimmy Carter era lembrado como bem intencionado, porém inepto e fraco. O novo presidente tinha 46 anos de idade e uma responsabilidade deste tamanho: a de não fracassar. E não fracassar queria dizer, antes de tudo, compreender algo que ele entendia com clareza. Às vezes, na política, é preciso um redesenho, há que se reimaginar ideias e pactos. Seu partido tinha de ser reinventado para que pudesse voltar ao poder.
Embora os números de casos e mortes e as internações por Covid-19 sigam em alta no Rio e em São Paulo, os candidatos ao segundo turno nas duas maiores cidades do país parecem minimizar a situação. Buscando a reeleição, Marcelo Crivella (Republicanos) e Bruno Covas (PSDB) negam publicamente a segunda onda e a necessidade de novos lockdowns, mesmo que tomem discretamente medidas. Já seus adversários, Eduardo Paes (DEM) e Guilherme Boulos (PSOL) evitam falar em novos planos de distanciamento social. Todos querem se distanciar da impopularidade desse tipo de iniciativa.