Não há como dourar a pílula: o que aconteceu em Brasília no domingo foi um ato de extremismo violento, de terrorismo. O objetivo claro era a ruptura da ordem democrática. E se há alguém que não hesita em nomear os processos de radicalização da direita é a pesquisadora Michele Prado. Ela monitora e estuda os extremistas há tempo suficiente para identificar naquele grupo os padrões de radicalização que vê acontecendo pelo mundo. Nesta entrevista, Michele descreve como essas pessoas foram capturadas e transformadas em agentes propagadores de teorias conspiratórias que, com o tempo, convertem-se em pretextos para a busca de um governo autocrático — por meio da violência. Agora, cá estamos, três dias depois, assustados com a possibilidade de novos ataques.
O Palácio do Planalto acionou no fim da noite de ontem o Supremo Tribunal Federal (STF) devido a um alerta de novos atos golpistas programados para hoje, revelou Malu Gaspar. O risco foi detectado pela Advocacia-Geral da União (AGU) após o monitoramento de grupos bolsonaristas nas redes sociais, onde eles convocam extremistas para uma “Mega Manifestação Nacional pela Retomada do Poder” em todo o país às 18h desta quarta-feira. A AGU pediu ao ministro Alexandre de Moraes que determine a adoção de “medidas imediatas, preventivas e necessárias” pelas autoridades federais e estaduais para evitar invasão de prédios públicos e bloqueio de vias. (Globo)
O Conversas com o Meio recebe Sergio Abranches para falar sobre a tentativa de golpe de Estado que ocorreu no último domingo, em Brasília. O politólogo comenta, no bate-papo com Pedro Doria, como se deu a ação violenta dos golpistas e a necessidade de se investigar o financiamento e os "arquitetos intelectuais" do 8 de janeiro. Abranches traz, ainda, uma preocupação quanto ao que chama de "semitutela militar". "Enquanto o Brasil não enfrentar a questão militar, não vamos avançar", diz ele. Qual a real participação das forças policiais no combate (ou na falta dele) aos terroristas? Como vemos Bolsonaro e os militares após isso tudo? A reação do presidente Lula foi acertada? Entenda neste programa. __ CONVERSAS COM O MEIO
“Eles querem golpe, mas golpe não vai ter.” A frase do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem durante reunião com os 27 governadores, ministros do STF e parlamentares deu o tom da reação do governo federal aos atos terroristas promovidos por bolsonaristas na tarde de domingo em Brasília. Ele afirmou que o Executivo foi pego de surpresa pela violência dos ataques às sedes dos Três Poderes, mas admitiu que tinha informação das intenções golpistas dos acampados em frente a quartéis em várias partes do país. O presidente disse que já pretendia marcar uma reunião com os governadores para tratar de recursos para os estados, mas que os atos de terrorismo exigiram um encontro para “prestar solidariedade ao país e à democracia”. Entre os governadores, a tônica, expressa pelo gaúcho Eduardo Leite (PSDB), foi de que a defesa da democracia se sobrepõe às diferenças políticas e partidárias. Após a reunião, Lula e os demais participantes foram a pé do Palácio do Planalto ao STF examinar a destruição deixada pelos bolsonaristas. (UOL)
O movimento terrorista que atacou Brasília no dia 8 de janeiro tem pai, mãe e irmãos no clã Bolsonaro. Tem uma larga família de gente conivente com discurso golpista e violento. Tem uma madrinha generosa nas forças de segurança que atuaram para proteger os bolsonaristas em vez de impedi-los. E tem no Procurador-Geral da República, cúmplice dos abusos de Bolsonaro e seus aliados, seu padrinho.
Acumulada desde as eleições, a retórica bolsonarista de violência golpista explodiu ontem numa série de ataques às sedes dos Três Poderes sob o olhar complacente da Polícia Militar do Distrito Federal, levando à decretação de intervenção federal na área de segurança do DF pelo Executivo e ao afastamento por 90 dias do governador Ibaneis Rocha (MDB) por ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes. (UOL)