Huck não é candidato

Em artigo que publica hoje na Folha, Luciano Huck pula fora da corrida presidencial.

Luciano Huck: “Minha geração está trabalhando e inovando com vigor em muitas frentes. Há milhares de notáveis empreendedores, profissionais liberais, atletas, executivos, artistas, intelectuais, pensadores e por aí vai. Mas pela política, ela tem feito pouco. O momento de total frustração com a classe política e com as opções que se apresentam no panorama sucessório levou o meu nome a um lugar central na discussão sobre a cadeira mais importante na condução do país. É claro que isso me trouxe a sensação boa de que uma parte razoável da população entende o que sou e faço como algo positivo. Evidente também que junto vieram uma pressão muito pesada e questionamentos de todos os tipos. Com a mesma certeza de que neste momento não vou pleitear espaço nesta eleição para a Presidência da República, quero registrar que vou continuar, modesta e firmemente, tentando contribuir de maneira ativa para melhorar o país. A hora é de trabalhar por soluções coletivas inteligentes e inovadoras para o país, e não de focar o próprio umbigo ou de alimentar polêmicas pueris e gritas sem sentido. Contem comigo. Mas não como candidato a presidente.” (Folha)

José Roberto de Toledo: “No meio da semana passada, o PPS forçou a barra para Luciano Huck declarar-se. Contrariada com a ideia de ter um ‘candidato da Globo’, a contratante do apresentador nem precisou se mexer. A imobilidade bastou para Angélica perceber que seu novo programa semanal se encaminhava para o telhado. Usou seu poder de veto. O marido desistiu. É a terceira tentativa de conceber um candidato ‘outsider’ que não vinga. A primeira foi do juiz Moro, que não se deixou emprenhar pelo ouvido. Depois, a do prefeito Doria, que foi ansioso demais e levou tábua do partido. Agora, a de Huck. O apresentador não conseguiu seduzir os únicos eleitores que realmente importavam: o patrão e a família.” (Estadão)

Vera Magalhães: “Diante da percepção de que as eleições terão como principal vetor o desejo de mudança, todo mundo resolveu apostar em se vender como o novo. O caso mais bizarro é a onda de retrofit partidário. Quem vai comprar nas urnas a conversa mole de que Podemos, Patriota e Avante são, além de palavras com um viés cafona-motivacional, partidos com alguma nitidez programática? Os únicos casos mais ‘orgânicos’ são o Novo e a Rede. E a autenticidade, na política brasileira, muitas vezes acaba se confundindo com ingenuidade. PSDB, PMDB e PT, os principais atingidos por esse tsunami, chegam às vésperas da sucessão perdidos e sem estratégia. O PT abdicou de tentar alguma refundação e hipotecou seu destino ao de Lula, que hoje é mais preocupado com a Justiça que com a política. Os tucanos deixaram Alckmin na pior situação: o partido integrou o governo impopular de Michel Temer durante a tempestade das denúncias, começou a sair pela porta dos fundos e agora nem o discurso de que apoiará as reformas consegue sustentar. Até aqui 2018 é um jogo de cabra-cega. A diferença é que todos — eleitores e candidatos — parecem estar vendados.” (Estadão)

Enquanto isso... Marina Silva deve se lançar candidata no final de semana que vem. (Globo)

Quem falta na lista é Joaquim Barbosa. Já disse que não topa a vice, só o comando da chapa. Caso se filie ao PSB em janeiro é porque já tomou a decisão.

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Constatado por Elio Gaspari: Kátia Abreu foi expulsa do PMDB porque votou contra o impeachment e a reforma trabalhista. Sérgio Cabral, Eduardo Cunha e Jorge Picciani continuam intactos no partido. (Globo e Folha)

20 policiais militares do Rio de Janeiro, quase todos atuando na Zona Norte, na Baixada Fluminense e na Grande Niterói, tiveram ligação com mais de 10% dos autos de resistência, homicídios decorrentes de oposição à intervenção policial, entre 2010 e 2015. Segundo apuração dos repórteres Fábio Teixeira e Igor Mello, eles representam apenas 0,04% do efetivo mas estiveram envolvidos em 356 mortes. Onze são ou foram alvos de outros inquéritos por crimes como corrupção, tráfico de drogas e peculato. Quinze seguem na ativa. E um deles se elegeu vereador na cidade de Magé, região metropolitana. (Globo)

Ontem, o jogador Geoffrey Kondogbdia, do Espanyol, foi a campo vestindo por baixo uma camiseta: ‘Futebol à parte, não estou à venda’. Foi um dos muitos gestos de um movimento que tomou a semana primeiro na África e, lentamente, começa a se espalhar pelo mundo. No domingo 19, a CNN levou ao ar uma reportagem no qual registra um mercado de escravos a céu aberto na Líbia. Preço médio: US$ 400 por humano. Protestaram com veemência os presidentes do Níger, de Burkina Faso e do Mali — é desta África central que vêm boa parte dos rapazes vendidos. O secretário-geral da ONU, António Guterres, estuda um processo por crimes contra a humanidade. “Isto nos recorda da necessidade de abordar os fluxos migratórios de maneira global”, disse. “Precisamos reprimir os atravessadores e traficantes.” No contato entre crise econômica, desespero e fronteiras fechadas, quem foge na tentativa de cruzar o Mediterrâneo com rumo a Europa corre o sério risco de mergulhar em um dos maiores pesadelos da história. Que está renascendo.

Cultura

Para ler com calma: O texto mais bonito nos jornais do fim de semana saiu na Ilustríssima: um relato do português Vasco Pimentel, diretor de som de Vazante (trailer), o filme de Daniela Thomas sobre uma fazenda na Minas setecentista. Um relato de como foi reconstruir o ambiente sonoro da mata aos bichos, dos sotaques e línguas daquele país perdido. (Folha)

Vasco Pimentel: “Os escravos recém-chegados não sabem onde estão, não entendem uma palavra do que ali se fala. Não entendem, sequer, uns aos outros: fazendeiros, tropeiros e traficantes intencionalmente misturavam culturas (e, assim, línguas, costumes e crenças) diferentes no mesmo lote de ‘negros da costa’, com o objetivo de lhes dificultar o entendimento mútuo e a solidariedade. Cada fazenda era um pequeno universo em que ninguém entendia o que o outro falava. O capataz negro do filme diz: ‘Não é bantu, eu não entendo o que esse negro diz.’ Não entende ele e não entende ninguém. Muito menos nós, espectadores do século 21, transportados sem aviso prévio para esse absurdo microcosmo da fazenda mineira escravista.”

Em 2014, a banda Cachorro Grande lançou o álbum Costa do Marfim, disco que deixou para trás a sua imagem roqueira. Foi lançado em CD, nas plataformas digitais e vinil. E o vinil complicou. Fabricado na República Tcheca, os discos ficaram empacados na Alfândega. Classificados como importação ilegal, foram para leilão. Deu tempo até de lançar outro álbum, no ano passado, enquanto a banda esperava a chance de arrematar os discos de volta. E enfim, conseguiram: três anos depois, no sábado, o LP Costa do Marfim foi lançado na Feira de Vinis & Vitrolas que aconteceu no Museu da Imagem e do Som de São Paulo. (Estadão)

A nova série do casal de produtores Daniel Palladino e Amy Sherman-Palladino, criadores de Gilmore Girls, estreia na quarta-feira no serviço de streaming Amazon Prime Video. The Marvelous Mrs. Maisel se passa na década de 1950, em Nova York. A Sra. Maisel do título é uma mulher que possui a vida que sempre quis até que seu recém-descoberto talento para a comédia causa reviravoltas no casamento a na carreira. (Estadão)

Cena a cena, os momentos do cinema americano nos anos 1980 que inspiraram a segunda temporada de Stranger Things. Com spoilers.

E já que estamos nessa, a turma do Vila Sésamo fez uma paródia de Stranger Things.

Viver

‘Mais pessoas morrem todos os anos por fumar do que por assassinato, AIDS, suicídio, drogas, acidentes de carro e álcool juntos.’ Parece uma frase de alguma organização anti-tabagista, não é. É um comercial pago pelas gigantes da indústria de cigarros Altria, R.J. Reynolds, Lorillard e Philip Morris. Nos Estados Unidos, depois de 19 anos de batalha na Justiça, as fabricantes de cigarros começaram a veicular, no domingo, anúncios em que admitem ter violado a lei quando esconderam saber que seus produtos poderiam matar e que, intencionalmente, projetaram cigarros para atrair e viciar. Os comerciais serão transmitidos durante um ano, totalizando 260 inserções no horário nobre de TVs americanas como CBS, ABC e NBC.

Em vídeo, um exemplo do que será veiculado.

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O aumento do nível do mar devido ao derretimento do gelo polar ameaça grandes cidades portuárias como Rio, Londres e Sidney. Mas são os holandeses que estão segurando o mar faz séculos com os diques, paredes que seguram a água e impedem inundações. O Afsluitdijk, com mais de 40 km de extensão, protege a maior parte do país. Construído há 85 anos, começa a ser renovado. Projeto que combina tecnologia sustentável e arte. “Não acho que falte dinheiro ou tecnologia neste mundo. Falta imaginação. Os desafios globais que enfrentamos são sinais de um design ruim. Estamos projetando mal o planeta Terra”, diz o designer responsável pelo projeto, Daan Roosegaarde.

Uma lista: As 10 cidades inteligentes mais preparadas para o futuro.

15.196,85 hectares. Ou a área equivalente a quatro Parques da Tijuca, no Rio. É o que os dez maiores desmatadores da Amazônia derrubaram em um ano. Os números foram protocolados na Justiça em ações civis públicas nos últimos 15 dias, um esforço conjunto do Ministério Público Federal (MPF) e do Ibama. Os órgãos cruzaram imagens de satélite com dados do sistema de gestão fundiária do Incra e autos de infração e embargos do Ibama. Tem madeireira respondendo a 35 ações. (Globo)

Aliás... Uma quantidade incrível de cocaína e substâncias derivadas de remédios contaminam o mar da Baixada Santista, em São Paulo, afetando a vida marinha.

Há um novo esporte na praça. A modalidade, criada e jogada majoritariamente por mulheres, exige que vistam patins, cotoveleiras e joelheiras, protetor bucal mais capacete. Uma jogadora precisa ultrapassar as integrantes do time adversário para pontuar. O roller derby, que surgiu nos EUA na década de 1930, está ganhando popularidade no Brasil. E a Seleção começa a arrecadar fundos para ir à Copa de Roller Derby, na Inglaterra, no ano que vem. (Nexo)

Cotidiano Digital

Os principais cérebros no Vale do Silício se preocupam com o momento em que desenvolveremos inteligências artificiais que nos dominem. Blair Hanley Frank, do Venture Beat, sugere que há problemas mais prementes com a tecnologia. Os sistemas de reconhecimento de voz têm dificuldade de compreender sotaques. Sistemas de identificação de rosto já apresentaram problemas com faces negras. Os algoritmos são tendenciosos porque, involuntariamente, os programadores não levaram em conta gente de todo tipo. E uma série de pequenos erros, com o tempo, pode deixar uma parcela do público de fora dos avanços digitais, aumentando exclusão social.

No sábado, o valor de um bitcoin ultrapassou pela primeira vez a marca de US$ 9 mil. No domingo, 1₿ se aproximava de US$ 9,5 mil. Deve cruzar a marca dos US$ 10 mil ainda este ano — entrou 2017 a mil dólares.

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