O desafio, agora, é a Previdência

A prioridade do Palácio do Planalto será aprovar a reforma da Previdência. Mas os deputados vão resistir. Quem talvez tenha condições de tocar algo seja o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. “A gente tem que focar nos dois pontos mais compreensíveis: idade mínima e fim dos privilégios dos que ganham mais”, afirmou em entrevista a Bernardo Mello Franco. Enquanto o discurso do Palácio é de triunfo, Maia não finge que a Câmara saiu bem das duas votações de denúncia. “Saiu machucada, sem dúvida. Quem não achar isso está enxergando pouco. O deputado é cobrado nas bases, nas redes sociais.” Ainda assim, para ele, não foi apenas a liberação de emendas que manteve Temer no poder. Tampouco foi o medo dos deputados de eles próprios serem investigados. “Mesmo que seja investigado, o deputado vota olhando o interesse do seu eleitor. Se ele entendesse que havia uma pressão insuportável, teria votado contra o presidente.” (Folha)

Temer celebrou a vitória na Câmara com um vídeo de pouco mais de três minutos publicado online. “O Brasil é sempre maior do que qualquer desafio”, disse. “E ficou ainda mais forte depois de ter suas instituições testadas de forma dramática nos últimos meses. No fim, a verdade venceu.” O presidente tratou de celebrar também os números. “A economia voltou a crescer depois da maior recessão da nossa história. Essa é a maior obra de meu governo.”

A trupe da agência de checagem Aos Fatos conferiu o que há de real e falso no discurso de Temer. A economia realmente voltou a crescer, mas não é certo que isto continuará.

Com 3% de aprovação, Michel Temer é o líder mais impopular do mundo, segundo pesquisa do Eurasia Group.

E... Temer deve se internar entre hoje e amanhã. Para exames, segundo Lauro Jardim. (Globo)

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E aconteceu. Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso entraram num inacreditável bate-boca no plenário do Supremo. Mendes começou, ironizando a falta de credibilidade dos governantes do Rio, alguns presos. “Nós prendemos, tem gente que solta”, respondeu o carioca Barroso. Gilmar não titubeou. “Vossa excelência quando chegou aqui soltou o José Dirceu.” O tom elevou. “Ele recebeu indulto do presidente da República”, respondeu irritado Barroso. “Vossa excelência normalmente não trabalha com a verdade”, continuou. Apreensiva, a ministra Cármen Lúcia tentou intervir. “Eu pediria que a gente voltasse para o julgamento do caso, por favor.” Mas não seria tão fácil. “José Dirceu permaneceu preso, sob minha jurisdição”, continuou Barroso. “Inclusive revoguei a prisão domiciliar que achei imprópria.” E, olhando para Gilmar, enterrou a faca. “Não transfira para mim essa parceria que vossa excelência tem com a leniência em relação à criminalidade de colarinho branco.” Foi a vez de Gilmar se irritar. “Tenho compromisso com os direitos fundamentais”, respondeu. “Fui o presidente do STF que liderou todo o mutirão carcerário. São 22 mil presos libertados e era gente que não tinha sequer advogado.” Não ficou sem resposta. “Vossa excelência vai mudando a jurisprudência de acordo com o réu. Isso não é estado de direito, é estado de compadrio.” Com vídeo.

E por falar em Gilmar... O STF suspendeu o julgamento sobre doação de sangue por gays. O ministro pediu vistas. Não há prazo para que o caso seja retomado.

A Justiça Federal do Amazonas concedeu liminar que suspende as rodadas dos leilões do pré-sal marcadas para hoje. O argumento é de que há risco de prejuízo ao patrimônio público: o lance inicial é considerado baixo. A liminar cita ainda “suposto vício de iniciativa no projeto de lei que encerrou a obrigação da Petrobras de ser a operadora única do pré-sal”. Cabe recurso. Com o leilão, o governo espera arrecadar R$ 7,75 bilhões para o Tesouro.

Rombo nas contas públicas. O governo central registrou um déficit primário R$ 108,533 bilhões no acumulado do ano até setembro, o pior resultado da série histórica, que iniciou em 1997. Para o mês de setembro, o rombo ficou em R$ 22,725 bilhões, número que sucede outro déficit, o de R$ 9,599 bilhões de agosto. (Estadão)

Para ler com calma: O novo livro do jornalista e cientista político Jorge Caldeira, História da Riqueza no Brasil, reinterpreta como funcionou a economia do país ao longo de seus 500 anos. Usando técnicas atuais de econometria que os autores clássicos dos anos 1930 não tinham à disposição, Caldeira mostra que no período colonial havia muita riqueza para além dos latifúndios. Por seus cálculos, até a entrada do século XIX, Brasil e EUA tinham economias de tamanho equivalente. Quando o Império aposta no mercado interno e se fecha, enquanto os americanos seguem no caminho contrário, é que a distância é criada. O mesmo se deu em 1970: China e Brasil tinham o mesmo tamanho. Ernesto Geisel apostou em fechar o país, os chineses foram ao mundo. Que é, novamente, a aposta de Lula no final de seu mandato e de Dilma em seu governo. “É difícil entender como, a partir de ideologias opostas, Lula e Geisel tenham tomado rumos semelhantes na economia”, ele comenta. “Essa é uma pergunta para a qual não tenho respostas.” Segundo os números recolhidos e organizados nas planilhas de Caldeira, sempre que o Brasil apostou em se fechar, houve recessão; sempre que se abriu, houve crescimento. (Folha)

Para quem prefere vídeo: Caldeira foi entrevistado por Pedro Bial, em seu programa, no início da semana.

Donald Trump havia prometido liberar todos os documentos ainda secretos relativos às investigações sobre o assassinato de John Kennedy, em 1963. Não deu. Liberou mais um calhamaço de 2.891 arquivos — estão todos online para consulta, alguns parcialmente — mas cedeu à pressão de CIA e FBI para manter uma pequena parte em segredo. Os dois órgãos têm seis meses para repassar os papeis e justificar que continuem protegidos. (New York Times)

Prostrada, Câmara fisiológica desobstrui mandato

Tony de Marco

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Cultura

Em São Paulo, começa amanhã a 11ª Bienal de Arquitetura. No Teatro Faap, o texto da bielorussa Svetlana Alexievich A Guerra não tem Rosto de Mulher é trazido aos palcos por Carolyna Aguiar, Luisa Thiré e Priscilla Rozenbaum. E, terça e quarta-feira, Karina Buhr, Paula Pretta e Filipe Catto fazem show do álbum póstumo de Serena Assumpção, Ascensão, no Sesc 24 de Maio.

No Rio, a seleção de Henri Matisse, em cartaz na Caixa Cultural, reúne 20 pranchas feitas pelo pintor francês para o álbum Jazz, de 1947. Hermeto Pascoal se apresentará no Circo Voador, amanhã, a partir das 22h. E, começando no dia 2, tem Festival Villa-Lobos. Confira a programação.

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Estreia esta semana Thor: Ragnarok (trailer), no qual a versão Marvel do deus do trovão luta para salvar sua terra sagrada. Para além da pipoca extrema há Mark Felt (trailer), no qual Liam Neeson conta o outro lado do escândalo político de Watergate. Ele é o número dois do FBI que se torna Garganta Profunda, o mais conhecido informante da história do jornalismo. Veja os outros filmes que chegam.

A segunda temporada de Stranger Things chega hoje à Netflix. Mais de um ano se passou desde que os espectadores conheceram Eleven, Dustin, Will, Lucas e Mike, o grupo de amigos que conquistou o mundo — o real, não o invertido.

#JusticeForJanet. É o que pede um movimento que exige de Justin Timberlake, o astro pop que vai se apresentar no intervalo do Super Bowl 2018, que convide Janet Jackson ao palco. Seria uma maneira de desculpar-se por 2004, quando ambos cantaram juntos no mesmo evento esportivo, e o cantor arrancou uma parte do top preto de Jackson, deixando à mostra parte de seu seio. À época, a Comissão Federal de Comunicação recebeu telefonemas de espectadores escandalizados, a rede CBS foi multada e a MTV parou de produzir o evento. E Janet Jackson foi parar na geladeira.

Viver

A Justiça Federal suspendeu item do edital do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que previa nota zero para quem desrespeitasse os direitos humanos na redação. O pedido foi feito pela Associação Escola Sem Partido, que argumentou que a regra tem “caráter de policiamento ideológico”. Em sua decisão, o desembargador federal Carlos Moreira Alves, do TRF1, citou o fundamento de “ofensa à garantia constitucional de liberdade de manifestação de pensamento e opinião”. Haverá recurso.

O G1 recompilou algumas frases contra os direitos humanos que já levaram à nota zero na redação do exame.

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A emissão de gases-estufa subiu 9% no Brasil, em 2016. É a maior elevação de um ano para o outro desde 2004 e também o maior nível desde 2008. O responsável: corte de vegetação. O país é o único de grande porte que aumentou a carga de poluição enquanto a economia encolheu. Há o receio de que, quando voltar crescer, piore.

E enquanto um estudo da Universidade de Bruxelas mostra que carros elétricos emitem 50% menos gases de efeito estufa ao longo de suas vidas do que os motores a diesel, brasileiros encontraram uma oportunidade de se destacar em projetos de caminhões e ônibus movidos a eletricidade.

Trechos do diário de Anne Frank estão sendo lidos em jogos de futebol na Itália. É uma resposta às manifestações antissemitas de torcedores do time italiano Lazio, que no último domingo (22), distribuiu cartazes ao redor do Estádio Olímpico de Roma com uma imagem em que a garota, vítima do Holocausto, veste uma camiseta do time arquirrival, Roma. A própria equipe da Lazio respondeu, vestindo camisetas com o rosto de Anne Frank no aquecimento da última partida da equipe, contra o Bologna, e anunciando que excursões com torcedores do time até o campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, serão organizadas anualmente.

Cotidiano Digital

A turma do Google está apanhando por conta da tela de seu novo celular de grande formato, o Pixel 2 XL. Usuários reclamam que, em alguns casos, a imagem parece azulada. Noutros, que a tela parece oscilar, ou até piscar. A empresa informa que resolverá parte dos problemas com um upgrade de software. E que o tom não é azulado: apenas realista. Teríamos nos habituado com cores hipersaturadas nos celulares.

Enquanto isso... A Samsung se aproveitou. E pôs no ar um vídeo com pegada de anúncio do Google e uma coletânea de YouTubers elogiando a qualidade das telas dos seus celulares.

O Supremo liberou da cadeia um homem da Paraíba que transmitiu sinal de internet via rádio sem possuir licença. Para o relator, ministro Marco Aurélio Mello, a oferta de serviço de internet não é passível de ser enquadrada como atividade clandestina de telecomunicações. A decisão oferece novo entendimento da questão e pode liberar o surgimento de microprovedores por todo o país. via Pioneiros

Os analistas da Kaspersky Lab descobriram uma série de vulnerabilidades nas versões para Android e iOS de Tinder, Happn, OK Cupid e outros apps de relacionamentos. Permitem que hackers obtenham dados pessoais e, até, descubram a identidade de quem tenta escondê-la.

O vírus badalado da semana, Bad Rabbit, se utilizou de uma fragilidade que fazia parte do arsenal de armas virtuais da agência de inteligência americana NSA. Instalado a partir de um atualizador falso do Flash Player, ele captura o computador e cobra resgate para que o usuário volte a acessar seus arquivos. Ainda não parece ter chegado com alguma intensidade ao Brasil.

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