Tudo para salvar Aécio
Senado e Supremo perigam entrar em conflito na próxima terça-feira. A maioria dos senadores, numa frente que reúne do PMDB ao PT, quer derrubar a decisão que suspendeu o mandato de Aécio Neves. Apenas Rede e PSOL têm convicção de que ordem da mais alta corte deve ser cumprida. Só não aconteceu ontem por falta de quórum. Mas ganhou-se tempo. Segundo Helena Chagas, a solução para evitar a crise institucional seria o plenário do Supremo se reunir antes para derrubar a decisão da Primeira Turma. Maioria há. Votariam para afastar o senador Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Luiz Fux e Rosa Weber. Consideram que o STF não tem autoridade para tomar a decisão Cármen Lúcia, Alexandre de Moraes, Celso de Mello, Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski.
Mas não é tão simples. O relator do caso é Barroso. E, de acordo com o Poder360, ele informou à presidência da Corte que ainda não tem o acórdão do julgamento pronto para publicação. Sem acórdão, não há como a defesa de Aécio recorrer. Sem recurso, o plenário não pode avaliar.
Há outra solução. O Supremo pode julgar às pressas uma ação direta de inconstitucionalidade movida por PP, PSC e Solidariedade, que já está na Casa, e pede que sanções contra parlamentares sejam submetidas ao Congresso. Caso aprovada, permitiria uma saída para que o Senado salve Aécio sem desobedecer ordem judicial. (Jota)
O presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Rodrigo Pacheco, indicou o deputado tucano Bonifácio de Andrada como relator da segunda denúncia contra Michel Temer. Tem 87 anos e está no décimo mandato — há mais tempo do que ele, só Miro Teixeira. Pertence à quinta geração de políticos na família. Um filho após o outro, todos foram deputados federais começando pelo patriarca da Independência, José Bonifácio. Seu pai, o velho político mineiro Zezinho Bonifácio, foi líder do governo Geisel. Bonifácio de Andrada — o atual — é tetraneto do tutor de Pedro II. Na Ditadura, foi da Arena. Faltou à votação da Emenda Dante de Oliveira, em 1984, votou em Paulo Maluf na eleição indireta e foi seu vice, na campanha de 1989. É autor de um projeto para estender o foro privilegiado de políticos a crimes comuns. E disse não ter visto nada demais na conversa entre Temer e Joesley Batista no porão do Jaburu. “Ele me telefonou”, disse à imprensa Rodrigo Pacheco, “e falou que faria um trabalho técnico.”
O PSDB não queria a relatoria. O encaminhamento de voto para um lado ou para o outro pode acirrar a tensão interna por conta da divisão que já existe dentro da bancada. Já havia sido feito um pedido formal a Pacheco para escolher um parlamentar de outra legenda. Ele ignorou. Líderes tucanos tentam reverter a decisão.
O doleiro Lúcio Funaro entregou um disco rígido com vídeos gravados em seu escritório paulistano. Neles aparecem políticos e empresários. Estão lá conversas e, talvez, momentos de entrega de dinheiro. (Globo)
Rodrigo e Marina Jucá, filhos do senador Romero Jucá, e Luciana e Ana Paula Surita, que foram suas enteadas, foram indiciados pelo desvio de R$ 32 milhões de recursos da Caixa Econômica que deveriam ter sido usados em uma obra do Minha Casa, Minha Vida, em Roraima. O dinheiro seria suficiente para a construção de 500 apartamentos. Frederico Macedo, marido de Luciana Surita, foi preso pela posse ilegal de um fuzil de caça e uma pistola 765. (Globo)
Romero Jucá: “Recebo essa agressão a mim e a minha família como uma retaliação de uma juiza federal. Não tememos investigação. Nem eu nem qualquer pessoa da minha família. Investigações contra mim já duram mais de 14 anos e não exibiram sequer uma franja de prova.” (Estadão)
De uma pesquisa encomendada pelo DEM ao GPP: PSDB e PMDB são rejeitados por 75% da população. O PT, por 62%. E o DEM, por 60%. (Folha)
Um ministro do STJ promoveu, no Twitter, a seguinte enquete: “Vc é o juiz: o Brasil deve sofrer intervenção militar?”
Og Fernandes ouviu respostas como: “Vc é o Brasil: juiz que afronta a Constituição com convite ao golpe militar deve ser exonerado?”
Aliás... Segundo o Paraná Pesquisas, 43,1% dos brasileiros vêem com bons olhos uma intervenção militar provisória no Brasil. 51,6% são contra. Jovens entre 16 e 24 são os mais favoráveis. Gente com mais de 60, os que mais rejeitam.
Aproximadamente dez mil estudantes tomaram as ruas da Catalunha, ontem, para o início de uma ‘mobilização permanente’ a favor do plebiscito que ocorrerá domingo. Sem autorização do governo espanhol, o estado perguntará à população se deseja a independência. A consulta foi considerada inconstitucional pela mais alta corte do país. A ONU teme violência. (Estadão)
Viver
Do jornalista britânico Misha Glenny, biógrafo do traficante Nem: “A Rocinha é muito isolada de outras favelas e está perto de bairros ricos. Nem percebeu que precisava transformá-la num lugar seguro em que jovens de Copacabana, Ipanema, Leblon pudessem circular livremente para comprar cocaína. Se você olhar o pé da Rocinha, vê a quantidade de estabelecimentos. Sob o comando de Nem, virou um centro comercial, abriram vários restaurantes, até de sushi, e bancos ali. Havia um ambiente vibrante de empreendedorismo. E as pessoas que subiam o morro para comprar cocaína achavam aquilo uma aventura. Ninguém faria isso no Complexo do Alemão.” (Folha)
Aliás… A biografia de Nem escrita por Glenny esgotou várias vezes em livrarias cariocas.
E o ministro da Defesa, Raul Jungmann, anunciou que as Forças Armadas deixam a comunidade hoje. “Neste momento, já não se faz necessária a presença desses quase mil homens que lá se encontram”, afirmou.
Há 23 anos, o ginecologista Jefferson Drezett comanda o mais exemplar serviço de aborto legal do país, no hospital Pérola Byington, em São Paulo. Lá, já foram feitos cerca de 2.000 abortos — e os números, diz ele, só aumentam. Por outro lado, o acolhimento às mulheres regrediu. “Passamos por uma situação hostil em relação a elas. Existem inúmeros serviços que dizem realizar o procedimento, e não realizam. Uma mulher grávida de uma situação de violência tem direito à assistência qualificada, humanizada e segura. Não é bondade, não é caridade do Estado brasileiro. É direito. E é dever do Estado garantir essa atenção. Ela tem sido garantida? Não.” Em defesa da descriminalização do aborto, o médico conclui: “Uma mulher não realiza um aborto porque ele é proibido ou permitido. Ela realiza porque para ela é necessário. Garanto que não conheço uma decisão mais difícil e tomada com mais responsabilidade pelas mulheres do que a de interromper uma gestação”. via Pioneiros
Galeria: como dez moradores de um prédio, empilhados em apartamentos idênticos, podem criar lares tão diferentes? Para o fotógrafo romeno Bogdan Gîrbovan, que clicou dez vizinhos do edifício em que vive, a resposta é fácil: individualidade.
Cultura
O Ministério Público Federal recomendou a “imediata reabertura” da mostra Queermuseu, que, bem, vamos repetir, o Santander Cultural de Porto Alegre cancelou após acusações de apologia à pedofilia, entre outras denúncias. O MPF pede que a exposição siga até a data prevista originalmente, 8 de outubro, e deu 24 horas para que o Santander se posicione sobre a reabertura. Os organizadores, sugeriu o MPF, poderão adotar medidas para informar o público sobre obras que contenham nudez, violência ou sexo. No texto, o procurador Fabiano de Moraes foi duro. Escreveu que o precedente do encerramento de uma exposição “causa efeito deletério à liberdade de expressão, trazendo à memória situações perigosas da história da humanidade, como os episódios de destruição de obras na Alemanha durante o período de governo nazista”.
Outra exposição foi parar no centro de polêmica, desta vez o 35º Panorama da Arte Brasileira, em cartaz no MAM de São Paulo. Segundo a Folha, a já tradicional mostra vem sendo acusada de incitação à pedofilia depois que uma foto da noite de abertura percorreu as redes sociais e, enfim, gerou a polêmica. Nela, uma criança interage com o coreógrafo carioca Wagner Schwartz, durante sua performance, em que oferece o corpo nu para ser manipulado pelo público. O MAM publicou comunicado informando que a obra estava devidamente sinalizada, indicando o conteúdo de nudez.
Em São Paulo, o grande destaque cultural do fim de semana é o início da mostra das Guerrilla Girls, coletivo de artistas mulheres que ganha retrospectiva no Masp, a partir de hoje. Será a primeira individual das artistas e ativistas do feminismo — sempre anônimas, com os rostos cobertos por máscaras de gorilas — no Brasil.
No Rio, Tom Zé celebra os 50 anos da Tropicália com show amanhã, no Circo Voador. Na mesma noite, João Donato, Maíra Freitas, Simone Mazzer, entre outros, fazem show em tributo a Luiz Melodia, na Sala Baden Powell.
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Nos cinemas, estreiam neste fim de semana, entre outros filmes, o documentário Exodus — De Onde Eu Vim Não Existe Mais (trailer), sobre a dimensão afetiva e os dramas individuais de refugiados pelo mundo, e a ficção O Fantasma da Sicília (trailer), que trata da relação de dois adolescentes, devastada pela máfia local. Confira mais lançamentos do fim de semana.
Galeria: uma eclética seleção de covers de Elvis Presley, clicados no maior encontro mundial de imitadores e fãs do cantor, de acordo com o Guardian. Eles se reúnem sempre em setembro, no País de Gales, Reino Unido.
Cotidiano Digital
Uma pane no software espanhol Amadeus Altea, o mais utilizado no mundo para controle logístico das empresas de aviação civil, levou caos a aeroportos de todos os continentes. Passageiros vários não conseguiram fazer check-in em Heathrow (Londres), De Gaulle (Paris), Frankfurt, Reagan International (Washington), Changi (Cingapura). via Pioneiros
O Twitter anunciou ter suspendido 200 contas ligadas à Rússia e suspeitas de ter trabalhado na manipulação das eleições presidenciais de 2016, nos EUA. A empresa também indicou ter recebido US$ 274.100 em publicidade paga pela Russia Today, empresa jornalística ligada ao Kremlin que o governo americano vem tratando como empresa de propaganda.
Apesar do nome em inglês, Prison Island é um videogame nacional que busca o mercado estrangeiro. A protagonista é uma pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade que procura, na Ilha do Presídio do Lago Guaíba, pistas de um antigo preso político no período da ditadura militar. Baseado em depoimentos e registros coletados pela comissão, uma história de terror é criada para quem gosta do gênero.
