Juro cai a um dígito enquanto Temer gasta dinheiro

O Comitê de Política Monetária do Banco Central reduziu em um ponto percentual a taxa de referência dos juros brasileiros. A Selic chegou, pois, a 9,25% ao ano, descendo a um dígito pela primeira vez desde agosto de 2013. Os indícios são de que, tudo ficando como está, os cortes continuarão no mesmo ritmo. Os membros do Copom consideram que todas as incertezas políticas “não se mostram inflacionárias nem desinflacionárias”. A projeção do IPCA, taxa do IBGE que mede inflação, caiu de 3,8% para 3,6% em 2017. Uma taxa menor, além reduzir em geral os juros cobrados no país, diminui os gastos do Estado, contribuindo para o equilíbrio fiscal. (Estadão)

José Paulo Kupfer: “Mesmo 5 pontos porcentuais menores, depois de sete cortes sucessivos desde o segundo semestre de 2016, os juros básicos reais ainda estão entre os mais altos do mundo. Além disso, o grande problema é que os spreads bancários, marcadores da diferença entre as taxas pagas pelos bancos para captar recursos e as que cobram dos clientes, recordistas mundiais, continuam tornando proibitivos os juros efetivos oferecidos na praça. Sem falar nos canais ainda entupidos do crédito — bancos temem emprestar e clientes temem tomar emprestado. Spreads recordistas, porém, são apenas consequência e não causa de um sistema financeiro repleto de distorções, que reduzem a potência da política monetária.” (Estadão)

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Temer já gastou 65,6% da verba disponível para emendas parlamentares em todo ano — foram, ao todo, R$ 3,9 bilhões em 50 dias. Até dezembro, sobram no caixa R$ 2 bilhões. (Globo)

O Planalto garante que, seja por recursos diretos, seja por ajuda com patrocínios, levará R$ 13 milhões para as Escolas de Samba do Rio de Janeiro. O candidato derrotado à prefeitura carioca, deputado Pedro Paulo, passou o dia na TV falando da conquista. Era um dos parlamentares que chegou a aparecer como votando contra Temer nos levantamentos dos jornais. Não mais. Outra deputada carioca, Laura Carneiro, foi convidada a se tornar secretária do governador Luiz Fernando Pezão. Por enquanto, Laura recusou. O balcão de negócios continua montado. (Globo)

No placar do Estadão, 188 deputados votarão por acatar a denúncia contra Temer — são precisos 342. 110 ficarão ao lado do presidente e 215 não se posicionaram. Pedro Paulo e Laura Carneiro estão no campo dos indecisos.

O Ministério Público solicitou novo adiamento da transferência do doleiro Lúcio Funaro para o presídio da Papuda. Ele deixaria a carceragem da Polícia Federal em Brasília amanhã — agora, ficará até 11 de agosto. O MP já tem em suas mãos a delação de Funaro detalhada. (Folha)

Enquanto isso... Três processos envolvendo políticos na Lava Jato estão em fase avançada para ir a julgamento no Supremo — um deles envolve a senadora petista Gleisi Hoffmann. A ex-presidente Dilma Rousseff depõe amanhã por conta deste caso. O ministro Edson Fachin trabalhou durante o recesso para que a maior parte das sentenças dos julgamentos de políticos venham ainda em 2017. (Estadão)

O cientista político Carlos Melo enxerga uma dança entre o DEM e o governador paulista, Geraldo Alckmin. O antigo PFL se expôs muito menos do que o PSDB em sua aliança com o governo Temer. Por isso mesmo, tornou-se um partido atraente a deputados que buscam nova legenda para se recolocar na centro-direita. O crescimento da bancada demista e o aumento de importância política do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, podem levar o partido ao lugar político que os tucanos ocupavam. Até, no limite, abrigar uma candidatura Alckmin.

Entre 2016 e 2017, a confiança média do brasileiro nas instituições políticas (governo federal, eleições, Congresso Nacional, partidos, presidente e governos municipais) caiu 15 pontos numa escala de zero a 100. A mais atingida foi a Presidência da República — os brasileiros avaliam em 14 o quanto confiam em Temer. Segundo pesquisa do Ibope, a confiança em outras instituições subiu — 72 de confiança para Igrejas, 70 para a Polícia Federal e 68, Forças Armadas. A confiança nos meios de comunicação também subiu, de 57 para 61. (Estadão)

Sérgio Moro quer interrogar Lula novamente no dia 13 de setembro, por conta do possível benefício recebido pelo ex-presidente de um terreno para seu Instituto, cedido pela Odebrecht. Sugeriu videoconferência por conta da experiência anterior, que gerou “gastos necessários, mas indesejáveis de recursos públicos”. O esquema de segurança saiu por R$ 110 mil. Os advogados de defesa do presidente cobram uma conversa pessoal. “Nenhuma alegação de ‘gastos desnecessários’ se mostra juridicamente válida”, argumentam. (Folha)

Cultura

A africana Scholastique Mukasonga teve a mãe e mais 26 familiares assassinados no genocídio que fez 800 mil mortos em Ruanda, em 1994. À Folha, a autora disse que escreve “para salvaguardar a memória” dos seus. Estará ao lado da paulistana Noemi Jaffe, filha de um sobrevivente de Auschwitz, para conversar sobre guerras, sobrevivência e reconstruções, na mesa que é o destaque de hoje, na Flip. O encontro, às 21h30, terá transmissão ao vivo na internet, no site e nas redes sociais do festival.

Na noite de abertura do evento, claro, não faltou política. “Se Lima Barreto estivesse vivo, ele também estaria aqui gritando ‘Fora Temer’”, disse o ator Lázaro Ramos, entre os convidados da primeira mesa do evento. André Miranda, no Globo, dá os detalhes.

“A boemia romântica de Belle Époque carioca, quando Lima Barreto escrevia, está em Paraty”, avalia o repórter Maurício Meireles, na Folha. A edição mais enxuta deste ano não estragou a festa, como se temia. Pelo contrário. Devolveu o charme aos eventos paralelos e reforçou a boemia que sempre rondou o festival.

“Temos artistas interessantes, mas você não vê nenhuma manifestação vibrante. Sinto uma fadiga no ar, seja nas obras dos artistas, seja nas manifestações dos intelectuais. A arte está muito parada. É mais vivo o que acontece no noticiário do que aquilo que os artistas podem fazer. O grito é abafado pelas redes sociais”. Assim disse Aracy Amaral, uma das mais relevantes críticas e curadoras do país. Figura quase mítica no meio, ela dedicou 60 de seus 87 anos ao estudo das artes visuais. Biografou Tarsila do Amaral quando a artista ainda estava viva, já esteve à frente da Pinacoteca e do MAC-USP, organizou mostras memoráveis — e tratou de ficar longe dos holofotes. (Folha)

A curadora, aliás, só aceitou falar à imprensa agora pois tornou-se, ela própria, tema de exposição em São Paulo, no Itaú Cultural.

A Netflix divulgou o teaser de seu primeiro longa brasileiro, O Matador, um filme de faroeste que se passa entre 1910 e 1940. Com direção de Marcelo Galvão, conta a história de Cabeleira, temido matador de Pernambuco.

Vídeo: os beats Ginsberg e Kerouac dando um passeio, em 1959, em Nova York.

Viver

Como será um carro em 2040? Provavelmente não terá motorista, não será movido a gasolina e será bem diferente por dentro, apesar de familiar (aos nossos referenciais) do lado de fora. Isso é o que já se sabe, e o Guardian traça dois possíveis caminhos para o veículo do futuro

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As cabras são o ‘novo preto’. Estão na moda. Viraram animais de estimação, tal qual gatos e cachorros, nos Estados Unidos, conta o New York Times. Além de vídeos, memes e gifs, já renderam até um prêmio Tony a uma peça cujo personagem, bem, apaixonava-se por sua cabra. O número de cabras anãs nigerianas no país aumentou 7,5% em três anos, relata o jornal.

A propósito: o NYT reuniu imagens de cabras no Instagram e convocou os leitores a marcarem as suas com a hashtag NYTgoats.

Galeria: os indicados de 2017 no concurso Insight Astronomer of the Year. Inclui fotos de estrelas cadentes, nebulosas e outras belezas celestes.

Donald Trump anunciou que vai banir transgêneros do Exército dos EUA. Usou o Twitter para comunicar que a presença de trans nas forças armadas seria um fardo devido aos “enormes gastos médicos e a distração que implicariam”. Disse que consultou generais e especialistas militares  e que o Exército americano precisa estar “focado na vitória decisiva e esmagadora e não pode ser sobrecarregado” com tais gastos. Hoje, estima-se que existem entre 2,5 mil e 7 mil transgêneros entre os 1,3 milhão de militares na ativa no país. (Globo)

Veterana da Marinha, na qual trabalhou por 20 anos, a trans Kristin Beck provocou Trump: “Vamos nos encontrar frente a frente e você me diz se não valho a pena”. Completou: “Ser transgênero não importa. Faça seu trabalho”. Kristin é uma heroína de guerra, condecorada, e já lutou em batalhas no Iraque e no Afeganistão, por exemplo. 

Cotidiano Digital

Se tudo ocorrer conforme os planos, o Facebook deve estrear sua TV em meados de agosto. Não será, ao menos por enquanto, um concorrente direto do Netflix, para assistir na televisão. Haverá um canal de vídeos dentro da rede social e os programas iniciais, embora feitos profissionalmente, serão curtos. Mais para YouTube do que para HBO.

A Amazon recebeu a patente, na terça-feira, de um sistema de análise de casas por drones. Os drones de empresa da loja virtual vão examinar das condições de prédios e jardins enquanto fazem entregas. O objetivo é identificar necessidades de clientes e oferecer produtos através de publicidade direta. (Sim, parece ficção científica. Não é.)

89% dos desenvolvedores de software nos EUA moram fora do Vale do Silício. E o contínuo aumento do custo de vida na região da Baía de San Francisco só os expulsa com mais velocidade. O problema está fazendo com que empresas como Apple e Google abram escritórios em outras regiões do país. Nos EUA, há pelo menos 200 mil vagas para desenvolvedores que ninguém consegue preencher.

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