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De Milla a Jesus, tem de tudo nas telonas

Milla Jovovich estrela “Nas Terras Perdidas”, baseado na obra de George R.R. Martin. Foto: Divulgação

Com dois feriados colados – e um extra para os cariocas na quarta-feira –, ninguém pode reclamar de falta de tempo para assistir a alguma estreia nos cinemas. Nem de falta de opções. A começar por Nas Terras Perdidas, uma adaptação de três contos do escritor americano George R.R. Martin, aquele que nunca termina de escrever as Crônicas de Gelo e Fogo (humpf). Também é fantasia, mas, diferentemente de Game of Thrones, trata-se de uma fantasia futurista pós-apocalíptica, num mundo devastado controlado opressivamente pela Igreja. Uma feiticeira (Milla Jovovich, eterna heroína de ação) que escapou da morte nas mãos do clero recruta um antigo amante mega durão (Dave Bautista, dos Guardiões da Galáxia) para escoltá-la nas terras perdidas, o mundo devastado. Sua missão é obter um artefato que pode mudar as relações de poder na teocracia e libertar o povo da opressão religiosa. Claro que os religiosos opressores não vão deixar barato.

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Fantasia, mas com uma abordagem completamente diferente, também é a tônica do longa português Eu Sou Nada, de Edgar Pêra. O poeta Fernando Pessoa (1888-1935) trabalha em uma editora chamada O Clube do Nada, cercado de colegas muito parecidos com ele na fisionomia e no vestir, mas totalmente diferentes na personalidade. São nada mais, nada menos que seus célebres heterônimos, que ganham vida própria e vão disputar a proeminência na empresa, uma nada sutil metáfora para a mente do próprio poeta. Aos poucos, heterônimos começam a ser assassinados, ao mesmo tempo em que uma mulher misteriosa e sedutora surge para adicionar ainda mais caos.

Se o filme sobre Pessoa é um adorável delírio, Limonov: O Camaleão Russo conta de forma mais convencional a vida do escritor, poeta e ativista russo Eduard Limonov (1943-2020). Figura proeminente da contracultura na União Soviética, ele se exilou nos Estados Unidos em 1974, onde publicou seu primeiro e autobiográfico livro. Seu estilo de vida hedonista e seu talento para desafiar o sistema acabaram criando problemas também com o governo americano, fazendo com que ele se mudasse para Paris em 1980, onde viveria até voltar para a Rússia com o fim do comunismo para mergulhar de vez no ativismo.

Biografias de uma pessoa, como no caso anterior, são comuns no cinema. Mais raras são as biografias de uma música, proposta de Bolero, a Melodia Eterna, de Anne Fontaine. Nele, acompanhamos a trajetória (um tanto ou quanto fantasiosa) do compositor francês Maurice Ravel (1875-1937) na composição de sua mais famosa obra, o Bolero, encomendado pela bailarina e coreógrafa Ida Rubinstein. Embora Ravel tenha sido realmente expulso do Conservatório de Paris – duas vezes, aliás – por sua abordagem pouco convencional da música, a última expulsão foi em 1900, e ele já era um compositor internacionalmente consagrado quando criou em 1928 o Bolero. Mas o filme vale a pena mesmo assim.

Da beleza da música para o horror da violência. Baseado nas lembranças do codiretor e ex-fuzileiro Ray Mendoza, Tempo de Guerra retrata, praticamente em tempo real, a angústia de um grupo de soldados americanos cercado por forças da Al Qaeda durante a infeliz invasão dos EUA ao Iraque no início desde século. De repente, fazer parte do Exército mais poderoso do planeta deixa de ser garantia de sobrevivência.

Michael B. Jordan retoma a parceria com o diretor Ryan Coogler (juntos fizeram Pantera Negra e Creed) Pecadores, no qual o ator interpreta dois irmãos gêmeos que voltam a sua cidade natal para recomeçarem a vida. Passado no Sul dos Estados Unidos na década de 1930, o filme tem como pano de fundo o racismo irrestrito do período. Mas com um toque extra: os dois, sem saberem, são acompanhados por uma entidade sobrenatural maligna – claro, se ela fosse boazinha o filme não ia ter graça. Com a cidade pouco a pouco sendo dominada por um novo patamar de maldade, os irmãos vão ter de descobrir como sair dali com vida.

Mas estamos falando de feriado, o que significa crianças sem aula, e feriado religioso. Uma boa pedida é a animação O Rei dos Reis, na qual o escritor inglês Charles Dickens conta para o filho Walter a história de Jesus. Encantado pela prosa do pai, o menino “entra” na narrativa bíblica e passa a testemunhar os eventos descritos na tradição cristã. Quer vir a versão legendada contará com um bônus: as vozes de Kenneth Branagh, Uma Thurman e Mark Hamill.

Bem mais adulto e tecnicamente ousado, A Mais Preciosa das Cargas, de Michel Hazanavicius, aborda temas como amor e intolerância. Em tempo de guerra, a esposa de um lenhador encontra na neve um bebê que acaba de ser jogado de um dos muitos trens que passam pela floresta. A criança, uma menina, cativa o casal e dá alegria a sua vida de sacrifícios, mas logo trará também um risco. Não falta na aldeia próxima quem esteja disposto a denúncia aqueles que abrigam um dos “sem coração” levados nos trens. Sim, a referência ao Holocausto é sutil como um solo de bateria.

E há duas animações estritamente infantis. A primeira é Sneaks: De Pisante Novo, uma espécie de Toy Story da indústria calçadista. Um menino ganha em um sorteio um par de tênis caríssimo, cobiçado e roubado pelo vilão, o Colecionador. Na fuga, um dos pés fica pelo caminho. A questão é os calçados, todos, tem vida própria, e o tênis perdido, o covarde Ty, precisa superar seus medos para salvar a irmã, Maxine.

O outro é o brasileiro Abá e Sua Banda, de Humberto Avelar. Abá(caxi) é o príncipe do reino do Pomar, mas quer mesmo é ser músico e vencer o festival da primavera. Com Ana (Banana, aliás, nome de um rock dos anos 1980) e Juca (adivinhe que fruta ele é), vai formar uma banda e ainda enfrentar o vilão Don Coco.

Confira a programação completa nos cinemas da sua cidade. (AdoroCinema)

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