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Trump alivia tarifaço, mas eleva taxas para China

Foto: Mandel Ngan/AFP

Para alívio temporário dos mercados globais, Donald Trump deu um cavalo de pau em sua guerra comercial contra o mundo nesta quarta-feira. O presidente dos Estados Unidos reduziu todas as taxas de importação anunciadas no dia 2 de abril para 10% e decretou uma pausa de 90 dias para a entrada delas em vigor, mas subiu a tarifa sobre produtos da China de 104% para 125%, com efeito imediato. Ele decidiu aumentar a pressão sobre os chineses após Beijing retaliar novamente os EUA ao elevar para 84% a taxa sobre importações americanas. A reviravolta, que ocorreu poucos dias após Trump declarar que nunca mudaria suas políticas tarifárias, acalmou temores dos economistas que acreditam que os Estados Unidos caminham para uma recessão. A Casa Branca alegou que a pausa fazia parte de uma estratégia premeditada, mas o próprio presidente reconheceu que sua decisão foi tomada em resposta à turbulência do mercado, dizendo a repórteres em Washington que “é preciso ser flexível” e que o cenário dos últimos dias estava “bastante sombrio”. Apesar do aumento da tarifa sobre a China – de onde seu país importa US$ 450 bilhões por ano –, Trump sinalizou uma possível trégua com Beijing e disse ter “certeza” de que as duas maiores economias do mundo farão “um bom acordo”. Ele ainda afagou o presidente chinês, Xi Jinping, chamando-o de “uma das pessoas mais inteligentes do mundo”. (New York Times)

Antes do anúncio da pausa, os países da União Europeia aprovaram novas taxas sobre os Estados Unidos na primeira resposta às ações de Trump. Tarifas de 25% serão aplicadas a uma ampla diversidade de produtos, de amêndoas a iates, com foco nas importações agrícolas e produções de estados republicanos, como carne bovina do Kansas e Nebraska, cigarros da Flórida e madeira da Carolina do Norte, Geórgia e Alabama. Embora os primeiros impostos tenham sido programados para 15 de abril, a maior parte será aplicada a partir de 15 de maio e o restante em 1º de dezembro. A UE disse considerar o tarifaço trumpista “injustificável”, mas acrescentou que “as contramedidas podem ser suspensas a qualquer momento, caso os EUA concordem com uma negociação justa e equilibrada”. (Guardian)

Parlamentares republicanos respiraram fundo com o recuo, mas ficaram insatisfeitos com a forma como souberam da notícia: por um post do presidente em sua rede, a Truth Social, e não pelos dois altos funcionários do governo, o Representante Comercial do país, Jamieson Greer, e o Secretário Adjunto do Tesouro, Michael Faulkender, que discursavam para grupos distintos de parlamentares no Congresso no momento em que a notícia foi divulgada. Eles não esperavam o anúncio e pareciam ter pouca noção sobre o que exatamente fez Trump mudar de ideia. (Politico)

“Que sujeito desconcertante é esse Donald Trump”, afirma a Economist. “Obcecado com sua suposta vitimização”, o presidente “pode parecer a pessoa mais ridícula do mundo e, ao mesmo tempo, a mais importante em gerações”. A revista britânica observa que ele prometeu “apenas um adiamento, não uma suspensão total de seu plano”. E que a julgar por sua “abordagem intermitente em relação às tarifas sobre Canadá e México, há motivos para acreditar que irá reavivar sua ameaça de taxas mais altas antes do término dos 90 dias”. (The Economist)

Heather Long: “Os investidores começaram a se desfazer de títulos do governo americano. Eles venderam, venderam e venderam. No fim das contas, Trump cedeu ao mercado de títulos. Ele admitiu a repórteres que ‘as pessoas estavam ficando um pouco enjoadas’ com os títulos. Ele não quer o mesmo destino da primeira-ministra britânica Liz Truss, que renunciou humilhada em 2022 após um fiasco semelhante em reação às suas políticas. Finalmente é um alívio, mas o potencial para mais tarifas permanece. E o surto no mercado de títulos revela o dano já ocorrido. Os Estados Unidos não parecem mais sólidos como uma rocha”. (Washington Post)

Celso Ming: “Antes de tomar uma decisão, o governo Lula aguarda para ver o que acontece – uma atitude pragmática. A única diferença é que, para justificar o protecionismo à indústria brasileira, depois de anos criticando os efeitos nocivos do livre comércio, da globalização e do chamado Consenso de Washington, o PT e o governo Lula passaram a condenar o tarifaço de Trump por sabotar o sistema multilateral de comércio e a extensa cadeia global de produção e distribuição. Uma ironia típica destes tempos”. (Estadão)

Meio em vídeo. Márcio Pochmann, presidente do IBGE e um dos desenvolvimentistas em cargo mais importante do Brasil, publicou um longo tuíte dia desses sobre como Raúl Prebisch e Celso Furtado deviam estar dando voltas no túmulo por causa das tarifas de Trump. Para Pochmann, o que Trump está fazendo é aplicar nos Estados Unidos as ideias da Cepal, a Comissão Econômica para América Latina e Caribe. Ele está corretíssimo. O que Pochmann não diz, por não acreditar nisso, é que essas ideias nunca deram certo, analisa Pedro Doria no Ponto de Partida. (YouTube)

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O Conselho de Ética da Câmara recomendou ao plenário da Casa a cassação do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) por 13 votos a cinco. Ele é acusado de quebra de decoro por ter expulsado a chutes um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) do interior da Câmara, em abril de 2024. Ainda não há data para o pedido ser votado por todos os parlamentares. Após a sessão, o deputado anunciou que fará greve de fome até o fim do processo – e foi visto dormindo no chão do local onde a comissão se reuniu, de onde disse que não sairá. (g1)

No último dia de sua viagem a Honduras, na América Central, o presidente Lula indicou que o deputado Pedro Lucas Fernandes (União Brasil-MA) deve mesmo assumir o Ministério das Comunicações. O presidente receberá hoje integrantes do partido para oficializar a mudança, após o deputado Juscelino Filho, da mesma sigla, renunciar ao cargo por ter sido denunciado pela Procuradoria Geral da República. Lula disse a jornalistas que o União Brasil “tem o direito de indicar” o novo ministro. “Já tenho um nome, conheço o Pedro Lucas”, afirmou. Mas uma ala da legenda prefere o deputado cearense Moses Rodrigues por entender que a indicação de Pedro Lucas vincularia a sigla ainda mais ao governo. (Folha)

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Viver

Dados do Censo Escolar 2024 apresentados pelo Ministério da Educação mostram que 1,56 milhão de alunos do Ensino Médio estudam em tempo integral na rede pública, número três vezes maior que os 477 mil registrados há dez anos. Mas, o índice representa 23,1% do total de matrículas dessa etapa, abaixo dos 25% estabelecidos pelo Plano Nacional de Educação (PNE). O Brasil também não atingiu a marca de 4,8 milhões de matriculados no ensino técnico, chegando a 2,38 milhões no ano passado. Com mais de 9,3 milhões de analfabetos acima de 15 anos, o país encolheu as vagas para Educação de Jovens e Adultos (EJA), de 3,2 milhões para 2,3 milhões. E com o aumento dos diagnósticos de autismo, o número de alunos na educação especial mais do que dobrou, de 930,6 mil em 2015 para 2,07 milhões em 2024. (Folha)

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O governo federal publicou uma versão atualizada da “lista suja” do trabalho escravo, que incluiu 155 novas pessoas físicas (patrões) e jurídicas (empresas), totalizando 745 nomes. As atividades com o maior número de empregadores inclusos foram: pecuária, agricultura, serviço doméstico e extração mineral. A atualização também excluiu 120 empregadores que completaram dois anos de inclusão no cadastro. Por decisão judicial, o cantor Leonardo também saiu da lista deste ano, após ser incluído em outubro passado. (g1)

O desabamento do teto de uma boate na República Dominicana deixou 124 mortos e mais de 150 feridos na capital, Santo Domingo. O acidente ocorreu no clube Jet Set durante um show do cantor de merengue Rubby Pérez. Ele morreu junto com outros convidados, entre eles, dois ex-jogadores da Liga Principal de Beisebol (MLB), Octavio Dotel e Tony Blanco, e a governadora da província de Monte Cristi, Nelsy Milagros Cruz Martinez. Equipes de emergência demoliram uma das paredes do clube para facilitar o resgate das pessoas que ainda estão sob os escombros. Autoridades ainda não esclareceram o motivo do desastre. (BBC)

Panelinha no Meio. Que tal dar moedinhas na Páscoa? Não estamos falando de dinheiro, mas de mendiants, uma clássica receita francesa de discos de chocolate decorados com frutas secas e nozes à sua escolha.

Cultura

Célebre por interpretar Freddie Mercury nos cinemas, Rami Malek volta às telas como um criptógrafo que trabalha para a CIA, sem se envolver com as atividades mais “práticas” da agência, até sua mulher ser assassinada. Sua transformação em um matador vingativo é a trama de Operação Vingança, um dos destaques de hoje nos cinemas. Confira todas as estreias e veja os trailers no site do Meio.

A polarização política no Brasil se mostra também na música. A banda paulista Ira! teve quatro shows cancelados no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina após um incidente no último fim de semana em Contagem (MG). Durante a apresentação, o vocalista Nasi gritou “sem anistia”, sendo vaiado por parte da plateia e aplaudido por outra. Ele então disse que os apoiadores de Jair Bolsonaro deveriam ir embora. Em notas, as casas onde aconteceriam os shows disseram terem tomado a decisão após reclamações e devoluções de ingressos. O Ira! ainda não comentou o cancelamento. (Rolling Stone)

Um centro de cultura iorubá foi inaugurado recentemente em Lagos, a maior cidade da Nigéria, convidando os visitantes a uma “terra de fantasia”. O Centro é uma manifestação viva da cultura que une o segundo maior grupo étnico do país e uma narrativa alternativa à visão eurocêntrica. A arquitetura tem areia e cascalho no piso para imitar o solo das aldeias, com madeira de demolição pendurada no teto para esconder os aparelhos de ar-condicionado. O arranjo da madeira é uma referência ao Ifá, um dos oráculos mais antigos do mundo, originário da Nigéria e jogado em uma tábua circular de madeira conhecida como Opon Ifá. (CNN)

Cotidiano Digital

A Samsung anunciou o lançamento de seu robô doméstico Ballie até o segundo semestre, nos Estados Unidos, com pré-inscrições em seu site. O robô em formato de bola é equipado com duas rodas e projetado como um assistente pessoal, contando com projetor, alto-falante e microfone integrados. Graças à parceria com o Google, ele traz o raciocínio multimodal do Gemini em conjunto com os modelos de linguagem de IA generativa da Samsung. Podendo processar e entender uma variedade de entradas, incluindo áudio, voz e dados visuais de sua câmera, o Ballie pode observar o estilo do usuário e oferecer dicas de acessórios e sugestões de vestimentas. (The Verge)

Uma nova função do Instagram, que começou a ser testada discretamente, permitirá aos criadores de conteúdo bloquearem vídeos no formato Reels com um código secreto. Para desbloquear o conteúdo, os seguidores precisam decifrar uma dica fornecida pelo próprio criador, como “meu aniversário” ou “nome do meu cachorro”. A ideia é aumentar o engajamento mais direto e criativo com o público. O recurso lembra o “revelar”, lançado no ano passado nos Stories, em que seguidores precisam enviar uma mensagem para ter acesso ao post. Ainda não há previsão de lançamento. (TechCrunch)

Símbolo do Japão, as cerejeiras estão envelhecendo. A maioria tem entre 70 e 80 anos e, além disso, vem sofrendo com o calor intenso e a seca. Para evitar o desaparecimento dessas árvores, a fabricante de bebidas Kirin criou um aplicativo com inteligência artificial que ajuda a monitorar a saúde das plantas. Com a Sakura AI Camera, qualquer pessoa pode tirar uma foto e receber uma avaliação sobre o estado da cerejeira, de “muito saudável” a “preocupante”. Desde o lançamento, em março, mais de 20 mil imagens já foram registradas, criando um banco de dados público que pode orientar decisões de preservação. (AFP)

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