Supremo decidirá hoje rumo do caso JBS

O ministro Edson Fachin está acompanhando de perto os humores de Luiz Fux. Hoje, o plenário do Supremo decide se o mantém na relatoria da delação da JBS. Tudo indica que isto não mudará. Mas o pleno também opina se as condições oferecidas na delação aos executivos do frigorífico vão se manter. Fux pode manter Fachin mas votar para rever a delação já homologada. Se o STF começar a mexer em acordos de delação, teme-se que eles comecem a ficar frágeis. (Folha)

E... A briga é dura e nem tudo é seguro. Um grupo quer colocar Alexandre de Moraes, ex-ministro de Temer, ex-filiado ao PSDB, no lugar de Fachin para cuidar da JBS. (Globo)

Josias de Souza: “No fundo, o Supremo informará ao Brasil de que lado está no combate à roubalheira. Deve-se o sucesso do esforço que amedronta a oligarquia político-empresarial a três fatores: 1) o assalto aos cofres públicos passou a dar cadeia; 2) o pavor de ir em cana potencializou as delações; 3) as colaborações judiciais vitaminaram as investigações. Dependendo das decisões que tomar, o Supremo pode fortalecer o círculo virtuoso ou ressuscitar a roda da impunidade.”

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Fux já recuou ontem, mudando o panorama do caso Aécio Neves. Ele, que havia votado pela manutenção da prisão de Andrea Neves na semana passada, decidiu mandar a irmã do senador para a prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica. Seguiram o mesmo rumo o primo de Aécio, Frederico Pacheco de Madeiros, e o assessor do senador Zezé Parrella, Mendherson Souza Lima. Foi um voto confuso, o do ministro. A princípio, mudou sua argumentação em busca de “meio-termo”, mas não o regime da prisão. Só após uma pausa retornou e enviou os três para casa. E o placar na Primeira Turma do STF, que estava em 3 a 2, virou. (Estadão)

Porém... O relator do caso, ministro Marco Aurélio Mello, não pôs a voto a decisão de prender Aécio. Quer, antes, analisar recurso da defesa. Os advogados pedem que a decisão seja tomada no pleno. (Globo)

Enquanto isso... A hashtag #AecioNaCadeia dominou o Twitter boa parte da terça.

O doleiro Lúcio Funaro, preso desde 1º de julho do ano passado, começou a falar — seu objetivo é fechar um acordo de delação premiada. Acusa o presidente Michel Temer de ter sido responsável pela distribuição de propina de R$ 20 milhões obtida após financiamento via FGTS a empresas. As duas corruptoras foram a LLX, de Eike Batista, e a BRVias, da família Constantino, da Gol. O dinheiro, segue Funaro, foi gasto nas campanhas de Gabriel Chalita à prefeitura paulistana e da reeleição de Dilma e Temer ao governo federal. Funaro, porém, afirma que não tinha relação próxima com o presidente. Seus contatos eram Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves e Geddel Vieira Lima. (Globo)

O Estadão pôs no ar a íntegra do depoimento.

Aliás... a Justiça Federal em Brasília demorou menos de um dia para rejeitar a queixa-crime apresentada por Temer contra Joesley Batista. Ainda está pendente o processo civil.

Quando a Comissão de Assuntos Sociais do Senado iniciou a avaliação a respeito da reforma trabalhista, o governo contava com 11 votos a favor, 8, contra. O placar final foi 10 a 9. Contra. Não é uma análise decisiva — o plenário ainda pode aprovar o texto, e é isto o que importa. Mas o governo Temer depende de mostrar-se capaz de aprovar medidas importantes no Congresso. O sinal lhe é ruim. A Bovespa despencou de imediato no momento da derrota.

E, claro... O PSDB explica que sua decisão de ficar no governo está diretamente ligada ao fato de considerar necessário o apoio às reformas. Mas foi um senador tucano quem deu o último voto, responsável pela derrota. (Globo)

Ainda assim... Quem organizou a derrota do governo foi o líder de seu partido, PMDB. Renan Calheiros. (Folha)

Para ler com calma: Moysés Pinto Neto costura uma visão otimista, à esquerda, da Lava Jato. E começa com as jornadas de junho de 2013. Em sua leitura, o movimento foi um dizer não ao jeito de se fazer política no Brasil: o acordo no qual PSDB e PT se alternavam negociando com o fisiologismo para tentar avançar numa visão de país. Desta forma, 2013 e Lava Jato fazem parte de um mesmo fenômeno — e a ferida imposta à cultura do patrimonialismo é uma oportunidade.

Viver

A terça-feira foi de caos no Rio de Janeiro. A forte chuva na cidade deixou bairros completamente alagados. Jardim Botânico, Urca, Botafogo e Laranjeiras, entre outros na zona sul da cidade, ficaram quase intransitáveis, expondo, relata o Globo, a drástica redução dos investimentos da prefeitura em serviços de conservação.

Travis Kalanick, CEO e fundador do Uber, renunciou ao cargo a pedido do conselho de administração. A pressão por conta de uma cultura de tolerância com assédio sexual foi forte e ele não resistiu. (New York Times)

O tema da cultura das empresas ronda o Vale do Silício. A maior fábrica de produtos Apple, Foxconn, tem 1,3 milhão de funcionários na folha de pagamento. Só perde, no mundo, para WalMart e McDonald’s. E, lá, 14 empregados se suicidaram em 2010. Um ex-funcionário contou ao repórter Brian Merchant que 1.700 celulares passavam por suas mãos todos os dias. Ele entrou na gigantesca fábrica, super blindada para visitantes, pelo banheiro. Também visitou outras indústrias da Apple na China, ouviu ex-empregados e escreveu o livro The One Device: The Secret History of the iPhone.

Outrora tão custosa, a energia solar barateou a ponto de tirar carvão e gás natural do negócio da energia antes do que imaginavam especialistas. É o que observou a Bloomberg New Energy Finance numa estimativa sobre como os mercados de combustível e eletricidade vão evoluir até 2040.

O mestre Humberto Werneck faz o levantamento da nova moda urbana brasileira: estátuas pedestres. Sem pedestal, no nível de nós outros humanos. São muitas. (Estadão)

Cultura

Já se esperava, e dois grandes temas surgiram como questões urgentes no maior festival de publicidade do mundo, o Cannes Lions. São eles diversidade e dados dos consumidores — aos quais, de fato, nunca se teve tanto acesso como nos dias atuais.

Galeria: o site Update or Die! selecionou e organizou numa página os destaques desta edição do festival. Reuniu vídeos de palestras, anúncios impressos, campanhas, entre outros conteúdos.

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Neste 2017, precisamente em 17 de agosto, vão-se 30 anos desde a morte de Drummond. O Suplemento Pernambuco antecipou-se e lançou agora sua edição dedicada ao poeta. O texto, finamente ilustrado, é assim aberto: “Os ombros de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), sabemos, suportam o mundo. Em especial, é sobre os ombros de Drummond que se sustenta o mundo da poesia brasileira”.   

A convite do Guardian, nove dramaturgos ingleses escreveram peças sobre o Brexit e as consequências da saída do Reino Unido da União Europeia. A convocatória resultou numa série de monólogos online, batizada de Brexit shorts: Dramas de uma Nação Dividida. O jornal lançou na segunda a primeira leva de vídeos. A outra vai ao ar na semana que vem.

Daniel Day-Lewis, um dos maiores atores do cinema atual, anunciou que se aposentará. Aos 60 anos, venceu três Oscar.

A Netflix pôs no ar a sexta e última temporada de Downton Abbey.

Cotidiano Digital

Os serviços de streaming tiraram junho para arriscar mais em tecnologia. A Netflix estreou Gato de Botas, Preso num Conto Épico. É o velho personagem de Shrek, mas, neste desenho, o espectador vai escolhendo o que acontece diante de cada dilema da trama e, assim, interfere na história. A empresa aposta que crianças estarão mais dispostas a experimentar com narrativas não lineares do que adultos. (Funciona nas smart TVs mais modernas, iPhones e iPads; não funciona na web, Apple TV, Chromecast ou Android.)

Diga-se... A Netflix superou o número de assinantes de TV paga nos Estados Unidos. Segundo pesquisa, já são 50,9 milhões os usuários do serviço de streaming de vídeos ante 48,61 milhões de assinantes de TV a cabo. Em cinco anos, a TV perdeu 4 milhões de clientes — e o serviço de streaming ganhou 27 milhões de usuários no mesmo período. (Folha)

Já o Spotify vai começar a incluir músicas patrocinadas nas playlists. O jabá alcançou o digital.

A Deep Root Analytics, consultoria ligada ao Partido Republicano, deixou livre, sem qualquer senha, um banco com os dados de 198 milhões de americanos. 61% da população — quase todos os eleitores. Nome, endereço, idade, etnia, todos cruzados com posts públicos em redes sociais que identificam suas preferências políticas. Quase um guia de quem vota em quem, nos EUA. Não se sabe quantos conseguiram baixar as informações.

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