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Em meio a críticas internacionais, governo Trump se contradiz sobre proposta para ocupação de Gaza

Enquanto a comunidade internacional criticava as declarações de Donald Trump sobre assumir o controle da Faixa de Gaza e deslocar forçadamente os palestinos, o governo republicano passou o dia se contradizendo. O presidente americano voltou a afirmar que “todo mundo amou” a proposta. Mas a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que Washington não pagará pela reconstrução de Gaza, contrariando uma fala do secretário de Estado, Marco Rubio, que afirmou que Trump quis dizer que os EUA estão à disposição para liderar a reconstrução do território palestino. “Não se trata de uma proposta hostil. É uma medida muito generosa de se encarregar da reconstrução”, disse, apesar de o próprio Trump ter dito que o enclave não deveria ser reconstruído. Leavitt também afirmou que os EUA não enviarão tropas a Gaza, o que impossibilitaria o país de “assumir o controle” do território. Apesar disso, a Casa Branca não recuou da fala do presidente, e a porta-voz repetiu que os palestinos terão de ser “temporariamente realocados”. Em outro sinal de desalinhamento, Rubio e Leavitt falaram em remoção temporária, enquanto Trump mencionou uma ocupação de longo prazo. (Folha)

O anúncio de Trump chocou até mesmo os altos membros de seu governo. Embora o seu anúncio tenha parecido formal e ponderado, sua administração não tinha feito sequer o planejamento básico para examinar a viabilidade da ideia, segundo fontes. No privado, Trump vinha falando há semanas sobre a assumir o enclave. Seu isso se acelerou, de acordo com duas fontes, depois que seu enviado para o Oriente Médio, Steve Witkoff, voltou de Gaza na semana passada, descrevendo as terríveis condições na região. Mas ninguém – na Casa Branca, nem entre os israelenses – esperava que Trump apresentasse a ideia na terça-feira. (New York Times)

A proposta foi recebida com reprovação contundente por boa parte da comunidade internacional. O secretário-geral da ONU, António Guterres, chamou o plano de “limpeza étnica”. A Alemanha alertou que as medidas violam o direito internacional, enquanto o Reino Unido defendeu uma solução de dois Estados e que os palestinos voltem para casa. A China afirmou que se opõe à “transferência forçada”. Os Estados árabes, que há muito rejeitam qualquer expulsão de palestinos, atacaram as propostas. A chancelaria saudita disse que o país “não estabeleceria relações diplomáticas com Israel” sem um Estado palestino independente. Jordânia e Egito também rejeitaram o plano. Já entre os círculos de extrema direita de Israel, a proposta do americano foi vista como um caminho para tirar Gaza do controle palestino. (Guardian e Financial Times)

Em entrevista a rádios mineiras, o presidente Lula criticou o plano, questionou o destino dos palestinos e afirmou que eles deveriam ser responsáveis pela reconstrução de Gaza, e não os EUA. Novamente, classificou a ação em Gaza de “genocídio” e disse que os EUA, por terem apoiado os israelenses, não seriam o país adequado para intervir. Lula também comentou as disputas comerciais iniciadas por Trump e reafirmou que, caso os EUA aumentem tarifas sobre produtos nacionais, o Brasil adotará a reciprocidade. (g1)

E Trump segue aplicando as mudanças que lhe interessam internamente. Ontem, emitiu uma ordem executiva para proibir atletas transgênero de competir em equipes esportivas femininas, negando fundos federais para escolas que permitem tal medida, cumprindo outra promessa controversa de guerra cultural. (Washington Post)

Jamie Dettmer: “Trump quer assumir o controle de Gaza e transformá-la na ‘Riviera do Oriente Médio’, onde ‘as pessoas do mundo’ possam viver. Menos os palestinos, claro. E seu acordo imobiliário do século – tratar Gaza como se fosse Atlantic City – corre o risco de impulsionar os EUA para mais uma guerra eterna. Não seria uma guerra desencadeada por quaisquer ambições nobres de levar a democracia ao Oriente Médio, mas um conflito alimentado pelas fantasias de um magnata imobiliário. Tornaria os EUA um alvo ainda maior para todos os aspirantes a grupos jihadistas e lançaria toda a região numa turbulência ainda maior”. (Politico)

Ruth Marcus: Nenhum presidente na história causou mais danos à nação tão rapidamente. Ao entrarmos na semana 3 do segundo mandato de Trump, o caos e a perturbação de seu primeiro parecem pitorescos comparativamente. O país sobreviveu a Trump 1.0. Agora, enfrenta uma ameaça real de que o dano que ele inflige durante seu segundo mandato será irreparável. A posição dos EUA no mundo, sua capacidade de manter o país seguro, a capacidade fundamental do governo federal de operar efetivamente — tudo isso levará anos para ser reparado, se é que isso pode ser alcançado. O que está acontecendo agora é uma destruição. O dano já começou e será difícil revertê-lo. (Washington Post)

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