Em primeira reunião sob Galípolo, BC reforça necessidade de disciplina fiscal
O Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou nesta terça-feira a ata da última reunião (íntegra), a primeira sob presidência de Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula, em que houve elevação da Selic de 12,25% para 13,25% ao ano e sinalizando que um novo aumento de 1 ponto percentual deve ocorrer na próxima reunião. O documento reforça que o ambiente externo segue desafiador, com incertezas relacionadas à política monetária dos Estados Unidos e impactos sobre economias emergentes.
Citada três vezes na ata, a maior economia do mundo está no radar do Banco Central brasileiro, pelas incertezas dos impactos econômicos das políticas do presidente Donald Trump. “O cenário-base do Comitê segue sendo de desaceleração gradual e ordenada da economia norte-americana, mas, além das incertezas inerentes à conjuntura econômica, há dúvidas sobre a condução da política econômica em diversas dimensões, tais como possíveis estímulos fiscais, restrições na oferta de trabalho, introdução de tarifas à importação e alterações importantes em preços relativos decorrentes de reorientações da matriz energética, o que pode impactar negativamente as condições financeiras e os fluxos de capital para economias emergentes”, afirma o documento.
No cenário doméstico, o Copom destaca que a inflação segue acima da meta, e as expectativas para 2025 e 2026 estão em 5,5% e 4,2%, respectivamente, distante do centro da meta de 3%. “O Comitê avalia que a conjunção de um mercado de trabalho robusto, política fiscal expansionista e vigor nas concessões de crédito amplo tem dado suporte ao consumo e à demanda agregada”, mas que isso tem dificultado o controle dos preços. A ata ressalta que as expectativas de inflação continuam desancoradas, tornando o cenário inflacionário mais adverso. A desvalorização do câmbio e a alta dos preços de alimentos e serviços são fatores que pressionam ainda mais a inflação no curto prazo.
O comitê reforça que o equilíbrio entre oferta e demanda é essencial para garantir a convergência da inflação à meta e que, por isso, a manutenção de uma política monetária restritiva é necessária. Diante desse quadro, o Copom reafirmou seu compromisso com a estabilidade de preços e indicou que a magnitude do ciclo de aperto monetário dependerá da inflação, das expectativas do mercado e do ritmo de crescimento econômico. A decisão foi unânime. (Meio)