Por conta do feriado de Corpus Christi, o Meio não circulará na quinta-feira. Volta sexta. — Os editores.

Um dia em que o noticiário político se tornou carcerário

No jornalismo político, a terça-feira pareceu jornalismo carcerário — as principais notícias vieram de trás das grades. Nesta, a Lava Jato condenou o primeiro chefe de Executivo. O ex-governador Sérgio Cabral Filho levou 14 anos e 2 meses de prisão por decisão do juiz Sérgio Moro. Dentre os 63 já condenados pelo juiz, apenas onze tiveram penas maiores — dentre estes, Eduardo Cunha e José Dirceu. “Não se pode ignorar a situação quase falimentar do estado do Rio, com sofrimento da população e dos servidores”, escreveu Moro. “Embora resultante de vários fatores, tem sua origem na cobrança sistemática de propinas pelo ex-governador.” A mulher do ex-governador, Adriana Ancelmo, foi absolvida. O juiz argumentou que, embora ela levasse uma vida de luxos incompatível com a “renda lícita do casal”, não é possível provar que conhecesse a origem do dinheiro. Cabral ainda é réu em outros nove processos, que correm na capital carioca. Adriana também responde a outras ações. (Globo)

Por 3 votos a 2, a Primeira Turma do Supremo decidiu manter na cadeia Andrea Neves, irmã de Aécio. “Em meio à maior operação anticorrupção já revelada no país”, apontou Luís Roberto Barroso, Andrea e Aécio tiveram coragem de pedir R$ 2 milhões a Joesley Batista. (Estadão)

A notícia abalou o senador Aécio Neves. No próximo dia 20, o mesmo conjunto de ministros julgará se ele deve ser preso. Não basta, porém, a decisão do Supremo. Ela precisa ser confirmada pelo Senado. No caso do ex-senador Delcídio do Amaral, a Casa deu aval. Mas apoio a Aécio faz parte do acordo que manteve o PSDB no governo. (Globo)

Rodrigo Rocha Loures, o homem da mala de R$ 500 mil, foi transferido da Penitenciária da Papuda de volta para a carceragem da Polícia Federal. Seus advogados temem por sua vida após “uma série de especulações acerca da possível delação premiada”.

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A bancada do PSDB na Câmara está insatisfeita com a decisão da cúpula do partido de permanecer no governo. “Não houve votação”, reclamou o deputado pernambucano Daniel Coelho. Alguns dos parlamentares articulam-se para votar em bloco, independentemente da orientação do alto-tucanato. (Globo)

O Instituto Brasiliense de Direito Público, faculdade que tem entre os principais sócios o ministro Gilmar Mendes, recebeu nos últimos dois anos R$ 2,1 milhões da J&F, controladora da JBS. O dinheiro serviu ao patrocínio de congressos, o último ocorrido em Portugal. A administração informou ter devolvido à empresa, após a delação de Joesley Batista, R$ 650 mil e rescindiu o contrato por quebra de cláusula sobre a conduta ética. (Folha)

O relato da viagem Brasília-Rio feito pela jornalista Míriam Leitão, no qual foi hostilizada por delegados do PT, mobilizou o Fla x Flu ideológico das redes. A presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann, soltou nota oficial na qual “lamenta o constrangimento sofrido”, afirma orientar a militância a “não agredir qualquer pessoa por suas orientações políticas”, mas acusa a Rede Globo de ser “responsável pelo clima de radicalização e até de ódio” que paira no país.

Morreu nesta madrugada, por edema agudo do pulmão, o jornalista Jorge Bastos Moreno. Poucos eram tão bem informados a respeito dos bastidores de Brasília e, particularmente, do PMDB quanto ele. Não à toa, era uma das fontes frequentes cá do Meio. Deu alguns dos mais importantes furos dos últimos 40 anos — incluindo-se aí a indicação de João Figueiredo para a presidência e a descoberta do Fiat Elba comprado com dinheiro de corrupção que derrubou Fernando Collor. E como sabia receber bem. (Globo)

O Brexit e a eleição de Donald Trump pareciam indicar uma nova tendência mundial antiglobalização. Mas, escreve a economista Monica de Bolle, é cedo para dizer. Porque a premiê britânica Theresa May acaba de perder sua folgada maioria no parlamento e Trump está com o governo paralisado. Faltam, nos EUA e no Reino Unido, um centro — e a falta deste centro trava a política. Não dá para dizer, ainda, que o centrismo radical de Emmanuel Macron seja a rota de saída para os novos populismos. Um centrismo, segundo a nova colunista do Poder360, que é mantido vivo em democracias maduras pela solidez institucional.

Viver

Até o fechamento desta edição, às 7h, pelo menos 200 bombeiros auxiliados por 40 caminhões ainda lutavam contra um violento incêndio no oeste de Londres. No prédio residencial de 24 andares e 120 apartamentos moravam centenas de pessoas. Como o fogo teve início de madrugada, a maioria estava em casa e dormindo. Há risco de desabamento e há mortos — embora seja cedo demais para qualquer conta.

"Escuta esse barulho, pai, é tiro de novo, né? Caramba, não vai ter aula.” A reação da criança e sua foto a espiar a rua da porta de casa (já com o uniforme do colégio e a mochila  pronta no sofá) roda as redes sociais. Em uma tarde, inundou a página Maré Vive, Aquela menina e outras quase 8 mil crianças do Complexo da Maré, segundo o Globo, estão sem aulas por causa dos tiroteios na comunidade. 

Galeria: milhares de escravos americanos usavam uma rede de rotas de fugas, a chamada Underground Railroad, no século 19. Trechos dela agora foram clicados no breu da noite, possivelmente o horário em que ocorriam muitas das fugas rumo à liberdade.

Cultura

“Uma grande e cara atração para uma grande audiência é ótimo. Uma grande e cara atração para uma pequena audiência é difícil de se manter por muito tempo mesmo no nosso modelo.” As palavras de Ted Sarandos, chefe de conteúdo da Netflix, são reveladoras de um momento algo novo para a empresa. No primeiro quarto do ano, a Netflix não bateu a meta de novos assinantes e, só neste mês, cancelou duas produções. “Era inevitável”, diz um professor de comunicação à Wired. O ótimo texto se pergunta, enfim, se a Netflix não estaria virando uma nova HBO, trilhando caminhos rumo ao negócio da "programação premium".

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De volta à novela Bob Dylan e Nobel. Agora, o discurso de agradecimento do músico ao prêmio foi escrutinado. Trechos como um em que cita Moby Dick, não aparecem no livro original. Mas.. é semelhante com resumo da obra encontrado online. Segundo o colunista da Slate que primeiro divulgou a história, de 78 citações de Dylan ao romance de Melville, pelo menos uma dúzia é parecida com o que aparece num site. (Folha)

Stephen King foi bloqueado por Donald Trump no Twitter - e, sim, o assunto virou notícia mundo afora. Crítico fervoroso do presidente, o escritor americano replicou com post irônico: “Talvez eu tenha que me matar”, (Globo)

Na West 13th Street, mais ao sul da ilha de Manhattan, um banheiro público tem um Keith Haring. Um dos mais ousados murais criados pelo artista, este data de 1989, quando ele já lutava contra o HIV. Os personagens da obra são principalmente pênis.

Cotidiano Digital

A Nintendo fez ontem sua apresentação na E3. A grande estrela foi seu novo console, Nintendo Switch, com jogos como Super Mario Odissey e novas versões de clássicos da empresa como Zelda, Kirby, Yoshi e um RPG no universo Pokémon (veja os trailers). A empresa continua a apostar na integração dos jogos com bonequinhos e vai lançar 7 novos amiibos. Estes personagens físicos, quando encaixados em uma base, permitem seu aparecimento nos games.

Já a noite de segunda foi da outra japonesa, a Sony, que focou pouco no hardware de seu Playstation 4 e foi direto para uma saraivada de trailers de jogos. Entre eles um novo Homen Aranha, The Elder Scroll 5: Skyrim VR, Call of Duty WWII e o estranho Detroit: Becoming Human, com uma ação roteirizada e diferentes narrativas passada em uma Detroit distópica que vive a revolução de androids buscando seus direitos.

A turma do Internet Archive pôs no ar emuladores que simulam os primeiros modelos do computador Macintosh, tal qual imaginado inicialmente por Steve Jobs. Foi a máquina que popularizou a interface gráfica — é possível escrever no MacWrite, desenhar no MacPaint e jogar Dark Castle ou Prince of Persia como se estivéssemos todos de volta a 1989.

Aliás... Quem deu a dica que nos chamou cá a atenção para o arquivo foi o premiê canadense Justin Trudeau, num post do LinkedIn. Ele próprio nostálgico para jogar Dark Castle. É geracional ;-)

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