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Lula descarta conversa com Trump e defende Haddad em coletiva

A eleição de 2002 apresentou aos brasileiros um novo personagem, o Lulinha paz e amor. Saiu de cena o candidato que assustava os mais conservadores e surgiu um petista mais leve, com propostas que seduziam de banqueiros a famélicos. Ontem, 23 anos depois, Lula apresentou uma versão paz e amor 3.0 em sua primeira entrevista coletiva do ano (veja na íntegra). Sob o olhar atento do marqueteiro baiano Sidônio Palmeira, novo ministro da Secretaria de Comunicação, o presidente mudou o tom de suas declarações e começou a desenhar uma nova imagem para o governo no momento em que o mesmo atinge seu índice de popularidade mais baixo. O presidente afirmou que sua terceira gestão não vai bem (“o povo tem razão, a gente não está entregando aquilo que prometeu”), apoiou o aumento da taxa básica de juros pelo Banco Central (“não podem dar um cavalo de pau num mar revolto de uma hora para outra”), afagou seu ministro mais atacado, o titular da Fazenda, Fernando Haddad (“extraordinário”), e fez graça com as críticas do presidente do PSD, Gilberto Kassab, que chamou Haddad de “fraco” e garantiu que, se a eleição fosse hoje, Lula perderia (“olhei o calendário e vi que a eleição é daqui a quase dois anos, então fiquei despreocupado”). (Meio)

Sobre a decisão do BC, na quarta-feira, de elevar a Selic em um ponto percentual, para 13,25% na estreia de Gabriel Galípolo, presidente indicado por ele, na liderança do Comitê de Política Monetária (Copom) , Lula foi além. Afirmou não ter se surpreendido e reiterou sua confiança em Galípolo. Segundo o chefe do Executivo, a queda dos juros virá quando for possível. “Tenho certeza que ele vai criar as condições para entregar ao povo brasileiro uma taxa de juros menor, no tempo em que a política permitir que ele façar”, disse. Ele também afirmou que “já estava demarcada a necessidade da subida de juros pelo outro presidente [Roberto Campos Neto], e o Galípolo fez o que entendeu que deveria fazer”. (Globo)

A reação do mercado à entrevista de Lula foi imediata. Principal índice da B3, o Ibovespa terminou o pregão em alta de 2,82%, aos 126.912 pontos. Foi a maior alta desde maio de 2023. Com isso, o índice caminha para terminar o primeiro mês do ano com ganho acumulado superior a 5%. E o dólar registrou nova queda (de 0,23%), a nona consecutiva, fechando em R$ 5,85 menor valor desde novembro do ano passado. Mais tarde, Lula voltou a falar sobre economia e disse que o governo “não tem outra medida fiscal” em vista. “Se depender de mim, não tem.” (Veja)

Não há previsão, segundo Lula, de uma conversa direta com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em relação à ameaça de Trump de sobretaxar produtos brasileiros, disse que, caso isso aconteça, fará o mesmo com produtos dos EUA. Mas segundo Débora Bergamasco, da CNN Brasil, os dois podem se encontrar em fevereiro. O encontro estaria sendo mediado pelo empresário Mário Garnero. Seria um jantar, a princípio no dia 17, no resort de Mar-a-Lago, na Flórida, que pertence a Trump. Foi Garnero quem costurou um jantar entre o então presidente Jair Bolsonaro e Trump, no mesmo local, em março de 2020. Fontes afirmam que, apesar das diferenças ideológicas, há pontos de convergência que podem ser construídos. (CNN Brasil)

Vera Rosa: “O presidente Lula vai tentar reverter a queda de popularidade no palanque. Em uma hora de entrevista coletiva, indicou sua nova estratégia de comunicação, preparada pelo marqueteiro e agora ministro Sidônio Palmeira, para dissipar desconfianças e desmentir que o governo está sem rumo. O presidente voltará às ruas. O temor no Palácio do Planalto é Lula não chegar a 2026 em condições de concorrer a um novo mandato se a crise atual – que está longe de se resumir à comunicação – não for atacada desde já. A disputa de 2026 pairou sobre toda a entrevista. É o modo reeleição que move o governo Lula”. (Estadão)

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