Trump volta à Casa Branca com promessa de deportação em massa
O mundo assiste hoje à volta ao poder de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. E o republicano planeja uma série de decretos executivos durante seus primeiros dias no cargo, sendo um deles para retirar proteções trabalhistas de servidores públicos de carreira. Em uma ligação telefônica com dezenas de aliados neste domingo, Stephen Miller, novo conselheiro de segurança interna e vice-chefe de gabinete da Casa Branca, expôs os traços do que Trump fará sobre os temas imigração, energia e servidores federais. Serão assinados 100 decretos executivos nos primeiros dias, alguns deles logo nas primeiras horas após a posse. O presidente, que prometeu perseguir imigrantes sem documentos, deve declarar situação de emergência na fronteira Sul, restringir concessões de asilo e aumentar as detenções. Pretende ainda revogar medidas do governo anterior criadas para aumentar a “diversidade, equidade e inclusão” em agências federais, e também anular proteções para pessoas transgênero que recebem benefícios governamentais. Com relação à política energética, os decretos devem interromper gastos com políticas climáticas, incentivar a perfuração offshore e acabar com o crédito tributário para veículos elétricos. (New York Times)
Na véspera da posse, o republicano fez ontem seu comício da vitória em Washington e prometeu que a repressão na fronteira começará no primeiro dia de governo. Disse também que irá reverter outras políticas da administração de Joe Biden. Destacou planos como suspender regulações e acabar com políticas identitárias nas Forças Armadas e em competições femininas escolares. Trump agradeceu a Elon Musk, com quem dividiu o palco, pelo apoio durante a campanha e anunciou medidas como revisar condenações relacionadas ao ataque ao Capitólio e divulgar documentos sobre os assassinatos de figuras históricas como John Kennedy e Martin Luther King. O discurso foi marcado pelo tom populista e promessas de restaurar o “domínio da lei”. (Axios)
A promessa de fazer a maior deportação da história do país é apoiada por 55% dos americanos, segundo pesquisa do New York Times e do instituto Ipsos que entrevistou 2.128 americanos entre 2 a 10 de janeiro. O Itamaraty alertou para a possibilidade de deportação de brasileiros. O texto, no entanto, não cita o novo governo americano. (New York Times)
E a criptomoeda lançada por Trump na madrugada de sábado atingiu valorização de 1.239% na tarde de domingo, sendo comercializada a quase US$ 64 (R$ 388). Em capitalização de mercado – o número de tokens multiplicado por seus valores –, a moeda já soma US$ 13 bilhões. Enquanto isso, Trump reservou 80% de sua criptomoeda. (Folha)
Dorrit Harazim: “Não que o mundo vá acabar a partir de amanhã nas mãos de um triunfal Donald Trump. Mas a posse em Washington pode muito bem servir de data oficial para o fim de um mundo — aquele no qual vivíamos, frequentemente às turras, desde o final da Segunda Guerra. Ao complexo militar-industrial de ontem vem se juntar agora o domínio sem fronteiras do complexo tecnoindustrial, cujos plenos poderes ainda estão longe de serem mapeados. E ainda menos, cerceados. Eles lidam com a manipulação e o controle da verdade, este bem cada vez mais fugidio no nosso cotidiano”. (Globo)
Meio em vídeo. O Central Meio desta segunda, a partir das 12h45 em nosso canal no YouTube, recebe Sergio Fausto, cientista político e diretor executivo da Fundação FHC. Em pauta, a posse de Trump e a relação com o Brasil. (YouTube)
Nossas embaixadoras nos EUA
Spacca
Três reféns foram libertadas pelo Hamas neste domingo e voltaram para casa. Romi Gonen, uma israelense-romena de 24 anos, foi sequestrada durante o ataque ao festival de música Nova. Emily Damari (única refém britânica, de 28 anos) e Doron Steinbrecher (de 31 anos) foram capturadas no Kibutz Kfar Aza. Com a libertação das reféns, o cessar-fogo entrou em vigor às 11h15 de ontem. A divulgação dos nomes ocorreu após Israel continuar ataques a Gaza alegando não ter recebido os nomes das reféns. Isso impediu o início do acordo no horário previsto. O Hamas afirmou que não havia divulgado a lista com os nomes dos reféns por “falhas técnicas”. A libertação se dá em troca de cerca de 95 prisioneiros palestinos nas próximas horas. No próximo domingo, mais quatro israelenses deverão ser trocadas por prisioneiros palestinos. No total, ao longo dos 42 dias da primeira fase do cessar-fogo, Israel terá que libertar mais de mil prisioneiros palestinos. (UOL)
A Autoridade Nacional Palestina divulgou a lista com os nomes dos 95 prisioneiros que serão libertados por Israel. Segundo o New York Times, a lista tem apenas mulheres e menores de idade, e inclui Khalida Jarrar, 62, uma das mais famosas prisioneiras palestinas. Ela foi presa por forças israelenses em sua casa, na Cisjordânia, em 26 de dezembro de 2023. É pesquisadora da Universidade Birzeit e uma das líderes do grupo de esquerda Frente Popular para a Libertação da Palestina, considerado terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia. (New York Times)
O governo Lula enfrenta um aumento de insatisfação de autônomos e empreendedores após a polêmica sobre a fiscalização do Pix, intensificada por fake news sobre suposta taxação. Para conter os danos, a Secretaria de Comunicação anunciou na sexta-feira que está planejando uma nova campanha de esclarecimento direcionada a esse público. O episódio revela a dificuldade histórica do governo em dialogar com empreendedores, base mais alinhada ao bolsonarismo. Críticas internas destacaram a falta de articulação política e o impacto negativo da medida. A oposição capitalizou na narrativa de que pequenos negócios seriam prejudicados, enquanto o governo tenta desmentir as alegações. (Folha)
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) pediu, neste domingo, que a Polícia Federal investigue ameaças de morte que passou a receber após divulgar um vídeo nas redes sociais no qual acusa a extrema direita de mentir à população sobre a resolução que alterava o monitoramento de movimentações com Pix a partir de R$ 5 mil. Perfis ligados à extrema direita sugeriram que a deputada deveria ser assassinada. A gravação da deputada tem estética semelhante à do vídeo de Nikolas Ferreira (PL-MG) divulgado no dia 14, que ultrapassou 320 milhões de visualizações. (UOL)
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Viver
O apresentador esportivo Léo Batista morreu neste domingo, aos 92 anos, no Rio de Janeiro, de câncer no pâncreas. Ele estava internado no Hospital Rios D’Or desde 6 de janeiro. Nascido em 1932 em Cordeirópolis (SP), Léo Batista participou de fatos históricos ao longo de 80 anos de carreira. Foi o primeiro jornalista a informar o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, na Rádio Globo. Quarenta anos depois, na TV Globo, anunciou a morte de Ayrton Senna horas após o acidente em Ímola, na Itália. Sua última aparição na tela foi na edição de 26 de dezembro do programa Globo Esporte. Seus primeiros passos na TV Globo foram dados em 1970, como narrador substituto na Copa do México. Num dia em que Cid Moreira pediu dispensa da edição do Jornal Nacional, Léo agradou e terminou contratado. (ge e Folha)
Meio em vídeo. No Diálogos com a Inteligência desta semana, o cientista político Christian Lynch recebe Homero Pereira, cirurgião-dentista e colaborador da Revista Insight Inteligência. No papo, análise sobre os avanços e investimentos em tecnologia na odontologia nas últimas décadas, a mudança de tratamento do SUS em relação à saúde bucal e o fato de que, no Brasil e nos EUA, a odontologia é muito mais uma questão estética do que de saúde. (YouTube)
Cultura
O júri de Música Popular da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) elegeu os 50 melhores discos de 2024 em votação que contou com o editor deste Meio Guilherme Werneck. Entre os escolhidos estão álbuns de artistas consagrados, como Pra você, Ilza, de Hermeto Pascoal e Milton + Esperanza, de Milton Nascimento em parceria com Esperanza Spalding, além dos novos talentos Céu, com Novela, e Chico Bernardes em Outros Fios. A lista, com playlist disponível no site do Meio, será usada pelo Sindicato dos Jornalistas de São Paulo para escolher o melhor disco do ano. (TV Cultura)
O cantor e compositor Rafael Bittencourt, da banda Angra, prepara um laudo para atestar que a canção Million Years Ago, da cantora britânica Adele, é um plágio do samba Mulheres, de Toninho Geraes. O documento foi encomendado pela advogada de Geraes, Deborah Sztajnberg. Assinada por Adele e pelo produtor americano Greg Kurstin, Million Years Ago foi incluída no álbum 25, lançado em 2015. Já “Mulheres” havia sido gravada duas décadas antes, por Martinho da Vila, no disco “Tá gostoso, tá delícia”. Em decisão liminar, o juiz Victor Torres determinou a suspensão da canção “por qualquer meio, físico ou digital”, afirmando que “há relevantes semelhanças melódicas”, mas acrescentou que não havia prova de que se trata de plágio. O laudo de Bittencourt visa atestar que a “consonância” entre as duas canções é, sim, índice de plágio. A ação pede a derrubada completa da música de Adele e que ela não interprete mais a “canção-plágio” em suas apresentações até que a ação seja julgada, além do repasse proporcional de todo o valor de direitos autorais que a britânica teria recolhido desde o lançamento de Million Years Ago e uma indenização de R$ 1 milhão. (Globo)
Para ler com calma. Ainda Estou Aqui fez história no Festival de Veneza, no Globo de Ouro e agora aguarda a lista final do Oscar, no dia 23 de janeiro. Segundo a revista americana Variety, que acertou ao prever o Golden Globe para Fernanda Torres, o filme de Walter Salles tem chances na maior premiação do cinema em quatro categorias: melhor filme, melhor filme estrangeiro, melhor atriz, melhor roteiro adaptado. Enquanto não sai a lista, leia aqui oito curiosidades pouco conhecidas sobre o longa, selecionadas pelo editor Caio Barretto Briso. (Meio)
Cotidiano Digital
Após ter sido retirado do ar na manhã de domingo, o Tiktok começou a voltar a funcionar nos Estados Unidos. No discurso na noite de domingo, Trump confirmou a volta da rede social. O republicano disse que vai assinar uma ordem executiva nesta segunda-feira, para adiar uma proibição federal do aplicativo. “Nós vencemos no TikTok, e os republicanos nunca venceram o voto jovem, o voto jovem”, disse Trump no evento na arena Capitol One em Washington, acrescentando: “Então eu gosto do TikTok”. (CNN)
A lei que impede o download do TikTok foi aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente americano, Joe Biden, em abril de 2024. O governo dos EUA defende a proibição do aplicativo com base na suposta coleta de dados confidenciais dos norte-americanos, o que representaria risco à segurança nacional. A rede havia suspendido a atividade horas antes da nova lei que bane a plataforma no país entrar em vigor. “Agradecemos ao Presidente Trump por fornecer a clareza e a garantia necessárias aos nossos provedores de serviços de que não enfrentarão penalidades ao fornecer o TikTok para mais de 170 milhões de americanos e permitir que mais de 7 milhões de pequenas empresas prosperem”, comunicou o TikTok em seu perfil no X. (g1)
A investigação ampliada pela Comissão Europeia, anunciada na sexta-feira, exigiu que o X entregue documentos internos sobre seu algoritmo de recomendação e ordenou que Elon Musk divulgue as recentes mudanças feitas nas recomendações da rede social, intensificando uma investigação sobre o papel da plataforma na política europeia, com a suspeita de maior promoção da extrema-direita na rede. Musk manifestou apoio à Alternativa para a Alemanha (AfD), argumentando que salvará a maior nação da Europa do “colapso econômico e cultural”. O chanceler alemão, Olaf Scholz, endureceu o discurso contra Musk, descrevendo o apoio dele à AfD como “completamente inaceitável”. (Folha)
A Apple anunciou que desativará temporariamente os resumos de notificação para aplicativos de notícias e entretenimento no iOS 18.3, iPadOS 18.3 e macOS Sequoia 15.3, após reações negativas com a precisão das informações geradas. Uma das reclamações foi da BBC, que apontou a deturpação de um artigo em que a IA da Apple afirmava, erroneamente, que um suspeito de assassinato havia se suicidado. Além da pausa, os resumos aparecerão em itálico, permitindo aos usuários diferenciá-los das notificações regulares, e será possível desativá-los diretamente da Tela de Bloqueio. (TechCrunch)
Donald Trump assume hoje a presidência dos Estados Unidos já embalado por uma série de notícias espetaculosas. Na Edição de Sábado falamos sobre o que esperar do segundo mandato do republicano e, mais do que isso, como fazer a cobertura jornalística do novo termo atentos não ao que ele vocifera, mas ao que realmente produz politicamente, para além das cortinas de fumaça. Ela é exclusiva para assinantes premium, mas você pode ler o comecinho em nosso site e assinar para ler o resto.