BC culpa economia forte, câmbio e clima por estouro da meta de inflação em 2024
Em carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para justificar o descumprimento da meta de inflação em 2024, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que os principais fatores que levaram a esse cenário foram a força da atividade econômica, a alta do dólar e o clima. Índice oficial de inflação, o IPCA encerrou o ano passado em 4,83%, acima do teto da meta, de 4,50%. O alvo era 3%, podendo oscilar 1,5 ponto percentual. “A inflação de 2024 ficou acima do intervalo de tolerância em decorrência do ritmo forte de crescimento da atividade econômica, da depreciação cambial e de fatores climáticos, em contexto de expectativas de inflação desancoradas e inércia da inflação do ano passado”, diz o texto, publicado pelo BC nesta sexta-feira. No documento, o BC destaca a disparada nos preços da alimentação no domicílio, de -0,52% em 2023 para 8,22%, refletindo fatores climáticos, o ciclo do boi, a depreciação do real frente ao dólar, a atividade econômica forte e a alta de commodities agrícolas. Galípolo também destaca que o real foi a moeda com maior depreciação no ano passado e que fatores domésticos, como a percepção negativa do mercado financeiro sobre o cenário fiscal do país, foram decisivos para a trajetória do câmbio.
A partir deste ano, a meta de inflação, que segue em 3% com tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo, deixa de se referir ao ano-calendário e passa a ser apurada mês a mês, com base na inflação acumulada em 12 meses. Se o alvo for descumprido por seis meses seguidos, o BC terá de se explicar e estabelecer o prazo esperado para que as ações para que a inflação volte à meta produzam efeito. O último relatório trimestral de inflação do BC indica que o IPCA seguirá acima do teto até os últimos três meses deste ano, entrando em trajetória de queda a partir de então. Se essa estimativa se confirmar, Galípolo deverá escrever uma nova carta já em meados deste ano. (Folha)