Conselheiros da Petros tentam blindar área de investimentos contra indicado por Vaccari
O Conselho Deliberativo da Petros, fundo de pensão da Petrobras, discute desde a última quarta-feira uma resolução para restringir os poderes da Diretoria de Investimentos e delegar ao colegiado a palavra final sobre medidas sensíveis, como trocas de gestores e mudanças de corretoras, conta Malu Gaspar. O objetivo dos conselheiros ligados aos pensionistas é blindar a área de investimentos para evitar ingerências. A resolução foi proposta pouco mais de dez dias após o colegiado aprovar a nomeação de Gustavo Gazaneo como diretor de Investimentos. Ele teria sido indicado pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, que ficou preso entre 2015 e 2019, tendo sido denunciado no âmbito da Operação Greenfield e condenado na Lava-Jato a 24 anos de prisão em vários processos, um dos quais relativo ao investimento de fundos de pensão na Sete Brasil, que teve a falência decretada na última segunda-feira. A escolha também gerou tensão pelo fato de na lista tríplice haver outros dois candidatos com mais experiência na área de investimentos em fundos de pensão. Gazaneo é formado em comunicação social e foi diretor financeiro e de relações com investidores no fundo de pensão da Cedae.
Fontes dizem que, além da pressão de Vaccari, a Petrobras também pressionou por meio de seu diretor financeiro, Fernando Melgarejo, que teria abordado os conselheiros indicados pela estatal para defender voto em Gazaneo. Temendo os investimentos temerosos da década passada — no caso da Sete Brasil, o rombo foi de quase R$ 5,5 bilhões para Petros, Previ (Banco do Brasil), Funcef (Caixa Econômica Federal) e Valia (Vale) —, os conselheiros decidiram agir. Os receios se devem ao fato de que, antes mesmo da crise envolvendo o pacote fiscal, Lula vinha contando com as verbas dos fundos de pensão para impulsionar projetos como o Programa de Aceleração do Crescimento. (Globo)