Juros disparam e dólar chega a bater R$ 6,30 com EUA e fiscal no radar
O dólar chegou a bater R$ 6,30 nesta quinta-feira, mesmo após o Banco Central anunciar leilões de venda à vista de dólares e o Tesouro Nacional tentar conter a pressão nos mercados com a recompra de NTN-Bs, títulos públicos que pagam ao investidor uma taxa de juros fixa. A moeda norte-americana acumula alta de 29,15% no ano, enquanto o mercado segue atento ao impacto limitado das medidas fiscais propostas pelo governo, após análise pelo Congresso. O Blog de Valdo Cruz já dá conta de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já cogita novas medidas a depender do nível da desidratação. Pela manhã, em comunicado, o Banco Central anunciou um leilão extraordinário de até US$ 5 bilhões, entre 10h35 e 10h40, referenciado à taxa Ptax, média calculada pelo BC com base nas taxas de câmbio negociadas pelos principais bancos ao longo do dia. Depois disso, a moeda americana zerou os ganhos e voltou a faixa dos R$ 6,25 e caiu aos R$ 6,15 nas mínimas intradiárias.
O pacote fiscal do governo, que promete economizar R$ 375 bilhões até 2030, enfrenta dificuldades no Congresso após alterações no texto excluírem ajustes no Fundo Constitucional do DF e mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC). Na LDO, até mesmo o aumento do fundo partidário foi mantido. A curva de juros também reflete o pessimismo: o mercado já precifica uma Selic de 17,50% ao final de 2025, enquanto apostas para a próxima reunião do Copom, em janeiro, já indicam aumento de até 2 pontos percentuais, mesmo a promessa sendo de 1 ponto percentual. O cenário externo também traz incertezas, com o Federal Reserve tendo cortado juros nos EUA ontem, mas ter sinalizado uma interrupção do ciclo de baixa. A maioria dos diretos do Fed prevê apenas mais dois cortes de 25 pontos-base em 2025, eram 4 cortes na última previsão. Pesa por lá as incertezas do futuro governo Trump e a persistência de um cenário inflacionário em possíveis medidas econômicas do presidente eleito. (g1 e Valor)