Ata do Copom tem tom duro e vê cenário desafiador interno e externo
Na última quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, levando-a de 11,25% para 12,25% ao ano e novas altas de mesma magnitude nas próximas duas reuniões, levando a taxa básica de juros da economia para 14,25% já em março. Na ata da decisão, divulgada hoje, foi informado que a decisão reflete uma deterioração no cenário inflacionário, com a inflação corrente e as expectativas subindo de forma significativa, além da pressão causada pela desvalorização do real e uma atividade econômica mais resiliente do que o esperado. O comitê destacou que tanto os fatores de curto prazo, como a taxa de câmbio e a inflação corrente, quanto os determinantes de médio prazo, como as expectativas de inflação, apresentaram piora desde o último encontro. Por isso, para a autarquia monetária, o cenário exige uma política monetária mais restritiva para garantir a convergência da inflação para a meta de 3%. O Copom ressaltou que “o mercado de trabalho também segue aquecido, com aumento da população ocupada, queda da taxa de desemprego e aumento da formalização de postos”. Apesar dessa resiliência, o comitê afirmou que há sinais de desaceleração futura, especialmente devido ao aperto nas condições financeiras. Ainda assim, o BC reiterou a necessidade de cautela, alertando que o câmbio depreciado e a inflação de serviços seguem pressionando os preços. Outro ponto relevante foi a elevação da taxa neutra de juros real de 4,75% para 5% ao ano. A taxa de juros neutra é o nível de juros que mantém a economia estável, sem acelerar a inflação nem desacelerar o crescimento econômico. O BC ressaltou que a deterioração fiscal e o aumento de incertezas podem elevar essa taxa estruturalmente, tornando a política monetária menos eficiente e aumentando os custos da desinflação em termos de atividade econômica. No cenário externo, o Copom destacou as incertezas econômicas e geopolíticas, com foco na conjuntura dos Estados Unidos, pois no país “permanece a incerteza sobre o ritmo da desinflação e da desaceleração da atividade econômica. Em paralelo, a possibilidade de mudanças na condução da política econômica também traz adicional incerteza ao cenário, particularmente com possíveis estímulos fiscais, restrições na oferta de trabalho e introdução de tarifas à importação”. (Meio)