Ajuste fiscal do governo é visto como insuficiente para estabilizar a dívida
Importante, mas não resolve os problemas no longo prazo. É assim que uma parte de economistas enxerga o pacote de contenção de gastos apresentado pelo ministro Fernando Haddad, que promete economia de R$ 327 bilhões até 2030. Uma das principais críticas foi a falta de medidas mais imediatas de cortes. Dos R$ 327 bilhões previstos, apenas R$ 72 bilhões serão economizados até 2026, enquanto os demais R$ 255 bilhões serão economizados até 2030. Um exemplo de medida criticada foi a longa transição para restrições do acesso ao abono salarial, que levará uma década para ser concluída. Enquanto isso, a dívida pública segue em alta, fechando outubro em 78,6% do PIB — já próximo dos 80%, patamar que estudos do Tesouro consideram insustentável para um país emergente como o Brasil. Projeções do próprio governo indicam que a bruta pode superar 81% até 2026. Para muitos o pacote não é suficiente e será necessário um novo ajuste fiscal de grande magnitude no próximo governo, o que o próprio ministro Fernando Haddad não descarta. Há também a percepção de que o governo prioriza aumentos de arrecadação para evitar mudanças estruturais nos gastos. (Folha)