Terror faz sombra sobre eleição britânica

Pouco depois das 22h de sábado, uma van branca a 80 km/h atravessou com violência a London Bridge, atropelando pessoas. Quando o veículo parou, três terroristas saltaram com facas e lançaram-se contra quem estivesse na rua ou nas portas dos pubs e mercados vizinhos. Sete morreram e 21 estão em estado grave. A polícia chegou de imediato, a tempo de encontrar os agressores em ação: porque vestiam coletes de homens-bomba falsos, foi fácil identificá-los. Deu-se a ordem para que levantassem as mãos. Os homens continuaram. Em meio ao caos e ao pânico, oito minutos após o início dos ataques, a polícia londrina já tinha abatido os três a tiros. O Isis assumiu a autoria do atentado, o terceiro na Inglaterra em três meses. Mas tem sido a praxe: o Estado Islâmico puxa para si as ações de indivíduos que tomam iniciativas independentes. O momento é delicado. As eleições para a formação do próximo Parlamento britânico ocorrem na quinta-feira. É deste pleito que sairá a sucessão da premiê Theresa May — e ela é favorita. (New York Times)

A cantora pop Ariana Grande, em cujo show ocorreu o penúltimo atentado em solo britânico, no dia 22, retornou a Manchester, ontem, para novo concerto. No palco, juntaram-se a ela Miley Cyrus, Katy Perry, Justin Bieber, Coldplay e Pharrell Williams — outras estrelas de peso entre adolescentes. Os ingressos para o evento beneficente se esgotaram em horas, na semana passada. E, mesmo após o novo atentado no sábado, as autoridades reforçaram a segurança e decidiram manter o programa. A BBC transmitiu o show ao vivo, num clima que emocionou o país pela resistência ao terror. (New York Times)

PUBLICIDADE

Quatro países — Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes e Bahrain — cortaram relações diplomáticas com o Catar entre domingo e segunda-feira, suspendendo voos e comércio. Os sauditas fecharam as fronteiras. Os quatro acusam o emirado de cooperar com terrorismo por conta de manter relações normais com o Irã e dar apoio a grupos islâmicos radicais na região.

Há tensão política em Washington na espera do depoimento do ex-diretor do FBI, James Comey, convocado pelo Senado para falar nesta quinta-feira. Os parlamentares querem saber se o presidente Donald Trump o pressionou de alguma forma para segurar as investigações a respeito da relação entre Rússia e assessores de campanha durante as eleições. Caso Comey confirme a pressão, o Congresso se verá obrigado a investigar o presidente por obstrução de Justiça. É um dos crimes que podem levar ao impeachment.

Homem de confiança de Michel Temer, portador flagrado às pressas pelas ruas de São Paulo com a mala de meio milhão, Rodrigo Rocha Loures foi preso pela Polícia Federal na manhã de sábado. O ex-deputado deve ser transferido hoje para o Presídio da Papuda. Seus advogados acusam a Justiça de tentar forçar uma delação. O argumento do ministro Edson Fachin é outro: dada a proximidade com o presidente da República, se solto, Loures teria poder suficiente para interferir nas investigações. A questão que ninguém sabe responder: qual será a influência desta detenção no julgamento que recomeça amanhã no TSE?

Nas contas de Elio Gaspari, há exatamente uma semana era certo que o TSE cassaria a chapa Dilma-Temer. Na noite de quinta-feira, o placar estava entre 6 a 1 e 5 a 2 pró-Temer (Globo ou Folha). Segundo O Globo, nos bastidores do Planalto, no domingo à noite, o placar favorável indicava um humilde 4 a 3. O noticiário está conflitante. Ora afirma que os advogados farão de tudo para adiar o julgamento e, já no início, pretendem contestar o uso das delações ligadas à Odebrecht. Alegam que fogem ao escopo da denúncia inicial. Mas há quem afirme o oposto. Contando com um placar favorável, Temer preferiria um julgamento rápido, antes que alguma delação ou fato novo piorem sua situação. Noticiário conflitante assim só quer dizer uma coisa: as fontes estão apontando para lados distintos porque não há consenso a respeito da estratégia. E alguns dos ministros do TSE, sob intensa pressão, também oscilam dia após dias. Ninguém sabe o que vai acontecer.

Fatos novos podem surgir a qualquer hora, e não se sabe vindos de onde. A prisão de Rocha Loures pode ser suficiente — é o que defende, na Folha, Bernardo Mello Franco. A Época encontrou indícios de que, imediatamente após vir à tona a denúncia da JBS, engenheiros do Planalto fizeram mudanças nas agendas passadas de Temer. Não é possível conhecer que mudanças.

Dos três grandes jornais, a Folha de S. Paulo é a última a se posicionar a respeito da crise política em editorial. “Todo julgamento que implica um presidente da República tem um aspecto jurídico e outro político. A iminência do juízo no TSE surge como fórmula legal para remover um chefe de Estado cuja situação se afigura indefensável, até porque sujeita à aparição de revelações que convertam as fortes suspeitas em certezas. É com desalento que esta Folha, portanto, considera recomendável a cassação da chapa e o afastamento do presidente.”

Dentre os outros, O Globo também é a favor da saída de Temer. O Estadão, contra.

Marcos Nobre: “O que o Temer está tentando fazer é sobreviver até o fim de junho, porque aí há o recesso do Judiciário e, em meados de julho, o recesso do Congresso. Se chegar até agosto, não cai mais, por conta da proximidade do calendário eleitoral. Só há duas forças que podem se opor ao projeto continuísta. Em primeiro lugar, as ruas. Mas esse tempo de um mês é curto demais para o movimento ganhar a massa que precisaria. O segundo elemento é o PSDB. O PSDB está adotando uma estratégia suicida, porque vai cair no colo dele a fatura pelas crises e impopularidade do governo Temer. Há um impasse e o PSDB está paralisado.” (Globo)

Elio Gaspari: “Dos 46 deputados da bancada tucana, 26 querem ir embora de qualquer maneira e 12 estão indecisos. Cinco dos onze senadores também gostariam de abandonar Temer. Apesar da indicação de que a maioria quer saltar, o tucanato caiu na armadilha do muro. Se ficar, perde eleitores. Se sair, perde banqueiros.” (Globo ou Folha)

Um ato pela convocação de eleições diretas reuniu, segundo os organizadores, mais de 100 mil pessoas ao longo da tarde de ontem, no Largo da Batata, em São Paulo. De caráter festivo, contou com shows de Criolo, Pitty, Otto, Maria Gadú, Chico César, Tulipa Ruiz, Emicida, Mano Brown e Simoninha.

Enquanto isso... o Datafolha perguntou a 311 dos 594 parlamentares aptos a votar que nome escolheriam para suceder Temer no caso de pleito indireto. 61% deles não citam espontaneamente um candidato, mas 47% defendem a saída do presidente. Dentre os que citaram um nome, o presidente da Câmara Rodrigo Maia desponta como favorito. Leva 9% dos votos. Em seguida, empatados com 2%, estão Nelson Jobim, FHC e Lula. Não custa lembrar que, num colégio eleitoral assim pequeno, cada voto é um voto. A amostragem não é suficiente do ponto de vista estatístico para prever um resultado. (Folha)

Até lá, o governo gasta para manter-se no poder. Segundo levantamento do El País, liberou R$ 168,2 milhões em emendas parlamentares; sinalizou aos ruralistas que reduzirá a alíquota do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural e renegociará as dívidas deles por meio de uma medida provisória; afrouxou as regras do Programa de Recuperação Fiscal (Refis) para empresas com débitos com a União e agilizou a entrega de concessões de serviço de radiodifusão pelo interior.

O PT elegeu a senadora Gleisi Hoffmann sua nova presidente no 6º Congresso Nacional do partido, encerrado no domingo. A reunião marcou o enfraquecimento da corrente Construindo um Novo Brasil, o campo majoritário liderado por Lula e do qual Gleisi faz parte. O ex-presidente precisou intervir na última hora para impedir uma derrota da senadora para seu principal adversário na disputa, o também senador Lindbergh Farias. No texto final do documento produzido pelos militantes, está o compromisso de que o PT “lutará para impedir que interditem o direito de Lula ser candidato”, além do desejo do partido pela convocação de eleições diretas para presidente, senadores e deputados. (Estadão)

Porém... a Época afirma que o ex-ministro Guido Mantega está negociando delação premiada. Se a de Palocci, em estado avançado das conversas, abarca a corrupção no governo Lula, a de Mantega pega o período Dilma.

Viver

Quatro em cada cinco paulistanos são a favor das internações à força para tratar usuários de drogas. Mais da metade deles (59%), aliás, aprovam as ações policiais na cracolândia, na área central de São Paulo. Reconhecem, contudo, que as autoridades foram violentas com os dependentes que ali viviam. Os dados são de pesquisa feita pelo Datafolha na semana passada, no calor das operações na região.

Em tempo: o prefeito (e presidenciável) João Doria, em incansável busca por holofotes desde o início das ações, pode comemorar. Segundo o Datafolha, 60% dos paulistanos atribuem a ele o trabalho na área - só 9% citam Geraldo Alckmin.

Antonio Prata: “Imagine que você é um mendigo viciado em crack. Seus pertences são uma calça esfarrapada, uma camiseta imunda, um par de Havaianas, um isqueiro. Você se lembra vagamente de ter tido metade de um pente, num passado não muito distante, mas não sabe onde foi parar. Sua existência se resume a pedir dinheiro no farol e a fumar crack. Nos minutos que duram a viagem, você se esquece de tudo. O resto do tempo é o inferno”. (Folha)

O brinquedo mais famoso do mundo é também um case de negócios: a reinvenção da indústria do Lego, nos últimos anos, é tida como a maior virada na história das corporações, segundo o Guardian. Longa reportagem traça um perfil da empresa que, fundada em 1932, viveu as primeiras perdas só em 1998. Tijolo por tijolo, então, precisou se reinventar: diversificou seu mercado, conectou-se ao universo virtual e, em 2015, registrou os melhores números em 85 anos de história.

Como criar um filho feminista? O New York Times ouviu neurocientistas, psicólogos, economistas, entre outros profissionais, para elaborar uma espécie de guia prático, curto e ilustrado, para pais de garotos. Os conselhos (ao menos na teoria) são simples - “encorajar amizades com meninas” ou “deixar que o filho chore” são exemplos da lista.   

Vídeo: há 29 anos, todos os dias, do mesmo penhasco, um homem se lança ao mar. Ele é Fernando Vásquez, vive no Peru e diz que salta por amor.

Cultura

A julgar pela bilheteria, Mulher-Maravilha abalou o clube do bolinha que cerca os filmes de super-heróis em Hollywood. É a avaliação do New York Times diante da arrecadação do longa — só no fim de semana, na América do Norte, foram US$ 100,5 milhões. Trata-se de um dos melhores resultados entre os filmes de super-heróis que não são sequências de produções anteriores. O sucesso, completa o jornal, ajuda a encorpar um “momento único para as mulheres” no cinema.

A propósito: a atriz Gal Godot vem sendo apontada como “uma Angelina Jolie para a nova geração”. O Times contou sua história um pouco antes da estreia.

Maravilha em tópicos: a história da atriz em cinco momentos, incluindo o serviço militar israelense e um concurso de Miss Universo.

PUBLICIDADE

Quando Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band foi lançado, 50 anos atrás, o crítico Richard Goldstein, do New York Times, soou como uma voz dissonante: entre seus pares, foi o único a reprovar o disco. “Não tem nada de bonito em Sgt. Pepper’s”, escreveu. Hoje, se arrepende.

Acaba de sair, em livro, uma história de amor assinada por J.R.R. Tolkien. O cultuado autor de Senhor dos Anéis teria escrito o romance, Beren e Lúthien, cem anos atrás, ao regressar de uma batalha da Primeira Guerra Mundial. O livro foi editado por seu filho, Christopher Tolkien, hoje com 92 anos.

Diretor do filme District 9, entre outras produções de ficção científica, Neil Blomkamp anunciou seu novo projeto: um estúdio destinado a criar filmes experimentais do gênero sci-fi. Na ocasião, porém, não entrou em detalhes. Só agora, em entrevista ao Verge, Blomkamp explica melhor o Oats Studios, nome de sua nova empreitada.

Cotidiano Digital

Ocorre entre hoje e quarta-feira a WWDC, conferência da Apple dedicada aos programadores de suas plataformas. A abertura, na qual novidades são apresentadas, está marcada para 14h (de Brasília) e será transmitida ao vivo. Espera-se uma nova versão do iOS, o sistema que gerencia iPhones e iPads — isto inclui uma nova cara, substituindo a atual, que vem de 2013. Este iOS deve tornar obsoletos os iPhones 5 ou anteriores, além do iPad 4 para baixo. Deve ser anunciado, também, um concorrente para o Amazon Echo e o Google Home, assistentes pessoais digitais que agitam o mercado.

Durante quase sete horas, na sexta-feira, os ministros Rosa Weber e Edson Fachin ouviram testemunhos a respeito do bloqueio de aplicativos como o WhatsApp por juízes em todo o país. Foi a primeira de duas audiências públicas que levarão o STF a decidir se magistrados podem ou não continuar intervindo nestes serviços. Cristina de Luca conta os detalhes em seu blog.

Encontrou algum problema no site? Entre em contato.