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Lula manda Haddad desistir de viagem à Europa para cuidar de “temas domésticos”

A pedido do presidente Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cancelou viagem que faria à Europa para se dedicar ao desenho do pacote de corte de gastos a ser implementado pelo governo. O embarque estava previsto para a tarde de segunda-feira com retorno no sábado. Segundo a assessoria da pasta, Lula pediu que o ministro ficasse em Brasília “dedicado aos temas domésticos”. Haddad teria compromissos em Paris, Londres, Berlim e Bruxelas.

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O cancelamento da viagem ocorre após estresse do mercado financeiro com a demora do anúncio das medidas de corte de gastos, que elevou as incertezas fiscais sobre a sustentabilidade da dívida pública num cenário de alta dos juros no Brasil. O dólar fechou na sexta com alta de 1,52%, cotado a R$ 5,869, o maior patamar para a moeda norte-americana desde o início da pandemia, quando, em 15 de maio de 2020, esteve cotada a R$ 5,841. Um dos fatores foi a notícia da viagem de Haddad à Europa, o que implicava que um anúncio de cortes de gastos não seria feito nos próximos dias.

Apesar do cancelamento, auxiliares de Lula dizem que ele não tem pressa para apresentar as medidas discutidas amplamente com Lula, pela primeira vez, na semana passada. Uma das preocupações do Palácio do Palácio é alinhar internamente as medidas para evitar o risco de retrocesso nas discussões, já que há ministros descontentes por não terem sido até agora consultados pela equipe econômica para discutir medidas que tratam de políticas executadas pela suas pastas.

Sem pressa

Neste domingo, Lula se recusou a falar sobre a definição das medidas do pacote. Ao ser questionado sobre o assunto durante uma visita ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), o presidente disse que não iria “discutir nenhum assunto que não seja sobre educação, nem mais nada”, referindo-se a prova do Enem 2024, que terá a primeira parte neste domingo. “Nem Estados Unidos, nem Venezuela , nem Nicarágua, hoje o assunto é o Enem e o ministro Camilo (da Educação) já prestou as informações a vocês”, disse.

Enquanto as medidas não são fechadas, o governo já começou a articulação política para que o pacote seja votado no Congresso ainda neste ano. Haddad aproveitou uma reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e outros senadores na quinta-feira para buscar apoio. No encontro, o ministro defendeu a necessidade de uma medida para autorizar transitoriamente o manejo do orçamento até a estabilização da trajetória da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).

A área econômica do governo discute aproveitar a PEC para prorrogar a Desvinculação de Receitas da União (DRU) para incluir as medidas de corte de despesas, segundo pessoas a par das discussões. A DRU, que hoje permite ao governo usar livremente 30% das receitas com impostos e taxas vinculados a despesas, acaba no final deste ano. Há uma discussão no governo para fazer uma DRU transitória sob novos termos, que permita remanejar os recursos carimbados para a área de saúde e educação, que hoje estão blindados. (Folha)

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