Mary Meeker: Tendências da Internet 2017
Em sua tradicional (e sempre muito aguardada) apresentação sobre as tendências da internet 2017, Mary Meeker, sócia da Kleiner Perkins, fez um resumo do calhamaço de 355 slides lotados de dados sobre o estado atual da internet no mundo.
Os destaques
O crescimento da internet está em processo de desaceleração. Da mesma forma, caem as vendas de smartphones. São sinais de mercado maduro.
As possibilidades de crescer se concentram na China e na Índia. O mercado chinês é fascinante. Além de viver grande ampliação do mercado mobile, o país testa, em larga escala, uma série de serviços e de modelos de negócio inovadores. Na Índia, a penetração da internet ainda é baixa. Lá, o crescimento deve manter-se forte enquanto o custo de banda seguir em queda.
A voz vai começar a substituir o texto como forma de pesquisa. Hoje, 20% das buscas mobile já são via fala. E o uso de voz como interface avança tanto no celular como dentro de casa, com aparelhos como o Amazon Echo e o Google Home. Enquanto as vendas de iPhone atingiram seu pico em 2015 e, então, começaram a cair, as vendas do Amazon Echo disparam. A eficiência do reconhecimento de voz já chegou a 95% – e continua melhorando a passos rápidos.
Publicidade digital e comércio eletrônico
A publicidade online segue em crescimento. Nos EUA, por exemplo, atingiu US$ 73 bilhões. E a propaganda em mobile (US$ 37 bi) já ultrapassou a do desktop (US$ 36 bi).
A atenção dos usuários tem migrado de forma acelerada para o mobile – e abandonado quase que totalmente a mídia impressa. Esta conquista apenas 4% do tempo de atenção dos usuários, embora ainda capture 12% das verbas publicitárias.
A publicidade digital global deve ultrapassar a publicidade em TV ainda neste ano. E 85% deste faturamento (dados americanos) fica com Google e Facebook. Os anunciantes aprendem cada vez mais a medir e, assim, obtêm resultados positivos com a publicidade online. Os slides mostram como certos formatos de anúncio estão se transformando em vitrines segmentadas e também indicam que a fronteira entre o anúncio e a loja está desaparecendo.
Por outro lado, o uso de bloqueadores de anúncios continua a crescer, principalmente em mercados em desenvolvimento.
O atendimento ao consumidor cada vez mais se espalha pelas redes sociais, e as experiências de consumo vêm sendo transformadas pelo uso de tecnologias de big data, machine learning e realidade aumentada.
Enquanto o número de lojas físicas que fecham bate recordes, lojas online como a Amazon, Warby Parker e Bonobos começam a abrir lojas físicas.
Mídia
A disrupção do mercado de mídia segue a passos acelerados. As empresas líderes do mundo digital vêm transformando o mercado, oferecendo melhores experiências de uso e preços mais baixos. 80% dos usuários que cancelaram suas assinaturas de TV a cabo para migrar para serviços digitais alegam excesso de custos como motivo para a troca.
O streaming já é responsável por 52% da receita de músicas gravadas nos Estados Unidos. Com 50 milhões de assinantes pagos, o Spotify foi o principal catalizador dessa mudança. A empresa hoje já gera 20% do total de faturamento da indústria da música no mundo. Algoritmos estão ajudando as pessoas a descobrirem novas músicas. Cada usuário ouve em média 41 artistas diferentes por semana, um aumento de 40% em relação a 2014.
As emissoras de TV aberta nos EUA sofreram queda de audiência média de 10% em minutos assistidos por mês, entre 2011 e 2016, enquanto a Netflix cresceu 669% no mesmo período e já conta com 95 milhões de assinantes pelo mundo. A empresa hoje captura 30% do total de receitas do mercado de entretenimento doméstico nos EUA.
O domínio tem explicação: enquanto o Google foi pioneiro e dominou a busca e organização de conteúdo na web, o Spotify e a Netflix fizeram o mesmo para música e vídeo, respectivamente. Mas o futuro próximo ainda reserva muitas mudanças para esse mercado – ainda não se pode dizer que o jogo está dominado. Mas é fato que as empresas de TV por assinatura estão sendo espremidas de um lado, pelo aumento de custo de conteúdo, e de outro, pela redução de assinantes.
Games
A indústria de games está se tornando mainstream: já são 2,6 bilhões de gamers no mundo. Em 2016, o faturamento da indústria chegou a US$ 100 bilhões. Os principais líderes de empresas de tecnologia como Mark Zuckerberg, Elon Musk e Reid Hoffmann, do LinkedIn, se dizem fãs de videogames.
O mercado de eSports começa a mostrar crescimento acelerado: são 161 milhões de espectadores no mundo, aumento de 40% em relação ao ano anterior. Entre os millennials. a preferência por eSports já empatou com a preferência por esportes tradicionais.
A nuvem
O uso de computação na nuvem acelera as mudanças dentro das empresas. Neste mercado, a Amazon lidera, mas o Google e o Azure, da Microsoft, crescem rapidamente. Por outro lado… a migração para a nuvem aumentou os riscos e as preocupações com segurança.
Saúde digital
O mercado de tecnologia aplicada à saúde está em um ponto de inflexão e inicia um ciclo virtuoso de crescimento. Aparelhos que coletam dados já são usados por número de pessoas suficiente para gerar informações e, por fim, conhecimento, de forma a realimentar o processo e oferecer cada vez melhores dados.
Crescem neste mercado justamente os equipamentos de coleta, desde relógios de corrida até grandes aparelhos hospitalares, cada vez mais conectados em rede. Em 2016, foram vendidos mais de 100 milhões de weareables, e todas as principais empresas de tecnologia já possuem produtos na categoria.
Quanto à análise e ao processamento de tais dados, ainda estamos nos primeiros minutos do jogo. No segmento da pesquisa genética, o volume de dados analisados começa a mostrar uma série de descobertas relevantes e já é usado para gerar remédios personalizados.
Sobre o mercado de tecnologia e a economia do mundo
As grandes empresas de tecnologia são cada vez mais globais. Continuam crescendo e vão atrás de comprar outras grandes empresas. O mercado de fusões e aquisições está em momento robusto. Existem bolsos em que as empresas estão super avaliadas, mas também bolsos em que estão sub-avaliadas.
Para os Estados Unidos, a imigração é o principal gerador de crescimento de empregos em tecnologia. 60% das maiores empresas do setor foram fundadas por imigrantes de primeira ou segunda geração.
Segundo os mais variados índices estatísticos, o mundo tem melhorado significativamente nas últimas décadas.
Os 355 slides