E já caiu um ministro…
Com apenas 37 dias, o governo Bolsonaro já tem uma baixa no primeiro escalão. O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi exonerado após denúncia de que usou candidaturas laranjas para desviar dinheiro de campanha. A exoneração foi publicada no Diário Oficial da União sem que tivesse acontecido qualquer anúncio oficial. Fora da Esplanada, Antônio deve assumir o mandato como deputado federal pelo PSL de Minas Gerais. (Folha)
Após a proposta de idade mínima de aposentadoria igual para homens e mulheres em 65 anos ser criticada pelo vice Hamilton Mourão e pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, a equipe econômica trabalha com uma alternativa, mantendo os 65 anos para homens e estabelecendo 63 anos para mulheres. A proposta que circulou nesta segunda-feira prevê as novas regras somente para quem entrar no mercado de trabalho após a aprovação da reforma, com uma fase de transição para os que já estão trabalhando. (Globo)
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, diz que a reforma vai ter que seguir o rito normal, passando por comissões, mas, que se o governo mobilizar sua base, poderá ser aprovada em três meses. Mas o começo não é muito promissor. Após o líder do governo, Major Vitor Hugo (PSL-GO), soltar uma nota falando em “apoio condicionado” à reforma, os grandes partidos boicotaram a reunião de líderes que ele convocara para discutir a Previdência. Os nanicos presentes representavam somente 45 votos. (Folha)
Enquanto isso, o ministro Paulo Guedes defendeu a idade mínima igual e disse que a reforma da Previdência pode proporcionar uma economia de até R$ 1 trilhão. (Estadão)
A guerra aberta entre Olavo de Carvalho e os generais segue o curso. Olavo já havia batido tanto no chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, quanto no vice-presidente, Hamilton Mourão.
Entrevistado sobre os livros que andava lendo pelo repórter Guilherme Amado, Mourão citou um, citou outro. Quando o repórter lhe perguntou sobre Olavo, ouviu do vice só um riso de deboche.
No Facebook, Olavo acusou o golpe.
Os generais, segundo a Crusoé, permanecerão em silêncio. Mas não gostam da indicação do chanceler Ernesto Araújo, olavista. Tampouco veem com bons olhos a influência dos filhos do presidente no governo, também eles, olavistas.
Guilherme Amado: “Enquanto os militares defendem a profissionalização da comunicação do governo, sem ataques à imprensa, a família Bolsonaro mantém o clima de campanha, quando, todo dia, no melhor estilo PT, afirma ser vítima de uma conspiração midiática. Os generais sabem que de pouco adiantarão as grifes de Paulo Guedes ou de Sergio Moro se os três rebentos continuarem nesta toada. Na avaliação de um general, cada um dos quatro Bolsonaros tem uma missão. Flávio precisará explicar Queiroz. Carlos terá de decidir se quer ser vereador ou tuiteiro. Eduardo deverá aceitar que é deputado, e não chanceler. E Jair precisará entender que, se não controlar os filhos, já existem generais que veem a necessidade de Augusto Heleno ter com o presidente uma nova conversa. Mas, desta vez, em vez de o próprio Jair ser enquadrado, o tema da conversa serão Flávio, Carlos e Eduardo.” (Época)
Não será fácil. Eduardo tem um projeto pessoal outorgado pelo guru de Donald Trump, Steve Bannon: criar um partido de direita forte.
Um dos ministros olavistas, Ricardo Vélez Rodríguez, da Educação, detonou a polêmica da vez. Em entrevista à Veja, atribuiu ao cantor Cazuza a frase “Liberdade é passar a mão na bunda do guarda”. Era do Casseta & Planeta. Lucinha Araújo, mãe e gestora do legado de Cazuza, não gostou e exigiu retratação. Vélez telefonou se desculpando. (Globo)
Bernardo Mello Franco: “Ricardo Vélez Rodríguez, perdeu mais uma chance de ficar calado. Em entrevista à revista Veja, chamou os brasileiros de ‘canibais’ e descreveu os contribuintes que pagam o seu salário como ladrões. O professor também deu aula de desinformação. Atacou Cazuza por algo que nunca disse. Mais adiante, defendeu a volta das aulas de moral e cívica, impostas pela ditadura. Quem estuda o assunto sabe que os alunos precisam de reforço em matemática e ciências. Em outra entrevista, ele ao Valor que as universidades ‘devem ficar reservadas para uma elite intelectual’. Em 2007, o rei Juan Carlos silenciou Hugo Chávez com uma pergunta famosa: ‘Por qué no te callas?’. Vélez é fã da monarquia. Agora que virou ministro, deveria se aconselhar com o ex-soberano espanhol.” (Globo)
Enquanto isso, o MEC ainda não providenciou os mais de 10,6 milhões de livros didáticos para os alunos da rede pública este ano. A maioria dos contratos ficou pronta no início de janeiro, mas os funcionários que deveriam assiná-los foram exonerados. (Veja)
As investigações envolvendo o ex-assessor Fabrício Queiroz e o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) pararam novamente. O promotor Claudio Calo, para quem o caso havia sido designado na última segunda-feira, declarou-se suspeito em relação ao filho do presidente. Calo havia reproduzido em redes sociais entrevistas em que Flávio se defendia e postagens em que o vereador Carlos Bolsonaro atacava a imprensa. O caso agora vai ser distribuído a um novo promotor. (Globo)
Apesar do constrangimento provocado pelo caso Queiroz, Flávio Bolsonaro deve ser indicado pelo PSL para ocupar a terceira secretaria do Senado, responsável por administrar os imóveis funcionais e que dá direito a nomeação de cargos comissionados. Mas ele recebeu outra má notícia. A PGR vai investigar suspeita de lavagem de dinheiro em seus negócios com compra e venda de imóveis.
As medidas de combate ao crime anunciadas pelo ministro Sérgio Moro devem enfrentar oposição no Supremo. Ministros lembram que o fim da progressão de pena já foi considerado inconstitucional e veem com cautela a ampliação da legítima defesa para casos de mortes por policiais. (Folha)
O STJ mandou soltar funcionários e engenheiros da Vale que haviam sido presos por causa da tragédia de Brumadinho.
Em seu primeiro discurso do Estado da União após ter paralisado o governo por mais de um mês e diante de uma maioria de deputados democratas, o presidente Donald Trump mandou sinais conflitantes. Pregou o bipartidarismo desde que a oposição tope a linha dura em imigração, motivo para a queda de braço que travou (e perdeu). Trump insistiu na construção de um muro ao longo de toda a fronteira com o México, ideia já rechaçada pelos democratas, prometeu endurecer a guerra comercial com a China, comemorou bons números na economia e atacou as “investigações partidárias ridículas” contra ele. (Globo)
O New York Times checou o que era verdade e o que não no discurso.
Viver
O Vaticano admitiu pela primeira vez que padres usaram freiras como escravas sexuais. O Papa Francisco acrescentou que algumas congregações (masculinas e femininas) chegaram a ser dissolvidas por estarem “muito vinculadas a esta corrupção”. (Globo)
Os estádios estão entre as formas mais antigas de arquitetura urbana. Hoje, no entanto, são vistos com ceticismo. Isso porque os custos de construção são muito altos, e aqueles construídos para grandes eventos como os Jogos Olímpicos ou a Copa do Mundo da FIFA constantemente caem em desuso e degradação. Mas não precisa ser assim. Arquitetos e planejadores urbanos em todo o mundo estão encontrando novas maneiras de adaptar as arenas esportivas monofuncionais que se tornaram emblemáticas da modernização durante o século 20. Eles podem, inclusive, abastecer as cidades. Como? Gerando energia.
Sabe aquela história de que o café da manhã é a refeição mais importante do dia? Ela pode ser só um mito — criado, veja só, pela indústria de cereais matinais. É verdade que existem alguns estudos independentes sugerindo que o café da manhã traz benefícios para a saúde. Mas eles, segundo explica a turma da Vox, são menos convincentes do que parecem à primeira vista.
Já pensou em alugar um móvel? Pois é. A Ikea está testando uma espécie de ‘clube de assinaturas’ para móveis. O teste, que será lançado na Suíça no final deste mês, funciona assim: os clientes alugarão móveis por um período de tempo predeterminado e, após o período de locação, a empresa reformará os produtos para reutilização. O objetivo é gerar receita repetida, direcionar o tráfego para as lojas e atrair clientes mais jovens.
Cotidiano Digital
Gerard Cotten, fundador da plataforma canadense de investimentos virtuais Quadriga CX, levou um segredo para o túmulo. Literalmente. Ele morreu em dezembro, aos 30 anos, quando trabalhava como voluntário em um orfanato na Índia. O problema é que não deixou com ninguém a senha da criptografia das moedas no cold storage. Agora 115 mil investidores tentam desesperadamente recuperar o equivalente a US$ 190 milhões em criptomoedas que tinham nos computadores da empresa. Até o momento, o trabalho de hackers contatados pela viúva não deu resultado.
Para ler com calma: os riscos que as criptomoedas representam para os investidores.
Cultura
Um dos mais célebres detetives da literatura policial está de volta — é Pepe Carvalho, o investigador gourmand catalão afeito ao esporte da queima de livros e personagem de um dos grandes escritores da abertura espanhola, Manuel Vasquez Montalbán. Montalbán morreu em 2003 e o último livro com Carvalho saiu no ano seguinte. Alguns, como Assassinato no Comitê Central (Amazon), são tidos como clássicos do gênero. Este novo, Problemas de Identidad, é assinado por Carlos Zanón, outro escritor catalão. Mas não é um mero caça-níqueis. Zanón venceu, em 2015, o Prêmio Hammett, mais prestigioso da literatura policial no mundo. E neste novo Carvalho, no qual o detetive segue um mistério em meio à Barcelona independentista de hoje, corre uma brincadeira literária. Pepe se vê às voltas com a ausência dum vizinho escritor que havia construído seu alter ego em livros. Para o detetive, há um quê de alívio em poder ser ele mesmo, longe da sombra emanada pela personagem literária com quem partilhava o nome.
A empresa de monitoramento e inteligência musical Playax analisou as curvas de execução de músicas na internet e nas rádios em 2018. Descobriram que existem relações diferentes entre fãs e hits de sucesso de músicos brasileiros. Eles se envolveram de forma intensa e passageira com MC Loma, do hit Envolvimento (Spotify), por exemplo. Isso é diferente da subida contínua do pagodeiro Ferrugem. Há subidas fugazes, contínuas, irregulares, carreiras estáveis e em queda. Veja os exemplos.
O brasileiro foi menos ao cinema em 2018. Segundo dados da Ancine, o total de pagantes no ano passado foi de 161 milhões, vinte milhões a menos que os 181 milhões de 2017. A queda maior foi no público para filmes estrangeiros, uma vez que os filmes nacionais tiveram uma plateia 25,3% maior em 2018, puxados por Nada a perder, a cinebiografia do bispo Edir Macedo. Por outro lado, o país tem hoje o maior número de salas de cinema, 3.356, desde a década de 1970. Veja a íntegra do informe da Ancine.
E não foram só os cinemas que perderam público. As empresas de TV por assinatura viram sua carteira de clientes encolher 3,03% em 549.833 assinantes em 2018, de acordo com dados da Anatel (veja a íntegra). Embora o número seja ruim, é uma perda menor que a registrada em 2017: 938,7 mil.