Prezadas leitoras, caros leitores —
O que vocês estão em vias de ler é a edição de número 2.000 da newsletter diária do Meio. Já são oito anos de trabalho na defesa da democracia e na valorização da informação de qualidade. Ao longo desse caminho nós crescemos, expandimos nossos produtos para conteúdo em vídeo, podcasts, newsletters exclusivas para assinantes premium, uma plataforma própria de streaming (já disponível a todos os assinantes Meio Premium) e muitas outras novidades que estão a caminho. Para seguir criando e entregando produtos de qualidade é fundamental conhecer nosso público, daí termos convidado os assinantes a participarem de nossa pesquisa. E vocês, como sempre, não decepcionaram. Mais de 2 mil (coincidência?) responderam – confiram os resultados completos –, proporcionando um panorama de quem são, o que pensam e o que esperam de nós.
Muito obrigado pela participação e por permanecerem ao nosso lado na defesa de uma sociedade bem-informada.
— Os Editores.
Apagão em SP vira briga política e eleitoral
A tempestade que desabou sobre São Paulo na noite de sexta-feira, matando sete pessoas em todo o estado e provocando um apagão ainda não resolvido na manhã desta segunda-feira, tornou-se uma batalha política e uma ferramenta de campanha eleitoral em cujo centro está a Enel, concessionária de energia no estado. Até a noite de domingo, cerca de 700 mil endereços continuavam às escuras na capital e em cidades próximas. A empresa alega que o blecaute se deveu à queda de árvores sobre a fiação e acusa a prefeitura de não fazer a poda adequada. Candidato à reeleição, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) reagiu, afirmando que a empresa dificultava esse trabalho e jogando a bola para o Ministério de Minas e Energia, responsável pela concessão, o que provocou um bate-boca online com o ministro Alexandre Silveira. O titular do ministério lembrou também a falta de podas e afirmou ter pedido à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a agilização da caducidade da concessão, o que não foi feito. Adversário de Nunes no segundo turno da eleição, o deputado Guilherme Boulos (PSOL) criticou o prefeito por omissão e também atacou a Aneel, lembrando que sua diretoria, que tem mandato fixo, foi nomeada durante o governo anterior. (Globo)
Segundo a agência reguladora, a Enel não cumpriu o plano de contingência para eventos climáticos que havia sido estabelecido após outro apagão no ano passado. O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, disse que a empresa colocou menos funcionários do que o necessário – 1.700, em vez de 2.500 – nas ruas para mitigar os problemas causados pela chuva. Ele se reuniu na noite de domingo com representantes da Enel e de outras oito companhias que atuam no fornecimento de energia para a capital e a região metropolitana. “A percepção que nós temos a respeito da recuperação do serviço é que ela [Enel] de fato não tem atendido todas as expectativas com relação ao ano passado”, disse Feitosa. Já o presidente da Enel, Guilherme Alencastre, culpou o clima. “De fato, o evento climático foi acima das previsões, mas isso nós, inclusive, vamos aprender a evoluir e ter melhores previsões”, afirmou. (g1)
Enquanto isso... Entidades empresariais e de moradores de São Paulo estão se mobilizando para cobrar na Justiça os prejuízos causados pelo apagão. A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) já avisou que vai abrir ainda nesta segunda-feira um processo contra a Enel, que também hoje vai ser notificada pelo Procon-SP. E o Ministério Público paulista vai incluir o apagão atual em uma investigação já em andamento contra a companhia devido à má qualidade dos serviços. (Estadão)
No que depender de 58% dos entrevistados pela Quaest/Genial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não concorrerá à reeleição em 2026. Esse foi o número apurado na última semana de setembro em pesquisa (íntegra) divulgada pelo instituto neste domingo. Lula deve ser candidato para 40%, enquanto 2% não souberam responder. Em relação ao levantamento anterior, feito em julho, os que são contra a nova candidatura do presidente passaram de 53% para 58%, enquanto os que são a favor recuaram de 45% para 40%. As duas variações estão acima da margem de erro de dois pontos percentuais. A maior oscilação aconteceu entre as pessoas que ganham até dois salários mínimos. Os contrários foram de 40% em julho para 56%, e os favoráveis de 57% para 47%. (CNN Brasil)
A Quaest mostrou também a divisão na direita provocada por Pablo Marçal (PRTB), terceiro colocado no primeiro turno da eleição para prefeito de São Paulo. Com o nome do ex-coach na lista de candidatos para 2026, Lula aparece na frente com 32% das intenções de votos; Marçal vem em segundo, com 18%; e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) em terceiro, com 15%. O ex-presidente Jair Bolsonaro não foi incluído no levantamento por estar inelegível. (UOL)
Embora tenha se empenhado pouco na campanha, Lula ficou entre deprimido e irritado com o desempenho da esquerda, em particular do PT, no primeiro turno das eleições municipais. Como conta Lauro Jardim, na primeira reunião com líderes do partido após a votação, Lula reclamou que a legenda precisa de uma renovação de quadros e de linguagem para atingir o eleitorado que se classifica como “antissistema”. Paulo Pimenta, ministro responsável pela comunicação do governo, não estava presente à reunião. (Globo)
Elio Gaspari: “Lula quis ficar longe da frigideira nas disputas pelo primeiro turno. Talvez tenha sido uma má ideia. Com 15 eleições em capitais na próxima rodada, a chapa esquentou. Se ele entrar de cabeça, só poderá proclamar vitória onde tiver conseguido virar o jogo, e essas capitais parecem ser poucas.” (Folha e Globo)
Mistério
Spacca
Aniversário do Meio. Lula assumiu um país debilitado economicamente, e deu a Fernando Haddad a tarefa de determinar os rumos econômicos do Brasil, numa estrada não sem atritos. Hoje liberamos para todos os assinantes uma Edição de Sábado escrita no ano passado que explica como Haddad entende a economia.
A ONU denunciou neste domingo a invasão por tanques israelenses de uma base da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Finul), o que viola o Direito Internacional. Em comunicado, a Finul disse que os blindados destruíram o portão de um posto em Ramyah, perto da fronteira com Israel, e que pelo menos 15 de seus soldados tiveram de ser hospitalizados devido a bombas de fumaça lançadas pelas tropas israelenses. Enquanto isso, quatro soldados morreram e mais de 60 ficaram feridos em um ataque de drones a uma base militar na região de Binyamina, no norte de Israel. O grupo xiita libanês Hezbollah assumiu a responsabilidade pela ação, que disse ser uma resposta aos ataques israelenses no sul do Líbano e em Beirute. (BBC)
Viver
A Polícia Federal vai investigar a infecção de pacientes pelo vírus HIV após transplantes de órgãos realizados no Rio de Janeiro. O caso foi revelado na semana passada pela rádio Bandnews FM. Pelo menos seis pacientes foram contaminados em procedimentos realizados com órgãos de dois doadores testados pelo PCS Lab Saleme, laboratório particular contratado pela Secretaria Estadual de Saúde. Na sexta-feira, o Ministério da Saúde solicitou a interdição do estabelecimento e determinou que todos os testes de doadores sejam feitos pelo Hemorio, da rede pública estadual. Outros 288 doadores estão passando por nova testagem no estado. Em um indício de fraude, pelo menos um dos laudos com falso negativo para HIV foi assinado por uma pessoa usando o CRM inativo de uma biomédica sem relação com o laboratório. (CNN Brasil)
Meio em vídeo. No Diálogos com a Inteligência, Christian Lynch recebe José Luiz Alquéres, engenheiro e cientista social com experiência à frente de grandes empresas do setor energético, como a Light, Alstom Brasil e Eletrobras. Alquéres oferece uma visão aprofundada sobre os complexos desafios da transição energética, adotando uma abordagem humanística que vai além do pragmatismo usual, e explorando as implicações sociais e culturais dessa transformação. Você sabia que a revista Insight Inteligência está à venda? Você pode garantir o seu exemplar no site oficial. Diálogos com a Inteligência é uma parceria da Insight, editora da revista, com o Meio. O que buscamos é conversar com vários especialistas com uma abordagem não-convencional sobre temas importantes para o Brasil e para o mundo. (YouTube)
Mamutes poderão caminhar novamente pela Terra depois de dez mil anos. Segundo a revista Cell, a mais prestigiosa da biologia, cientistas fizeram em julho a reconstrução de cromossomos de um mamute morto na Sibéria há 52 mil anos. E uma empresa americana de biotecnologia, a Colossal Biosciences, promete que os primeiros filhotes do animal extinto voltarão ao mundo em 2028. (Globo)
Cultura
O publicitário Washington Olivetto morreu neste domingo, aos 73 anos, no Rio de Janeiro. Ele estava internado havia quatro meses, desde que passou por uma cirurgia nos pulmões. Criador de campanhas como o garoto Bombril, o casal Unibanco, o cachorrinho da Cofap e o primeiro sutiã, da Valisere, foi o mais premiado publicitário brasileiro, com mais de 50 Leões no Festival de Publicidade de Cannes. Sua carreira foi marcada também por um sequestro em 2001. O publicitário foi resgatado após 53 dias, por conta de um estudante que estranhou o movimento na casa ao lado. Corinthiano apaixonado, foi vice-presidente de marketing do clube e foi um dos fundadores do movimento Democracia Corinthiana. (Folha)
Relembre algumas das campanhas marcantes de Olivetto. (g1)
Luto também no humor. Morreu no sábado, aos 87 anos, Ary Toledo, que fez o Brasil rir ao longo de 55 anos de carreira. Além do sucesso como comediante, escreveu livros (de piadas), fez “papéis sérios” em filmes e programas de TV e lançou discos de sucesso nos anos 1960. Participou por um longo tempo do Programa Silvio Santos e fez um serviço de “disque-piada” que se tornou febre em São Paulo. (Meio)
Uma frase do historiador Luiz Antonio Simas na abertura da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) deu o tom da edição do evento, que terminou no domingo. “O que espanta a miséria é a festa”, disse. Mesmo tratando de temas mais duros, como as mudanças climáticas, a violência, o racismo e a guerra, a esperança sempre prevalecia, já que os convidados fugiram da resignação e apontaram a literatura como uma alavanca rumo à salvação. A diversidade foi outra marca da Flip deste ano. A festa mesclou nomes como o de Louis e o do influenciador Felipe Neto, mas recebeu críticas pelo local mais afastado para editoras. (Folha e Globo)
Para ler com calma. Obra fundamental da literatura brasileira, Quarto de Despejo, lançado em 1960 a partir dos cadernos manuscritos de Carolina Maria de Jesus, ganhou uma versão em audiolivro pela Supersónica. Narradas pela atriz Tatiana Tiburcio, as sete horas de gravação nos trazem a linguagem e o cotidiano da favela do Canindé, na zona Central de São Paulo de seis décadas atrás. Guilherme Werneck, editor-executivo do Meio, conferiu e relata a experiência. (Meio)
Cotidiano Digital
A Space X conseguiu neste domingo, pela primeira vez, recuperar um foguete da Starship. O pouso aconteceu cerca de 90 minutos após o lançamento na Starbase, a plataforma da empresa, em Boca Chica, no Texas. A missão foi transmitida e comemorada ao vivo nas redes sociais. O presidente da NASA, Bill Nelson, parabenizou a Space X pelo sucesso do quinto voo teste do maior foguete já construído e afirmou que a continuidade das experiências vai levar a missões mais ousadas, com o envio de naves tripuladas ao Polo Sul da Lua e a Marte. A Starship seguiu em voo e contornou boa parte do globo até voltar à Terra e mergulhar no oceano Índico. (CNN)
Se as coisas vão bem para as empresas de Elon Musk no espaço, o mesmo não acontece na Terra. Especialistas e investidores reagiram mal ao evento We, Robots, onde o bilionário apresentou novos protótipos de seu Cybercab, um táxi elétrico autônomo, sem dar maiores detalhes ou um prazo de produção plausível. Como resultado, as ações da Tesla caíram quase 9% no mercado dos EUA. (Meio)
Para ler com calma. Em sua luta para regular as big techs e o poder das redes sociais, legisladores dos Estados Unidos estão contando com aliadas aguerridas: as mães. A ONG Mães Contra o Vício nas Mídias (MAMA, na sigla em inglês) entrou pesado na campanha para aprovar duas leis em Nova York combatidas pelas empresas de tecnologia. E venceu. O grupo, que já tem braços em 12 estados, segue o modelo das Mães Contra Direção Alcoolizada (MADD), organização criada em 1980 e que conseguiu aprovar em todo o país leis draconianas contra motoristas bêbados. (The Information)
Como são feitas as pesquisas eleitorais? Para que elas servem? Por que algumas acertam e outras erram? Se você já se fez alguma dessas perguntas, leia esse artigo da última Edição de Sábado, exclusivo para assinantes premium do Meio. Se ainda não é assinante, leia o comecinho no nosso site, depois assine para ler o resto.