Almodóvar fala do livro ‘O Último Sonho’

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Em entrevista exclusiva à Folha, Pedro Almodóvar discute seu novo livro, O Último Sonho, que mistura ficção e diário, e pode ser visto como o trabalho mais autobiográfico do cineasta espanhol. Almodóvar, prestes a lançar um filme em inglês no Festival de Veneza, reflete sobre a transformação de textos em filmes e expressa desilusão com as ofertas cinematográficas disponíveis. Apesar de afirmar que se tornou mais melancólico e austero, ele ainda responde com entusiasmo e energia característicos, retornando a temas que permeiam sua  filmografia.

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O livro reúne 12 textos criados desde os anos 1960, incluindo uma ficção inspirada em Benjamin Button e relatos pessoais que revelam aspectos de obras passadas como Tudo Sobre Minha Mãe e Dor e Glória. Almodóvar revisita um dos momentos mais dolorosos de sua vida – a morte de sua mãe – em um trecho que considera estar entre suas melhores obras. Ele relembra como sua mãe o ensinou sobre a linha tênue entre ficção e realidade, ilustrando como a ficção enriquece a compreensão da realidade. Enquanto se prepara para apresentar seu novo filme, Almodóvar continua a explorar a interseção entre a vida pessoal e a arte cinematográfica.

Ao ser perguntado se se sentia nu ao se expressar só com palavras, Almodóvar respondeu: “Você sempre se expõe, mesmo numa simples entrevista, porque eu trato sempre de ser sincero. Fazer um livro, mesmo que não seja confessional, mas que conte etapas do que você viveu, tem uma exposição extra. A princípio, eu sou uma pessoa extrovertida, mas que fala pouco a fundo de si mesma. Não sou hermético, mas sou reservado. Quando escrevi Dor e Glória e vi as afinidades do personagem de Antonio [Banderas] com minha própria vida, me perguntei se estava disposto a falar de tudo aquilo com a imprensa. Pensei cinco minutos e vi que não tinha remédio. Eu me tornei um personagem público, mas trato de não falar das pessoas que estão comigo de forma direta. A pessoa famosa sou eu. Tenho cuidado e delicadeza para não roubar parte da biografia dos demais, que eles não gostariam de revelar”. (Folha)

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