Após novas críticas de Lula ao BC, dólar salta a R$ 5,65
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A semana começou com mais um ataque do presidente Lula ao Banco Central. Desta vez, o foco das críticas foi a autonomia da autarquia. O mercado não gostou e o dólar saltou ao maior valor desde 10 de janeiro de 2022, fechando em alta de 1,15%, cotado a R$ 5,65. “Eu estou há dois anos com o presidente do BC do [ex-presidente Jair] Bolsonaro, não é correto isso”, afirmou Lula à rádio Princesa, de Feira de Santana (BA). Apesar disso, ponderou que a autonomia do BC foi aprovada pelo Congresso e será respeitada. “Eu tenho que, com muita paciência, esperar a hora de indicar o outro candidato, e ver se a gente consegue… ter um presidente do BC que olhe o país do jeito que ele é, e não do jeito que o sistema financeiro fala”, acrescentou. Lula tem criticado reiteradamente a atuação do BC e de seu atual presidente, Roberto Campos Neto, que tem mandato até o fim deste ano. Na semana passada, Campos Neto disse que as falas de Lula impactam negativamente preços de mercado e que isso pode dificultar a atuação da autoridade monetária. “O que você não pode é ter um BC que não está combinando adequadamente com aquilo que é o desejo da nação. Não precisamos ter política de juro alto neste momento, a taxa Selic a 10,5% está exagerada”, disse Lula.
A disparada do dólar, que fechou em alta pela quinta sessão seguida, também se deve à pressão dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano, o que justifica a valorização global da moeda americana, principalmente em mercados emergentes. No Brasil, o mau humor dos investidores com a condução da política econômica só cresce, elevando a percepção de risco local, reduzindo a atratividade do real. No ano, o dólar acumula alta de 16,49%. (Valor)
Míriam Leitão: “As entrevistas do presidente Lula têm sido um elemento importante nas oscilações do dólar. É claro que a cotação do dólar também é pressionada por razões externas. Mas o fato é que não há nada na situação econômica brasileira que justifique o fato de o país estar situado entre os piores desempenhos de moedas de países emergentes frente ao dólar. Os erros de comunicação da Presidência da República alimentam a instabilidade cambial brasileira nesse momento”. (Globo)