Lula e Barroso lamentam tentativa de golpe na Bolívia
O presidente Lula se reuniu com o chanceler Mauro Vieira e com Celso Amorim, assessor-chefe da Assessoria Especial da Presidência, antes de o governo divulgar uma nota condenando “nos mais firmes termos a tentativa de golpe de Estado em curso na Bolívia, que envolve mobilização irregular de tropas do Exército, em clara ameaça ao Estado democrático de Direito no país”. O governo brasileiro manifestou “seu apoio e solidariedade ao Presidente Luis Arce e ao Governo e povo bolivianos. Nesse contexto, estará em interlocução permanente com as autoridades legítimas bolivianas e com os Governos dos demais países da América do Sul no sentido de rechaçar essa grave violação da ordem constitucional na Bolívia e reafirmar seu compromisso com a plena vigência da democracia na região. Esses fatos são incompatíveis com os compromissos da Bolívia perante o Mercosul, sob a égide do Protocolo de Ushuaia”. Lula também se manifestou no X, dizendo: “sou um amante da democracia e quero que ela prevaleça em toda a América Latina. Condenamos qualquer forma de golpe de Estado na Bolívia”.
Não há definição se o presidente Lula manterá a visita oficial ao presidente da Bolívia, Luis Arce, programada para o dia 9 de julho, em La Paz. O embaixador do Brasil no país, Luiz Henrique Sobreira, informou ao Planalto que a tentativa de golpe tende a fracassar. Mesmo assim, o Itamaraty avalia que qualquer definição deve ser tomada a longo prazo. “É preciso ir deixando a poeira baixar”, disse ao Meio um diplomata. O temor é que mesmo com a primeira impressão de fracasso, a violência a insegurança no país escale. Lula tentou falar com Arce por telefone, no entanto, o presidente boliviano não estava disponível para o telefonema.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, também condenou a tentativa de golpe de Estado na Bolívia e lamentou que a América Latina ainda seja influenciada por ideias de intervenções militares contra a democracia.
“Li a manchete de que tanques haviam invadido o palácio presidencial. É triste que a América Latina não consiga superar o ciclo de atraso das intervenções militares”, disse o presidente da Corte, pouco antes de seguir para sua viagem a Portugal.