Ata do Copom: BC indica que juros ficarão em 10,5% ‘por tempo suficiente’
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A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decidiu na semana passada de forma unânime manter os juros em 10,50% ao ano, foi divulgada nesta terça-feira. Segundo ata do Copom (íntegra), a pausa no ciclo de queda dos juros se deve à avaliação de que a política monetária deve se manter contracionista “por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação, como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”. “O Comitê se manterá vigilante e relembra, como usual, que eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta.” Apesar de citar fatores externos, o Comitê reiterou que não há relação mecânica entre a condução dos juros americanos e a determinação da taxa básica doméstica. Com relação à piora do cenário fiscal, o Copom diz que “monitora com atenção” e que “uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”. (Bloomberg Línea)
José Paulo Kupfer: “Traduzida do ‘coponês’ — o idioma peculiar e específico das comunicações do Copom —, a mensagem é a de que a taxa básica de juros permanecerá inalterada pelo menos até meados de 2025, podendo até mesmo subir no período. A expressão ‘vigilante’, inserida na ata, é usada, na língua dos bancos centrais, para indicar que, se for preciso, a taxa subirá”. (UOL)
Alvaro Gribel: “O BC deu três motivos principais para parar de cortar os juros na última reunião: cenário externo mais incerto, atividade mais forte no país – com ênfase para o mercado de trabalho e o consumo das famílias – e a piora das expectativas de inflação. Esses três componentes demandam ‘maior cautela’ na condução da política monetária e motivaram que a decisão fosse unânime”. (Estadão)
Alex Ribeiro: “O Copom do BC não foi explícito sobre por que adotou uma postura ‘vigilante’ – palavra usada para avisar que vê riscos no caminho que poderão levá-lo a uma alta de juros – em reunião na semana passada, mas tudo indica que a falta de sintonia da política fiscal está no centro das suas preocupações. O recado geral – incluindo todas as alas do Copom – é que a política monetária não ficará passiva à política fiscal, e vai fazer o ajuste que vier a ser necessário para colocar a inflação na meta”. (Valor)
Enquanto isso… assessores e técnicos do BC têm percorrido gabinetes no Senado para pedir apoio à PEC que amplia a autonomia financeira da autoridade monetária, passando de autarquia especial para empresa pública de natureza especial. A medida é defendida pelo presidente da instituição, Roberto Campos Neto, cujo mandato termina em dezembro. A ofensiva ocorre em meio à mobilização de uma ala dos servidores contrária à mudança. (Folha)