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Para acompanhar situação ianomâmi, Lira cria comissão apenas com membros da oposição

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), autorizou a criação de uma comissão composta por deputados ligados ao bolsonarismo para acompanhar a situação do povo ianomâmi. A iniciativa se deu por ato de ofício da presidência da Casa e é vista como um aceno à oposição, em meio à corrida pela sucessão do próprio Lira em fevereiro.

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Dos 15 parlamentares listados para compor o grupo, sete são do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, seis do União Brasil – que, apesar de deter ministérios e compor a base do atual governo, frequentemente se comporta como oposição no Parlamento –, um do Republicanos e um do MDB. Todos votaram a favor da tese do marco temporal para demarcação apenas de terras indígenas ocupadas antes de 5 de outubro de 1988, quando foi promulgada a Constituição. A deputada Silvia Waiãpi (PL-AP) é a única da comissão com origem indígena.

Coordenadora da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Povos Indígenas e segunda vice-presidente da Comissão da Amazônia e dos Povos Originários, a deputada Célia Xakriabá (PSol-MG) afirmou que vai reivindicar sua participação no grupo. “Depois de 468 dias, ele vem instaurar essa comissão, que foi o primeiro ato de nosso mandato na Câmara”, disse, acrescentando que foi a “primeira e única parlamentar a estar na Terra Indígena (TI) Ianomâmi”, denunciando o que chama de “genocídio” daquele povo.

Junior Hekurari Yanomami, presidente da Urihi – Associação Yanomami e integrante do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami, considerou o ato de Lira como “provocação”. “É um constrangimento para os indígenas, muito grave. O governo Bolsonaro quase nos exterminou e esses parlamentares todos apoiaram o projeto dele”, pontuou o líder indígena, que está em Brasília para reuniões na Funai. “São inimigos da população indígena e da terra.” 

Questionado sobre a situação ianomâmi, Hekurari disse que está longe do ideal, mas “se reestruturando”. “O atual governo está expulsando os garimpeiros, reestabelecendo as unidades de saúde na TI. Sou testemunha e agente desse processo, a cada 24h chega algum auxílio”, afirmou.

O Meio procurou Lira por meio de sua assessoria de imprensa, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.

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