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A CPI da Braskem ouviu presencialmente nesta terça-feira o vice-presidente da empresa, Marcelo de Oliveira Cerqueira, e o engenheiro Paulo Roberto Cabral de Melo, responsável pela exploração de sal-gema em Maceió, atividade que gerou o afundamento do solo em parte da capital alagoana. Os dois foram os últimos a depor à comissão, que deve apresentar nesta quarta-feira o relatório final sobre o caso. 

Cerqueira negou que a Braskem tenha deixado de investir R$ 52 milhões em Maceió, como indicado pelos documentos enviados pela companhia ao colegiado, alegando que os relatórios são trimestrais. O executivo insistiu que a “segurança era tratada como diretriz inegociável” e que o “investimento em segurança sempre foi priorizado”. 

Primeiro a se apresentar aos senadores, Melo ficou em silêncio, alegando que é alvo de um inquérito policial e listando medidas como busca e apreensão, além de quebra dos sigilos bancários pessoal e da empresa de consultoria que comanda. Ele também mencionou um habeas corpus parcial concedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, no início do mês. 

O relator da CPI, senador Rogério Carvalho (PT-SE), não ficou satisfeito com a falta de respostas de Melo e indicou que o engenheiro pode ser responsabilizado no relatório final. O parlamentar chegou a ler um artigo científico publicado pelo profissional em 1992, no qual apontava uma distância mínima de 1,50m entre as cavas abertas para mineração – diferente do que supostamente foi aprovado por ele mesmo na exploração em Maceió, com espaços de 0,75m. 

Instituída em março a pedido do senador Renan Calheiros (MDB-AL), a CPI da Braskem apura as responsabilidades sobre os danos causados pela exploração de sal-gema em Maceió desde os anos 1970. Em 2018, tremores de terra percebidos na capital de Alagoas deram pistas sobre os riscos da mineração no subsolo e no ano seguinte começaram as evacuações em torno da Lagoa Munduaú, cartão postal da cidade. Cinco bairros afundaram cerca de um metro.