Pacheco pressiona por apoio de Lula para candidatos do PSD em Minas
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tem pressionado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para que apoie candidatos do PSD em Minas Gerais, principalmente a reeleição do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman. A iniciativa de Pacheco, no entanto, bate de frente com os planos do PT de lançar a candidatura do deputado Rogério Correa (PT-MG) à prefeitura da capital mineira.
Segundo interlocutores do presidente do Senado, esse assunto já tem sido objeto de conversas de Pacheco com Lula, e o mineiro tem usado o argumento de que projetos separados do PT com o PSD podem entregar de vez a prefeitura da capital e de 80% dos municípios do estado nas mãos da direita. Além de garantir as prefeituras, o PSD tem planos de disputar o governo do estado em 2026, e Pacheco não descarta a possibilidade de ser o nome do partido para isso.
É nesse contexto que Pacheco vem se aproveitando da animosidade entre Lula e o atual governador de Minas, Romeu Zema (Novo) para se colocar como um negociador da dívida de R$ 160 bilhões do estado com a União. A ideia é repassar para o governo federal empresas estatais como a Cemig (energia elétrica), a Copasa (água e saneamento) e a Codemig (exploração de nióbio) em um contrato que prevê uma cláusula de recompra pelo prazo de até 20 anos por parte do estado. Além disso, o governo mineiro cederia para a União parte do que receberá pela repactuação do acordo com a Samarco pelo rompimento da barragem de Mariana, em 2015, com o compromisso do governo federal de investir os recursos no estado.
O entorno de Pacheco diz que esse é um passo no processo de construção da candidatura do senador ao governo do estado, em oposição às forças de direita lideradas por Zema. “É como um jogo de futebol. Não tem como ser artilheiro sem ir fazendo gols ao longo de todo campeonato”, disse, ao Meio, um interlocutor assíduo do presidente do Senado.
Lula já interveio em decisões do PT mineiro nas eleições passadas em função de projetos do PSD. Para a aliança com o então candidato ao governo Alexandre Kalil (PSD), Lula sacrificou a candidatura de Reginaldo Lopes (PT) ao Senado, para apoiar o nome de Alexandre Silveira (PSD) na chapa. Kalil perdeu para Zema. Silveira foi reeleito para o Senado e aceitou o convite de Lula para o comando do Ministério de Minas e Energia.
O PT, por sua vez, não quer sacrificar uma candidatura própria em nome de uma aliança com o PSD. A própria participação de Corrêa na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro já fez parte da construção da candidatura do deputado à prefeitura da capital. Foi uma forma de o fazer conhecido. A presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, apoia o projeto de se ter candidato próprio em Belo Horizonte como forma de o partido começar a reconstruir a imagem em Minas após o governo de Fernando Pimentel (PT).