Brasil atua pelas vítimas da guerra e em defesa da própria ONU, diz Celso Amorim
Assessor especial da Presidência, o ex-chanceler Celso Amorim avalia a atuação do Brasil no Conselho de Segurança como uma forma de defesa das vítimas civis da guerra entre Israel e Hamas e da própria ONU. “Neste momento, o chanceler Mauro Vieira está em Nova York em uma tentativa que não digo desesperada, mas sim quase heroica, de aprovação de uma resolução no Conselho de Segurança”, afirmou. “O Brasil tem atuado não só para defender todos os que sofrem na região – o povo de Gaza, os israelenses que foram alvo de um ataque de características terroristas –, mas para defender a própria ONU. Como podem as Nações Unidas estarem tão inerte diante da situação que estamos vivendo?”, indagou. Ele atribui como principais pontos críticos a “disseminação de ódio e a polarização das mentes”, além do fato de haver dois conflitos simultâneos: no Oriente Médio e na Ucrânia, invadida em fevereiro de 2022 pela Rússia. “Mesmo na Crise dos Mísseis (entre Estados Unidos e a então União Soviética, em 1963), em que havia a irracionalidade do risco de uma guerra nuclear, havia racionalidade na condução dos fatos”, comparou. “Ver a ONU enfraquecida é extremamente preocupante.” (CNN Brasil)
Míriam Leitão: “O Brasil deixa nesta terça-feira a presidência do Conselho de Segurança da ONU após ter encarado um período trágico no seu mês no posto com a guerra terrível entre Israel e o Hamas. Outubro não poderia ser mais desafiador. O país fez um ótimo trabalho, se concentrando na elaboração de uma resolução equilibrada que, infelizmente, foi vetada pelos Estados Unidos. E deixa a presidência do Conselho da melhor forma: trabalhando em um novo texto para ser votado à frente com chance de sucesso. A diplomacia brasileira mostrou a maestria de sempre, utilizando o convencimento e o soft power. É uma diplomacia presente, que busca o protagonismo mas para construir consensos e pontes. Nessa guerra terrível, buscou obstinadamente uma resolução de consenso”. (Globo)
“Mais uma vez, estamos vendo um genocídio se desenrolar diante de nossos olhos, e a organização a que servimos parece impotente para impedi-lo.” A frase é uma das muitas críticas que estão na carta de aposentadoria de Craig Mokhiber, que era diretor do escritório em Nova York do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos, conta Jamil Chade. “O mundo está assistindo. Todos nós seremos responsáveis por nossa posição nesse momento crucial da história”, alertou. “Nas últimas décadas, partes importantes da ONU se renderam ao poder dos EUA e ao medo do lobby de Israel, abandonando esses princípios e se afastando do próprio direito internacional”, afirmou. “Trabalhei nesses corredores durante os genocídios contra os tutsis, os muçulmanos bósnios, os yazidis e os rohingyas. Em todos os casos, quando a poeira baixou sobre os horrores perpetrados contra populações civis indefesas, ficou dolorosamente claro que havíamos falhado em nosso dever de cumprir os imperativos de prevenção de atrocidades em massa, de proteção dos vulneráveis e de responsabilização dos perpetradores.” (UOL)