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Lula sobre poder de veto na ONU: ‘Radicalmente contra’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que é “radicalmente contra” o direito de veto no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Lula reagiu ao veto dos Estados Unidos à proposta apresentada pelo Brasil na semana passada, para um corredor humanitário em Gaza, apesar de ter recebido a maioria dos votos dos países que fazem parte do órgão. “Eu vi uma manchete aqui no jornal dizendo: a proposta do Brasil foi rejeitada. Não é verdade, é mentira. Não foi rejeitada. Tinha 15 votos em jogo, ela teve doze, duas abstenções e um contra. Como ela pode ter sido rejeitada? Ela foi vetada por causa de uma loucura que é o poder de veto concedido aos cinco países titulares do conselho, que eu sou totalmente, radicalmente contra. Isso não é democrático. Os EUA vetam a Rússia, a Rússia veta os EUA”, reclamou o presidente em um café da manhã com jornalistas, no Palácio do Planalto, em que o Meio esteve presente.

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A votação ocorreu no dia 18 de outubro. O texto proposto pelo Brasil sugeria, em especial, a criação de um corredor humanitário para resgatar civis que estão no meio do conflito entre o Hamas e Israel. Até dezembro deste ano, o Brasil é o presidente rotativo do conselho. Os EUA são membro permanente do colegiado e, por isso, têm o poder de veto, assim como China, França, Reino Unido e Rússia. Também fazem parte do colegiado Albânia, Emirados Árabes Unidos, Equador, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique e Suíça. O Brasil ocupa uma cadeira não permanente no órgão.

No café com jornalistas, Lula não poupou críticas aos membros permanentes. “São os cinco países do Conselho de Segurança que fabricam armas, são os cinco países do Conselho de Segurança que vendem armas e são os cinco do Conselho de Segurança que fazem guerra. É a contradição. Por isso é que nós queremos mudar o Conselho de Segurança, queremos que entrem vários países”, disse. “O que nós queremos é democratizar o Conselho de Segurança da ONU porque hoje ele vale muito pouco”.

Lula voltou a tratar como “insanidade” do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a reação militar sobre a Faixa de Gaza. “Eu não queria que a imprensa brasileira tivesse dúvida sobre o comportamento do Brasil. Primeiro, o Brasil só reconhece como organização terrorista aquilo que o Conselho de Segurança da ONU reconhece. E o Hamas não é reconhecido pelo Conselho de Segurança da ONU como organização terrorista, porque ele disputou eleições da Faixa de Gaza e ganhou. O que nós dissemos? É que o ato do Hamas foi terrorista. Nós dissemos isso em alto e bom som. Não é possível fazer um ataque, matar inocente, sequestrar gente, da forma que eles fizeram, sem medir as consequências que acontecem depois. O que nós temos agora é a insanidade também do primeiro-ministro de Israel, querendo acabar com a Faixa de Gaza. Se esquecendo que lá não tem só soldado do Hamas. Que lá tem mulheres, tem crianças que são as grandes vítimas dessa guerra”, disse o presidente.

Lula afirmou ainda que aguarda uma acordo entre Israel e Egito para a retirada dos brasileiros de Gaza. “Nós não deixaremos um único brasileiro ficar em Israel ou na Faixa de Gaza. Nós vamos tentar buscar todos. Porque esse é o papel do governo brasileiro”, disse Lula. “Se eu tiver informação: ‘olha, Lula, tem um presidente de tal país que é amigo do Hamas’, é pra esse cara que eu vou ligar: cara, fala pro Hamas libertar o refém. Pra que ficar com o inocente detido? Tem gente que precisa de remédio para tomar, tem gente desesperada, libera o refém. E também falar com o governo de Israel: liberta os presos. Abre a fronteira para sair os estrangeiros que queiram sair. Tem brasileiro a um quilômetro da fronteira, gente”, disse o presidente.

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