Saída para a educação no Brasil passa por dinheiro e gestão

Receba as notícias mais importantes no seu e-mail

Assine agora. É grátis.

O Brasil investe menos em educação do que os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), sendo o terceiro pior entre 42 países analisados em gasto por aluno. A jornalista e diretora da ONG Porvir, Tatiana Klix, explica que a maneira de o país melhorar sua posição no levantamento passa por dinheiro e gestão. “O dinheiro é importante, mas precisa ter políticas e investimento adequados.” Em entrevista à jornalista Andrea Freitas no Conversas com o Meio, ela destaca a necessidade de pagar melhor os professores para atrair talentos ao ensino e a educação de tempo integral, para que o aluno tenha mais tempo de convivência e desenvolvimento cultural e socioemocional. Mas o problema começa pela estrutura básica de muitas escolas, que às vezes sequer tem banheiro.

PUBLICIDADE

Ela destaca que as escolas estão buscando desenvolver o lado socioemocional dos alunos, sobretudo após a pandemia, quando piorou a relação entre os jovens, com aumento de relatos de violência e automutilação. Ainda que haja interesse, ela avalia que faltam políticas públicas que orientem melhor os professores e gestores de educação para que boas ideias sejam amplamente desenvolvidas nos espaços de ensino. “Tem de haver uma orientação para que as escolas tenham subsídios para encontrar suas próprias soluções”, defende.

Outro ponto importante é a aprendizagem, com alunos terminando o ensino fundamental sem saber ler e escrever, tampouco sabendo matemática básica. Klix lembra que o governo federal lançou um programa para que as crianças sejam alfabetizadas na idade certa, mas ressalta que é preciso ter vontade política por todos os envolvidos no processo de aprendizado. “Toda criança tem condições e direito de aprender, e é dever do Estado e da sociedade garantir esse direito.”

Mas não só o letramento convencional deve ser oferecido pelas escolas. Klix aposta no ensino de ferramentas digitais para que os jovens tenham condições de exercer a cidadania nos ambientes virtuais, citando a disseminação de inteligências artificiais nos diferentes ambientes da sociedade. “Você não pode deixar que só as escolas privadas, de elite, preparem seus alunos para esse mundo. Todos têm direito a aprender”, enfatiza, enquanto lembra dos grupos sociais sem acesso a internet e a dispositivos eletrônicos.

Os problemas seguem no Ensino Médio, com níveis baixos de aprendizado e altos índices de evasão escolar. Além disso, os jovens são formados em um ambiente desconectado com a realidade do mundo em que vivem. Ela critica a maneira como o país tem realizado a reforma do Ensino Médio por não preparar os professores para as novas disciplinas oferecidas e não dar condições para que os estudantes soubessem escolher seus itinerários formativos. As indefinições sobre carga horária de disciplinas obrigatórias e a quantidade de optativas ofertadas também foram pontos negativos. “A maneira como foi feito esse início de implementação foi equivocado, porque um município que só tinha uma escola não tinha como oferecer todos esses itinerários.” Para Klix, o esforço do MEC deve ser no sentido de contemplar todos os envolvidos para que a reforma seja aplicada na prática, quando finalmente for implementada.

Encontrou algum problema no site? Entre em contato.