Putin: um mal necessário para o mundo

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A Rússia, além de uma das maiores potências nucleares do planeta, é uma federação composta por dezenas de Repúblicas, que estão unidas em torno da figura de um líder. Sem o presidente Vladimir Putin no controle, o jornalista e mestre em cultura russa pela USP Fabricio Vitorino avalia que poderia haver uma divisão perigosa na configuração atual do país, com uma fragmentação do controle de armas nucleares que “poderia ser uma catástrofe para a estabilidade mundial”. Em entrevista à jornalista Andrea Freitas, no programa Conversas com o Meio, ele afirma que Putin é “um mal necessário” para o planeta.

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O presidente russo não tem saído de seu país para encontros multilaterais, como o do Brics, que ocorreu, semana passada, na África do Sul. É que os anfitriões fazem parte de um tratado do Tribunal Penal Internacional e, por isso, deveriam cumprir o mandado de prisão em nome de Putin, causando um constrangimento histórico ao homem que tenta passar a impressão de que está tranquilo quanto à sua situação. “O fato de ele não sair indica que ele não está tão confortável assim. Talvez ele esteja muito mais isolado do que a Rússia gosta de fazer parecer.”

O motim contra Putin organizado pelo grupo Wagner foi considerado uma derrota para seu governo e sua imagem. O fato de que o líder mercenário Yevgeny Prigozhin precisou ser eliminado, após um acidente aéreo mal explicado, demonstra que o ataque em território russo foi real, e não simulado, como se pensava. “Prigozhin, de fato, incomodou Putin”, pondera Vitorino. O grande dilema agora é saber o que o autocrata fará com os mais de 20 mil homens do grupo Wagner. “Eles são foras da lei, mercenários, que não estão sujeitos a convenções internacionais, nem são militares regulares.”

Durante a Guerra da Ucrânia, a linha vermelha entre Rússia e Estados Unidos, criada há 60 anos, ainda na Guerra Fria, continua sendo utilizada para evitar incidentes que poderiam desencadear eventos catastróficos. “Ela é muito importante para dirimir essas confusões que podem levar o mundo a um conflito nuclear.”, explica Vitorino. Ele conta que os russos foram avisados antecipadamente que o presidente americano, Joe Biden, visitaria a Ucrânia e chegaria de trem, para que os bombardeios na área cessassem temporariamente. Quando um míssil atingiu a fronteira entre Ucrânia e Polônia, a diplomacia russa mais uma vez entrou em contato com os americanos para esclarecer que não teve envolvimento no caso. “Eles estão se conversando o tempo todo. Eu presenciei um evento nos Estados Unidos, onde um secretário de segurança digital confessou que essa comunicação acontece com muita frequência.”

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