Se um general quatro estrelas for preso, 1889 acaba, afirma Pedro Doria

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Se ao menos um ou dois generais quatro estrelas forem presos por golpismo, 1889, ano do golpe contra a monarquia que inaugura a República brasileira, acaba finalmente. Essa é a conclusão do jornalista Pedro Doria, no programa #MesaDoMeio. Para ele, Alexandre de Moraes é o ministro certo do STF para conduzir esse processo por “ter noção do papel histórico que ele pode vir a executar”. “E ele quer esse papel”, destaca.

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Para Doria, mais importante do que prender um general por corrupção é fazê-lo por golpismo, porque, “se um único general for para a cadeia por ter planejado um golpe de Estado, todos os generais no futuro vão lembrar que esse país, de alguma forma, mudou”. Essa seria uma mudança de mentalidade fundamental na corporação, porque o militar, segundo o editor-chefe do Meio, faria um novo cálculo: “Eu posso planejar, mas, se eu me der mal e o golpe não der certo, eu cometi um crime e vou ser preso”, pondera. “Acho isso muito importante”, afirma.

O cientista político Christian Lynch classifica os militares como “uma espécie de partido do Centrão”, mas que está dentro da burocracia do Executivo. Ele explica que toda corporação muito hierarquizada tem corrupção, porque é rigidamente orientada a obedecer. “Se você tiver um chefe corrupto, você obedece. Olha o que foi o governo Bolsonaro”, destaca. Ele lembra que, na época do impeachment de Dilma Rousseff, ainda havia em uma ala da esquerda nacionalista uma imagem de “reserva moral” do Exército brasileiro, mas que agora “não está sobrando nada”. “É o Exército de boquinha, do faça o que quiser, mas quero pensão para minhas filhas ou para os netos.”

A colunista Mariliz Pereira Jorge entende que, se os militares suspeitos de corrupção forem presos por golpe, não serão considerados heróis pelo eleitorado da extrema-direita. Ela avalia que será necessária “uma resposta à altura” para o escândalo envolvendo o general de quatro estrelas Mauro Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, envolvido em vendas de joias presentadas pelo regime saudita ao governo brasileiro. “Acho que se não tiver uma punição para essas pessoas que seja exemplar, será uma completa desmoralização.” Mariliz destaca também o silêncio da base bolsonarista sobre o escândalo das joias envolvendo a alta cúpula militar.

Em Brasília, a repórter especial Luciana Lima conta que a sessão da CPMI dos atos golpistas desta terça-feira, dia 15, foi “uma audiência surreal” com tentativas de inverter a responsabilidade dos atentados do 8 de janeiro e ataques à liberdade de imprensa. Parlamentares tentaram desqualificar o trabalho do fotojornalista Adriano Machado, que registrava para a agência Reuters os atos de vandalismo por bolsonaristas “acusando-o de agir como infiltrado, incentivando os ataques”. A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), considerou descabida a convocação do jornalista e defendeu a atuação dos profissionais de imprensa.

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