Arthur Lira é um Eduardo Cunha mais frio, diz Ricardo Berzoini

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O Partido Progressistas, do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, continua pressionando por cargos no primeiro escalão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Mesmo o deputado tendo declarado que a relação entre Executivo e Legislativo tem melhorado, a tensão entre os poderes segue a todo vapor, em Brasília. O ex-ministro dos governos Lula e Dilma Ricardo Berzoini avalia que Lira se aproveita do histórico criado por um de seus antecessores, Eduardo Cunha, que conseguia juntar diferentes grupos da Casa para construir poder e pressionar o então governo Dilma. Em entrevista à repórter especial Luciana Lima no programa Conversas com o Meio, ele diz que a diferença está na tranquilidade de Lira para liderar e negociar com o Planalto. “Arthur Lira é um Eduardo Cunha menos emotivo, menos nervoso, e faz essa disputa de maneira mais fria”, conclui.

O problema é que Lula tem demonstrado resistência para distribuir poder aos partidos aliados, como o PP, do deputado alagoano. Berzoini entende que o PT não ocupa muitos cargos dentro do governo, mas sim, “um espaço proporcional a quem tem a Presidência da República”. Ele defende que parte dos cargos ocupados por petistas são de confiança do próprio Lula, como os ministros Rui Costa, da Casa Civil; Márcio Macedo, da Secretaria-Geral da Presidência; Alexandre Padilha, das Relações Institucionais; e Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social. Enquanto isso, destaca, o Centrão pressiona por pastas ministeriais e cadeiras na presidência de empresas estatais.

Berzoini também reconhece que a negociação do governo com o Congresso será trabalhosa para aprovar pautas que estejam mais ligadas ao lado progressista. “As agendas mais à esquerda são pouco viáveis e o governo tem de ter habilidade para se posicionar de maneira cuidadosa.” Ele avalia que Lula precisará governar com a diversidade da base petista sem deixar que o ambiente polarizado contamine o país. “Porque o Brasil precisa ter paz, pelo menos para pensar em um projeto de desenvolvimento”, pondera. Apesar de o Congresso ter diferentes maneiras de interferir nas decisões do Planalto, ele aposta na capacidade de negociação de Lula para ter governabilidade.

Para o ex-ministro, o desafio do PT não será, no futuro, encontrar um nome substituto a Lula, mas sim, reorganizar suas bases. Ele lembra que o partido tinha força nos movimentos sindical, estudantil e na Igreja Católica, mas a perdeu quando se tornou situação, ao vencer as eleições presidenciais. Em que pese a relevância que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem ganhado nos últimos anos, ao disputar eleições presidenciais enquanto Lula estava inelegível, Berzoini ressalta que Haddad não é Lula e o partido não pode depender de um único líder.

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