Cinco anos sem Marielle e sem respostas para seu assassinato

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Nesta terça-feira, o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco completou cinco anos, sem que as autoridades tenham conseguido definir quem foram os mandantes da execução dela e de seu motorista Anderson Gomes.

Mesmo com tantos outros crimes semelhantes no Brasil, a editora-executiva do Meio Flávia Tavares explica que ter um cargo político dá mais repercussão para o caso. “Claro que, um caso que envolve uma pessoa pública, chama a atenção e mobiliza muito mais”, diz. No programa #MesaDoMeio, ela destaca que a atuação da vereadora – mulher, negra, gay, progressista, defensora dos direitos humanos e do combate à violência policial – criou a conjuntura para que o crime ocorresse. “Quando uma mulher negra e lésbica, vinda das comunidades, começa a tratar da defesa dos diretos humanos nas arenas públicas e começa a potencialmente afetar os negócios de quem vive do movimento contrário, acaba se tornando um alvo”, explica. Ela defende que conhecer o mandante do assassinato permite separar o nível de barbárie que a sociedade tolera.

A colunista Mariliz Pereira Jorge lembra que Marielle não era tão conhecida até sua morte e que o crime causou revolta pela falta de solução. Ela diz que a vereadora foi morta porque seus mandantes nunca imaginaram que o caso tomaria as proporções que tomou e a alçaria em símbolo nacional. “Ela foi um alvo porque essas pessoas queriam marcar território, mandar recados, dizer que ninguém ia mexer no que ela estava mexendo, ao jogar luz em questões como corrupção e violência policial.” Ela também afirma que a falta de solução para o caso reforça o simbolismo do problema da violência no país, tanto na política quanto contra as mulheres.

A repórter especial do Meio Luciana Lima diz que o crime é emblemático e permite a reflexão sobre os anseios da população, que têm se dividido entre aqueles que buscam esclarecimento para o caso, e os que fazem pressão para abafar as investigações. “Que tipo de sociedade vamos permitir ser quando uma mulher é assassinada, enquanto há uma inversão de valores, quando alguns políticos permitem que algum crime não seja investigado”, questiona. Ela lembra de discursos de políticos brasileiros que foram aplaudidos e eleitos enquanto se opunham às investigações.

Mesmo fora do governo, Jair Bolsonaro segue sob os holofotes da política com o caso das joias que recebeu do governo saudita. Luciana conta que, nas rodas de conversa do PL, partido do ex-presidente, a versão comum que circula é que Michelle Bolsonaro voltou aos Estados Unidos para combinar uma versão com o marido para explicar o que ocorreu com os presentes. A repórter também conta que o partido planeja incluir a ex-primeira-dama na política, enquanto lhe dá formação, contando, inclusive, com a contribuição de nomes como o da senadora Damares Alves. Para Mariliz, a impressão é de que Michelle está sendo preparada para concorrer à presidência da República pela legenda.

Enquanto isso, no atual governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chama a atenção de seus ministros, dizendo que os anúncios de ações pelos ministérios devem ser passados antes pela Casa Civil, chefiada por Rui Costa. Luciana explica que o aviso teria sido para alguns ministros como Márcio França, de Portos e Aeroportos, que anunciou um programa de passagens aéreas por R$ 200, sem ter combinado com o governo previamente. “Existe uma preocupação de que os anúncios não sejam apenas popularescos”, conta. Costa disse à imprensa que o governo quer que sejam cumpridas pelo menos 80% das promessas realizadas pelos ministérios. Flávia avalia que um dos motivos para que não se anuncie qualquer proposta sem conhecimento do Planalto é evitar que os temas se tornem peças de desinformação pela oposição nas redes sociais.

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