Presidente do Todos Pela Educação diz que reforma do Ensino Médio pode ser reavaliada, sem revogação

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Adiada pelo Ministério da Educação para consulta pública iniciada nesta segunda-feira, a reforma do Ensino Médio foi idealizada ainda no governo Dilma pelo deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), mas somente seguiu adiante após o impeachment, no governo Michel Temer. Em entrevista ao editor-chefe do Meio, Pedro Doria, no programa Conversas com o Meio, a presidente do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, refuta o argumento dos detratores da reforma, que teria sido feita sem debate, porque a proposta foi concebida ainda no governo petista, mas concorda com a crítica sobre a medida ter sido realizada por uma Medida Provisória. “Essas coisas não devem ser aprovadas por MP, porque não havia nenhuma urgência para isso”, explica.

Um ponto positivo do texto brasileiro foi trazer a ideia de um Ensino Médio mais próximo de como é feito em países mais avançados em educação, como Estados Unidos, Canadá e outros da Europa e da Ásia, como a flexibilidade da grade de ensino por meio de itinerários ou de matérias optativas. “[Nesses países] você não tem um Ensino Médio em que todo mundo faz as mesmas disciplinas, como é no Brasil”, conclui. O problema é que não houve o devido debate aprofundado sobre como seriam os itinerários, tendo sido apenas aprovadas as diretrizes “de maneira atropelada”, sem nenhuma definição no governo Temer. A situação foi agravada pela chegada da pandemia de covid-19 e pelas trapalhadas do governo Bolsonaro, em especial na educação.

Priscila Cruz é contra a revogação da reforma, mas concorda com a pausa na implementação para ajustes como espécie de freio de arrumação. Para ela, a ideia deve ser identificar os problemas e atuar para poder melhorar, “porque tem problemas de concepção que precisam ser ajustados e muitas questões de implementação. Depois, é bola em campo”. Mas, não só. Também será necessário reformar o ensino para que os alunos consigam ir para a universidade e ter uma educação profissional que tenha a ver com sua própria vida, modernizando o ensino profissionalizante para as diferentes economias, como a criativa, a verde e a digital.

O importante agora, segundo a presidente do Todos Pela Educação, é definir os itinerários de ensino para que os alunos possam aprender o que vai ser essencial para seguir sua formação no ensino profissionalizante ou superior, como professores serão formados, quais livros didáticos serão oferecidos nas escolas, como o Enem vai avaliar o aprendizado dos candidatos, e também para que as faculdades possam debater que competências os alunos ingressantes devem ter ao chegar nos cursos superiores.

Priscila explica que o Brasil melhorou seu aprendizado de português e matemática, de 27% dos alunos com aprendizado adequado para 62% em pouco mais de uma década. “Foi uma etapa que respondeu a políticas públicas, porque houve, especialmente em alfabetização, expansão de financiamento e formação de professores.” Não foi o mesmo com o Ensino Médio, que apresenta uma dificuldade histórica no país e uma queda nos resultados de aprendizagem. Ela disse desconfiar dos resultados do último Saeb, porque muitos alunos deixaram de fazer o exame, além do viés avaliativo, mas ressalta que menos de 10% dos estudantes do Ensino Médio tiveram aprendizado adequado em matemática, o que traz problemas sérios em sua formação profissional.

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