Lava-Jato acaba quando MPRJ investiga relação entre advogados e cortes superiores, diz Malu Gaspar

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Apesar de a Vaza Jato ter enfraquecido a credibilidade da Operação Lava-Jato, esse não teria sido o motivo para o fim das operações. Para a jornalista e escritora Malu Gaspar, o fim da força-tarefa se deu quando membros do Ministério Público do Rio de Janeiro começaram a investigar um grupo de advogados que fazia lobby para as cortes superiores. No programa #MesaDoMeio, ela afirma que “a Lava-Jato acabou mesmo quando o [MP] do Rio de Janeiro foi pra cima de um grupo de advogados que tinha conexões estranhas com ministros de várias cortes e desembargadores, e isso vai de Fred Wassef a Cristiano Zanin, que foi alvo dessa operação.” Malu explica que há uma autoproteção desses atores, que vai além do que ocorreu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva: “Hoje é o Lula, amanhã é o Temer, depois poderia ser Bolsonaro”.

No Senado, é dada como certa a aprovação do advogado Cristiano Zanin para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal. O problema é que a indicação de Lula não ajuda a modificar o quadro branco e masculino do STF. O cientista político da Uerj Luiz Augusto Campos lembra que o Poder Judiciário “é uma máquina de prender homens negros, gerida basicamente por homens brancos”. Apesar da redução de desigualdade de gênero no Judiciário, o mesmo não se verificou na questão racial. Ele ressalta que apenas três negros foram ministros em toda a história do Supremo e prevê o agravamento da falta de representatividade feminina na Corte com a futura aposentadoria da ministra Rosa Weber.

De Brasília, a repórter especial do Meio Luciana Lima conta que a relatora da CPMI do 8 de janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), quer mapear uma possível ligação entre os golpistas brasileiros e os apoiadores do ex-presidente Donald Trump na invasão ao Capitólio, nos Estados Unidos. A investigação chega à compra de carros blindados da empresa de Daniel Beck, militante trumpista que vendeu automóveis ao governo Bolsonaro e a governos estaduais, e teve seu capital empresarial multiplicado por 13 em apenas um ano.

Nos Estados Unidos, a CPI do ataque ao Capitólio organizou todas as informações sobre o levante golpista contra o resultado eleitoral, ligando fatos e seus responsáveis. O editor-chefe do Meio, Pedro Doria, acredita que, ao se organizar a cronologia do que houve entre Bolsonaro e seu entorno, é possível encontrar os generais que estiveram diretamente envolvidos na tentativa de golpe no Brasil. Caso isso seja feito, haveria uma boa possibilidade de prender generais golpistas.

Já Malu Gaspar afirma que há uma relutância do governo Lula em mexer com a caserna após os atos golpistas. Um sinal concreto disso seria a indisposição dos petistas a apoiar a CPMI do 8 de janeiro porque ninguém gostaria de convocar militares para depor. Mas, com as provas encontradas pela Polícia Federal nos últimos meses, não haverá outra alternativa. A jornalista entende que será necessário prender militares envolvidos na tentativa de golpe. A questão seria o limite da patente dos condenados à cadeia. “Militar de Mauro Cid [tenente-coronel] para baixo, a gente já está vendo [ser preso], mas e os generais?”, questiona.

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