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Lira se equilibra entre investigações e disputa de poder no Congresso

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Não será preciso apenas mostrar força para ganhar ministérios. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, também precisará influenciar a eleição de seu sucessor na Casa. No programa #MesaDoMeio, o cientista político Christian Lynch afirma que “quanto menos força Lira consegue mostrar em relação ao governo, mais o grupo que ele lidera tende a se fragmentar e ir direto ao balcão do governo”. A “guerra fria” entre Lira e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, explica, tem a ver com esse jogo de poder. “Na verdade, interessa [a Lula] ir desidratando o Lira, ao mesmo tempo que este perde força.”

A repórter especial do Meio Luciana Lima lembra que Lira está em Lisboa, onde participa de um evento de Direito, que também conta com os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e André Mendonça. A viagem ocorre em meio à investigação da Polícia Federal que identificou pagamentos a “Arthur” em um livro-caixa de um de seus assessores investigados em desvio de recursos destinados a kits de robótica. Os desvios podem chegar a R$ 8 milhões. O dinheiro para a compra dos kits foi repassado via orçamento secreto a escolas de Alagoas, reduto de Lira.

Mesmo pressionado pelas investigações, o deputado deve seguir pleiteando cargos no governo federal. Para o cientista político Luiz Augusto Campos, o jogo do presidente da Câmara é parecer que espera ganhar a queda de braço para inserir um de seus aliados no Ministério da Saúde, mesmo tendo consciência de que não há possibilidade de a ministra Nísia Trindade ser substituída na pasta. “Acho que tem muito jogo palaciano acontecendo e muitos jogos interpalácios”, aposta.

Enquanto isso, Jair Bolsonaro pode se tornar inelegível no julgamento retomado nesta terça-feira, dia 27, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo Christian Lynch, o ex-presidente espera que sua inelegibilidade ponha panos quentes em sua situação na Justiça, evitando que ele seja preso. O que seria difícil, já que, ao perder a imunidade, os processos que estavam travados automaticamente passaram para tribunais de primeira instância. “Acho difícil que alguém não o coloque em cana, mais cedo ou mais tarde.”

Caso se torne inelegível, a grande dúvida é sobre o sucessor de Bolsonaro na próxima eleição presidencial. A jornalista Mariliz Pereira Jorge diz ter “muito mais medo do que pode vir [no próximo pleito] sem Bolsonaro no páreo”. O receio é que o ex-presidente seja substituído por “alguém pior, com mais verniz”, que demonstre ser mais palatável num primeiro momento, mas que siga os projetos bolsonaristas, que puseram a democracia brasileira em risco. Ela entende que o enfraquecimento de Bolsonaro “foi causado por ele mesmo”, ao desaparecer após perder as eleições e deixar seu movimento sem liderança clara.

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