Lula relembra Severino e diz a Lira que não vai interferir em eleição na Câmara

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De Brasília

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O primeiro encontro do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), teve assuntos espinhosos não tocados como o orçamento secreto, além de lembranças de antigas da política brasileira. Ao garantir a Lira que não vai interferir na eleição da Câmara, o petista lembrou o desgaste para o PT, em 2005, quando os deputados elegeram o deputado Severino Cavalcante (PP-PE), um parlamentar do chamado “baixo clero”, derrotando o candidato petista Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP).

Lula lembrou que estava fora do país quando Severino foi eleito. “Fui dormir com o Greenhalgh eleito e acordei com um bilhete passado por debaixo da minha porta, dizendo que Severino era o novo presidente da Câmara”, teria dito o petista a Lira. Lula informou que a primeira coisa que fez foi ligar para Severino, dar os parabéns e, ao retornar ao país, chamou o novo presidente da Câmara para um café no Planalto.

Segundo pessoas presentes ao encontro, Lula apontou que ele e o PT são “escaldados” na relação entre os poderes e que ele tem experiência para saber que não é bom para o governo entrar diretamente em questões internas do Legislativo.

Lira, por sua vez, quebrou o clima de tensão logo quando Lula chegou à Residência Oficial da Câmara, transmitindo a Lula um abraço de seu pai, o ex-senador Benedito de Lira, com quem Lula teve boa convivência no primeiro mandato.

Melhor ter por perto

O encontro de Lula com Lira suscitou em Brasília as mais variadas teorias. Uma das mais frequentes é a comparação do alagoano ao ex-presidente da Casa, Eduardo Cunha, que tomou a decisão de iniciar o processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT).

Um petista da ala mais radical do partido defendeu o apoio a Lira e argumentou que Cunha venceu as eleições contra o candidato petista Arlindo Chinaglia (PT-SP). “A diferença agora é que Lira pode vencer com o nosso apoio”, disse, em reservado, um membro da ala de esquerda do partido, que reconheceu a qualidade de “cumpridor de acordos” do atual presidente.

“Qualquer acordo aqui é sempre precário. Eu me lembro o processo de impeachment. Lula montou um QG no hotel e teve deputado que falou uma coisa lá, e fez outra coisa no plenário. Vi o Maluf dizendo que ia se abster, veio aqui e votou a favor do impeachment. O Gonzaga Patriota chorou no ombro do Lula porque o presidente lembrou da morte do filho dele. Disse a Lula que nunca deixaria de atender um pedido. Chegou no Plenário e votou pelo impeachment”, lembrou o petista.

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