#MesadoMeio: Enquanto Bolsonaro se esquiva, Centrão fará transição de governo

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“Bolsonaro vai continuar falando com os seus, esperneando, ao mesmo tempo em que quem de fato governa o país, que é o Centrão, vai tocar a transição”, avalia o editor-executivo do Meio Leonardo Pimentel, ao comentar a atitude do atual presidente de não reconhecer explicitamente a derrota eleitoral em entrevista coletiva realizada nesta terça-feira, dia 1, no Palácio da Alvorada. Após o breve discurso do presidente, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, anunciou que o atual governo vai fazer o processo de transição junto à equipe do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em conversa no programa #MesaDoMeio, Pimentel diz que o fato de os presidentes da Câmara e do Senado aderirem de pronto ao resultado das eleições mostra que não permitirão que Bolsonaro aproveite seus dois últimos meses de governo para passar decretos que prejudiquem o futuro do país.

As paralisações que ocorrem em rodovias por todo o país em protesto à vitória de Lula ganharam força pela falta de uma mensagem incisiva de Bolsonaro pedindo a desmobilização dos atos de cunho golpista. Para Mariliz Pereira Jorge, ele também não admitiu a derrota e questionou o resultado das urnas em seu discurso evasivo aos jornalistas. “Ele incitou a militância ao falar que os movimentos populares são frutos de injustiça de como se deu o processo eleitoral”, interpreta a jornalista. O cientista político Christian Lynch avalia que a estratégia do presidente é dar apoio indireto aos manifestantes para não se comprometer de fato com os movimentos, ao passo em que tenta tirar algum proveito das manifestações. “Bolsonaro sinaliza a seus radicais fascistas que eles podem continuar fazendo baderna, desde que não pareça uma baderna”, comenta.

A repórter especial do Meio em Brasília Luciana Lima ressalta que as paralisações são movimentos organizados pelas redes sociais com a conivência ou omissão de Bolsonaro e sua família. Segundo ela, “Bolsonaro passa a mensagem dúbia exatamente para poder manter sua mobilização e também roubar o noticiário político”. Para Luciana, o presidente se apoia em sua base radical, a única que sobrou após sua derrota. “Bolsonaro fez um discurso de um presidente totalmente isolado, que não conseguiu nenhum apoio, nem das Forças Armadas, nem do entorno dele.”

Prevendo alguma tentativa de golpe em caso de derrota de Bolsonaro, Mariliz recorda que diversos políticos nacionais e internacionais agiram rapidamente para reconhecer a vitória de Lula e isolar o atual presidente, com o intuito de enfraquecer a possibilidade de uma mobilização bolsonarista para desacreditar o resultado das urnas e atentar contra a democracia. Christian Lynch acredita que Bolsonaro tenha utilizado a estratégia de causar alguma instabilidade social para negociar uma saída segura do governo. “Ele certamente fomentou a arruaça para tirar do Supremo uma garantia de anistia a respeito dos atos antidemocráticos. Foi para isso que ele insuflou a insurreição, para poder barganhar.”

O cientista político aposta em uma tentativa futura de os governadores eleitos Romeu Zema, em Minas Gerais, e Tarcísio de Freitas, em São Paulo, assumirem uma alternativa à direita nas próximas eleições presidenciais. “Esses caras não têm interesse em continuar respondendo ao bolsonarismo”, pondera. Leonardo Pimentel avalia que o movimento de Tarcísio reconhecer a vitória de Lula e conversar com Fernando Haddad para dialogar com o Planalto em 2023 é uma maneira de atrair a direita moderada e vislumbrar a simpatia do centro democrático. Ele ressalta que haverá uma concorrência de outros candidatos que estarão no Congresso na próxima legislatura buscando o leitor moderado, como é o caso do senador eleito Sérgio Moro.

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