Damares usa polêmicas como cortina de fumaça para o governo, diz Tabata Amaral

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Ao comentar sobre a última polêmica envolvendo falas da ex-ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos Damares Alves (Republicanos-DF), a deputada federal reeleita Tabata Amaral (PSB-SP) afirma que a senadora eleita se utiliza desse artifício para esconder o desmonte que ela permitiu que ocorresse enquanto ministra, quando o governo tirou verba do combate à exploração infantil e ao tráfico humano, além do corte de recursos para políticas voltadas às mulheres.

A senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF), disse durante um culto, no sábado, dia 8, que conhece supostos casos de abuso sexual infantil na Ilha de Marajó, no Pará, em que crianças teriam os dentes arrancados para “não morderem no sexo oral”. Em entrevista ao programa #MesaDoMeio, Tabata disse que “na hora que [Damares], de forma irresponsável, planta uma polêmica dessas, você garante que as pessoas falem sobre isso, e não sobre todo o desmonte que eles [do governo Bolsonaro] fizeram, não sobre quanto que esse governo é prejudicial às mulheres e às meninas deste país”.

Olhando para o resultado das eleições para o Congresso Nacional, ela avalia que este foi um pleito muito ruim para o centro, que segundo a deputada é quem “governa, que traz soluções e dialoga”. As candidaturas de centro-esquerda perderam espaço para a esquerda e as de centro-direita para as mais à direita do espectro político. Tabata acredita que a consequência desse novo quadro é a perda da capacidade de diálogo no Congresso. “[Vai ser] muita gente gritando, fazendo discurso para as redes sociais, mas pouca gente disposta a fazer a costura ouvindo a sociedade, conversando com quem pensa diferente”. A deputada também reclama da elitização da centro-esquerda e centro-direita nos debates, que não falam dos problemas da periferia. “A política se distanciou muito do povo e o povo deu seu recado, mais uma vez”, avalia, ao interpretar o achatamento do centro ideológico para a próxima legislatura.

Apesar de estar mais ligada à esquerda, a deputada é alvo constante de críticas desses militantes, que não a perdoam por suas posições políticas e posicionamentos na Câmara, como quando votou a favor da Reforma da Previdência. Mas ela se defende, afirmando que “a esquerda no poder se comportou de forma absolutamente diferente da que se comporta quando não se está no poder”, ao citar que a ex-presidente Dilma Rousseff tentou realizar uma Reforma da Previdência em seu governo, sem sucesso, e seu ex-correligionário Ciro Gomes (PDT), que também propôs uma reforma em sua candidatura à Presidência da República em 2018. Tabata acredita que um possível próximo governo de esquerda será “mais moderado economicamente”, e que a forma de Lula governar será mais próxima dos movimentos que fez ao centro, apesar de não ser a preferência do grupo que ela chamou de “esquerda tuiteira”.

Ativista dos direitos pela educação, a deputada federal lembrou da piora dos resultados dos estudantes em português e matemática durante o atual governo. Ela fala da importância de focar na formação do professor, que tem sido precarizada com ensino à distância e foco excessivo em teoria, sem a devida prática. “Me preocupa muito essa precarização que a gente vê do ensino privado nos cursos de pedagogia e licenciatura, mas também me preocupa essa ideologização, que faz com que esse ensino seja tão teórico nas melhores faculdades públicas.” Tabata Amaral também aponta o problema da escola de hoje, que não é interessante para o estudante, que por sua vez não vê valor no ensino que lhe é proposto. Como caminhos, ela propõe uma educação de ensino integral, com diferentes disciplinas e aprendizados para os alunos, o ensino profissionalizante, que traga qualificação para o jovem ingressar no mercado de trabalho, e uma renda para alunos de baixa renda, para que possam se dedicar aos estudos.

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