Base fiel de Ciro é pequena e eleitores podem migrar para Lula no 1º turno, avalia especialista

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O cientista político da Fundação Getulio Vargas (FGV) Cláudio Couto, em entrevista ao programa Conversas com o Meio, disse acreditar que a base mais inflamada do candidato Ciro Gomes (PDT) é pequena, e que boa parte de seus eleitores poderão acabar convertendo seus votos em Lula, ainda no primeiro turno. Para ele, “uma eleição como essa, tão acirrada, com ânimos tão inflamados, e que tem tanta coisa em jogo – inclusive a própria democracia – tem uma capacidade de produzir essa migração de voto útil no primeiro turno muito maior que em eleições anteriores”. Couto lembra ainda, que o próprio Ciro recebeu muitos votos úteis no pleito anterior, por ser apontado como o candidato com mais chances de derrotar Bolsonaro no segundo turno.

O discurso de Jair Bolsonaro (PL) em um podcast evangélico, nesta segunda-feira, dia 12, que disse deixar o governo, caso perca a eleição, foi visto com desconfiança pelo cientista político, que acredita em uma contestação por parte do presidente, caso o resultado lhe seja negativo. Mas Couto avalia que os questionamentos poderão ser minimizados, caso haja uma vitória de Lula no primeiro turno, que seria visto como um endosso popular, que mostra a confiança no candidato eleito, dificultando o questionamento do resultado das urnas. Para ele, “quanto mais tempo [Bolsonaro] ganhar [na campanha], mais confusão ele criará”.

O cientista político acredita que vai demorar algum tempo para que o próximo governo consiga sair do atoleiro em que o Brasil se meteu após o governo Bolsonaro. Ele lembra dos desmontes nas áreas da saúde, educação, cultura, meio ambiente, e as políticas externa e de direitos humanos, que foram prejudicadas ao longo da atual gestão. “É só olhar para qualquer pedaço desse governo e reparar na desestruturação que houve dessas áreas, da burocracia, propriamente dita, aos servidores de carreira, que tinham expertise, que poderiam dar conta desses problemas, e que foram afastados, substituídos por gente sem qualificação”, explica.

O presidencialismo de coalizão também precisará ser reorganizado, depois da consolidação do orçamento secreto no Congresso Nacional. O desafio do próximo presidente eleito será mudar o desenho institucional para garantir uma possível governabilidade sem ficar tão refém do poder de barganha dos deputados e senadores. “Ainda que a gente possa ter um presidencialismo de coalizão, não será o mesmo que nós vimos até então. Ele vai ter de ser montado de uma outra forma, com um presidente mais fraco do que foram os presidentes, pelo menos até o [Michel] Temer”, avalia.

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