Prezadas leitoras, caros leitores —
No domingo, dia 13, completam-se exatos cem anos que começou, no Theatro Municipal de São Paulo, a Semana de Arte Moderna. A data é, de certa forma, aleatória — mas a década de 1920, quando a chamamos de ‘moderna’, não é à toa.
Foi mesmo um tempo diferente.
Num repente, os vestidos das mulheres subiram dois, três palmos, revelando seus joelhos. Elas ganharam o poder de voto em diversos países. Pela primeira vez em séculos passaram a circular com cabelos curtos. E, independentes como eram, adotaram também o hábito até então masculino de fumar cigarros.
A música, no jazz americano, mas também no samba brasileiro, levou a um tipo de dança com ritmo, agitação — animação. O rádio explodiu. De repente havia um novo meio de comunicação de massas, radical, até hipnótico. Tecnologia de comunicação estava a toda. Foi naquele tempo que o cinema ganhou voz. E o número de jornais, com toda sorte de pontos de vista políticos, se multiplicou. Cada nicho tinha o seu.
Nos anos 20, criou-se como nunca e, em meio à multiplicidade de novos movimentos artísticos, a cada ano parecia que havia um novo, veio também uma revolução sexual. Como se escreveu sobre sexo, como se pintou a sexualidade no Surrealismo, e, ora, ‘Eros e Thanatos’, uma das obras fundamentais de Sigmund Freud, foi publicada em 1920.
Eros, a sede de vida, a paixão criativa, estava no ar. Pudera. A Primeira Guerra matou até 1918 40 milhões de pessoas. Logo depois, a pandemia da Gripe Espanhola matou outros 50 milhões. Depois de tanta morte, quem sobreviveu precisou buscar esta vida, teve a necessidade de aproveitar cada segundo.
Só que Thanatos já rondava por ali. Países proibiram o álcool no mesmo instante em que tantos queriam festa. E o fascismo mostrava suas garras, lentamente consumindo a Europa quase toda.
Será, apenas será, que os anos 2020 serão como os 1920? Um mergulho para compreender por que aquela década foi daquele jeito pode nos ajudar a imaginar o futuro.
Este é o tema da Edição de Sábado do Meio. Mas não só.
Ao contrário da Gripe Espanhola, a pandemia de covid-19 contou com a omissão e até a cumplicidade do governo, expostas por uma CPI cuja conclusão completa 100 dias. Meio conversou com o presidente da comissão, o senador Omar Aziz (PSD-AM), que critica a lentidão dos processos, mas afirma que eles “estão andando”.
E no domingo acontece o Super Bowl, o grande evento do futebol americano. Só que, por trás da festa, a NFL carrega a mancha do racismo. Embora a maioria dos atletas seja negra, a posição nobre de quarterback e o cargo de técnico são quase que exclusividade branca.
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— Os editores
Milícias digitais incluem lives de Bolsonaro, diz PF
As milícias digitais que agem contra as instituições democráticas usaram a estrutura do chamado “gabinete do ódio” e incluem as lives semanais do próprio presidente Jair Bolsonaro (PL). A informação consta de um relatório, ainda não conclusivo, enviado pela Polícia Federal ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre Moraes. Gabinete do ódio é o apelido de um grupo de assessores e pessoas ligadas ao presidente voltado para a difusão na internet de notícias falsas e difamação de adversários. Segundo o relatório, assinado pela delegada Denisse Ribeiro, os investigados “se uniram de forma estruturalmente ordenada” para obter vantagens financeiras e políticas. O documento cita como exemplo da campanha ordenada de desinformação a live em que Bolsonaro atacou sem provas o sistema de urnas eletrônicas e a ampla divulgação de tratamentos sem eficácia contra a covid-19 e de informações falsas contra as vacinas. (UOL)
Aliás... A postura do presidente em relação às vacinas o desgastou perante a opinião pública, admite o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), coordenador da campanha do pai à reeleição. Mas o Zero Um tem um discurso pronto. “Bolsonaro garantiu a vacina para todo o Brasil. Quem quis tomar a vacina teve acesso a ela. Ele é a favor da liberdade de a pessoa escolher o que quer fazer”, argumenta. O senador também atacou as pesquisas que mostram o ex-presidente Lula (PT) liderando a corrida eleitoral e desqualificou o ex-ministro Sérgio Moro (Podemos), chamado de traidor. (Globo)
Enquanto isso... Jair Bolsonaro apresentou ontem em sua live semanal uma “prova” de que as pesquisas eleitorais são falsas: a comparação de audiência entre sua transmissão e a live de aniversário do PT. Como seu público online foi maior, as pesquisas, que seguem metodologias científicas, “não batem com a realidade”. (UOL)
Guilherme Amado: “O ex-presidente Lula assegurou a um grande empresário do agronegócio que Geraldo Alckmin irá se filiar ao PSD para disputar a eleição como o seu vice.” (Metrópoles)
Enquanto isso... O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira quer que a distribuição de cargos no comando de uma federação com PT, PV e PCdoB leve em conta o número de prefeitos e vereadores, onde sua legenda leva vantagem, em vez somente da bancada federal. Com mais deputados, os petistas não aceitam, enquanto os partidos menores, que têm poucos prefeitos, temem ficar de fora da cúpula da federação. (Folha)
A migração do ex-ministro Sérgio Moro do Podemos para o União Brasil foi descartada, segundo fontes ligadas ao pré-candidato. Mesmo uma coligação entre os dois partidos parece cada dia mais difícil, devido a questões regionais. Em vários estados, líderes locais da nova legenda são aliados de adversários de Moro, como o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Lula (PT). Além disso, alguns dos prováveis candidatos do União Brasil foram investigados pela Lava-Jato e repelem uma aliança com o antigo algoz. (UOL)
O STF formou maioria em julgamentos que beneficiaram o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e os senadores do MDB Renan Calheiros (AM) e Jáder Barbalho (PA). Os dois casos são relatados pelo ministro Edson Fachin. No primeiro, ele rejeitou uma denúncia de corrupção passiva contra Lira no âmbito da Lava-Jato. Ele é acusado de receber propina de R$ 1,5 milhão da construtora Queiroz Galvão. No segundo, arquivou um inquérito contra Renan e Jáder, por um suposto esquema de propinas na construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Fachin afirmou que a PGR não conseguiu provar o pagamento a Lira nem ligar os senadores às propinas, e foi acompanhado por Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Rosa Weber. Os julgamentos no plenário virtual terminam hoje. (CNN Brasil)
Dois pesos, duas medidas. Bolsonaristas como o secretário de Cultura, Mário Frias, e os deputados Bia Kicis (PSL-DF) e Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) saíram em defesa do ex-BBB e comentarista Adrilles Jorge, demitido da Jovem Pan após fazer ao vivo um gesto semelhante a uma saudação nazista. Ao mesmo tempo, o Zero Três anunciou uma ação no Conselho de Ética da Câmara contra o colega Kim Kataguiri (DEM-SP), que, no podcast Flow, classificou como “um erro” a Alemanha ter criminalizado o nazismo após a Segunda Guerra. O motivo para as posturas conflitantes? Uma pista: Kataguiri, líder do MBL, rompeu com o governo Bolsonaro e faz campanha para Sérgio Moro (Podemos). (Estadão)
Enquanto isso... O Tribunal de Justiça do Rio deu 48 horas para que Flow tire do ar e de suas redes sociais os comentários do apresentador Bruno Aiub, o Monark, em que ele defende a criação de um Partido Nazista no Brasil. A ação foi movida pela Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (Fierj). Kataguiri criticou a Alemanha no mesmo episódio do podcast, e Adrilles fez o gesto polêmico ao defender acaloradamente Monark, afastado do Flow após reação de patrocinadores. (UOL)
Meio em vídeo. Partido Nazista pode nos Estados Unidos, mas não pode na Alemanha? Por que Partido Nazista não pode, mas Partido Comunista pode? Como é que a gente decide se uma ideia é perigosa demais para circular? A semana ficou carregada com essas perguntas pairando no ar. E elas têm respostas. Confira no Ponto de Partida. (YouTube)
O Departamento de Estado dos EUA orientou os cidadãos americanos a deixarem a Ucrânia, diante do risco de conflito com a Rússia. Segundo o presidente Joe Biden, “as coisas podem enlouquecer rapidamente”. (g1)
E lá no ministério agro...
Orlando Pedroso
Cultura
No próximo domingo completam-se 100 anos do início, em São Paulo, da Semana de Arte Moderna, um divisor de águas na cultura brasileira. O centenário já movimenta a capital paulista desde o ano passado, mas este é o momento de mergulhar no movimento modernista. Para isso, exposições em praticamente todos os museus da cidade trazem mostras tanto de modernistas de 1922 quando de artistas influenciados por eles. Mas o modernismo paulistano não está fechado em galerias, confira esta lista de passeios que evocam o clima que gerou o movimento capitaneado por Mário e Oswald de Andrade (que não eram parentes) e o legado para a cidade. (Folha)
Admita, desde Parque dos Dinossauros (1993) você queria ver dinossauros detonando uma grande cidade – não, Mundo Perdido (1997) não conta. A espera acabou. Saiu ontem o trailer de Jurassic World: Domínio, que não só traz velociraptors, tiranossauros e companhia infernizando o mundo moderno, como ainda reúne os elencos das duas trilogias. A estreia, infelizmente, é só no dia 10 de junho. (Omelete)
A banda norueguesa de pop rock A-Ha, sensação nos anos 1980 e 90, adiou para julho os shows de sua turnê brasileira. O motivo, claro, é a pandemia de covid-19. A excursão mundial do grupo celebra os 35, ok, 37 anos de lançamento de seu disco de estreia, Hunting High And Low (Spotify) que tomou de assalto as paradas em 1985. Os ingressos para os shows de Recife e São Paulo estão esgotados, mas ainda há lugares em Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Curitiba. (Estadão)
Boas notícias, pessoal! Futurama, série cult de Matt “Os Simpsons” Groening, vai ganhar 20 novos episódios sob encomenda do canal de streaming Hulu. Para quem não conhece, é a história de Fry, um sujeito que não entrou na fila de distribuição de cérebros, que é congelado acidentalmente em 2000 e descongelado em 2999. Com amigos alienígenas, robóticos e mutantes, ele tenta ganhar a vida na nova realidade. O último episódio da série original foi ao ar em 2013, para tristeza dos fãs. (Variety)
Viver
Após mais de 40 dias, a média móvel de novos casos de covid-19 apresentou tendência de queda, mas os números ainda são muito altos. Ontem foram confirmadas 165.359 novas infecções, com média em sete dias de 146.540, o representa queda de 20% em relação ao período anterior. O intervalo entre 15% positivo e 15% negativo é considerado estabilidade. A média de mortes também desacelerou, mas segue em alta. Na quinta-feira foram 922 óbitos, perfazendo média de 874, com alta de 85% em relação a 14 dias atrás. (g1)
E o perfil dos brasileiros que foram hospitalizados ou morreram de covid-19 mudou com a vacinação, segundo estudo da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (SP). Com base em dados 2.777 pacientes atendidos entre 5 de janeiro e 12 de setembro de 2021 no hospital de referência da região, os pesquisadores compararam os perfis de vacinados e não vacinados e concluíram que, no segundo grupo, fatores como comorbidades apresentavam riscos muito mais sérios que entre os imunizados. (UOL)
Enquanto isso... A prefeitura de Nova York ameaça demitir hoje cerca de três mil funcionários públicos que se recusaram a tomar vacinas contra a covid-19. Eles representam menos de 1% da força de trabalho municipal, mas, ainda assim, será a medida mais drástica tomada nos EUA contra o movimento antivacinas. (New York Times)
A União Nacional do Estudantes (UNE) pediu ontem ao Inep que revise as notas do Enem 2021, argumentando ter recebido reclamações de pessoas que prestaram o exame sobre discrepância no resultado, se comparado com o gabarito. Prevista para hoje, a divulgação das notas do Enem foi antecipada para a noite de quarta-feira pelo MEC, mas os estudantes levaram horas para conseguir obter os resultados na página do Inep. (Folha)
Para ler com calma. A nota do Enem não é simplesmente uma soma de acertos. O Inep trabalha com um modelo chamado Teoria de Resposta ao Item, onde questões são classificadas como “fáceis”, “médias” e “difíceis”. Se um estudante acerta uma questão difícil de uma matéria, mas erra as fáceis, o modelo interpreta que ele pode ter “chutado” e atribui um valor menor ao acerto. Assim, duas provas com o mesmo número de acertos podem ter notas diferentes. (g1)
Morreu na terça-feira, nos Estados Unidos, o virologista francês Luc Montagnier, que ganhou o Nobel de Medicina em 2008 por ter identificado em 1983, junto com dois colegas, o vírus HIV, causador da Aids. Nos últimos anos, Montagnier provocou revolta na comunidade científica ao adotar um discurso contra as vacinas em geral e da covid-19 em particular, à qual atribuía, sem apresentar dados, o surgimento de novas variantes do coronavírus. Ele tinha 89 anos, e a causa da morte não foi divulgada. (UOL)
Cotidiano Digital
O Congresso promulgou ontem a PEC que inclui a proteção de dados pessoais entre os direitos fundamentais do cidadão. Agora parte da Constituição, o texto inclui no artigo 5º, que trata dos direitos individuais e coletivos, o trecho que diz ser “assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção de dados pessoais, inclusive nos meios digitais”. Com isso, a inclusão torna o tema cláusula pétrea, ou seja, qualquer mudança na proteção de dados terá de ser no sentido de ampliar e resguardar direitos. A proposta faz parte de um pacote de mudanças aprovadas recentemente para aprimorar o tratamento de dados no país, entre elas a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). (g1)
A Apple passará a alertar os usuários do AirTag que configurarem o dispositivo pela primeira vez de que é ilegal usá-lo para rastrear pessoas. Fabricado pela Apple, os AirTags são anexados a itens pessoais, como chaves de carro ou mochilas, para que as pessoas possam encontrá-los quando estiverem perdidos, por meio do aplicativo Find My no iPhone. Entretanto, têm sido cada vez mais frequentes os casos de mulheres que foram rastreadas por meio de AirTags depois que eles foram colocados, sem o conhecimento delas, em casacos ou bolsas. A Apple também afirmou que está atualizando as orientações em seu site sobre o que fazer caso um AirTag indesejado esteja próximo do usuário e como desativá-lo. (The Guardian)
Conheça relatos de mulheres nos Estados Unidos que dizem ter sido rastreadas usando Apple AirTags. (BBC)
E o Google revelou ontem detalhes do primeiro preview para desenvolvedores do Android 13. De acordo com a empresa, o sistema operacional da companhia foca basicamente em três pilares: segurança, privacidade e produtividade. A versão final deve ser lançada até agosto. (TecMundo)