O Brasil voltou às ruas

A Polícia do Rio tem fortes indícios de que foi mesmo execução a morte da vereadora carioca Marielle Franco. Os assassinos seguiram seu carro por um trajeto de 4 quilômetros até o ponto do crime. Dispararam com o automóvel ainda em movimento, vindo de trás, e continuaram quando os dois veículos emparelharam a dois metros um do outro. Possivelmente, um outro carro dava cobertura. Marielle levou três tiros e o motorista, Anderson Pedro Gomes, outros 4. Indícios coletados pela Inteligência sugerem que a morte ocorreu como reação à intervenção. À tarde, ainda ontem, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pousou no Rio para ouvir detalhes do caso. Pela manhã, chegou a insinuar pedir que a investigação fosse passada à Polícia Federal. O ministro Raul Jungmann mencionou a mesma possibilidade. Por enquanto, porém, o caso segue responsabilidade da Polícia Civil do estado, que está sob pressão máxima. O secretário de Segurança Pública, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, afirmou que os responsáveis têm de ser encontrados rapidamente. (Globo)

Na Piauí, José Roberto de Toledo conta os últimos momentos de Marielle Franco e também um quê de sua vida.

No Facebook: “Mataram minha mãe e mais 46 mil eleitores! Nós seremos resistência porque você foi luta! Te amo!”

Em nenhum dos estados os governos se arriscaram a dizer quantas pessoas foram às ruas em protesto contra o assassinato de Marielle Franco. No Rio, a multidão foi muito expressiva, na Cinelândia, em frente ao Theatro Municipal. Em São Paulo, professores em greve se juntaram ao grupo que protestava o crime, ocupando um trecho da Avenida Paulista. Como foi grande, também, a multidão que se concentrou na Praça da Estação, em Belo Horizonte. Num repente, o Brasil tornou às ruas.

Fernando Rodrigues: “O senso comum dentro do governo no início da intervenção era assim: ‘Os tanques serão instalados na cidade, o policiamento será ostensivo. Os bandidos vão recuar e um clima de mais paz reinará’. Deu tudo errado. A ousadia do crime levou à barbárie com a morte da vereadora carioca. Marielle era de uma nova geração. Sua atuação como política era o epítome do sentimento por renovação daqueles que atuam na vida pública. Daí a comoção geral. A morte será certamente atribuída à falta de planejamento da ação militar, decidida em poucas horas e sem calcular como poderiam ser as reações dos criminosos. É evidente que algo deveria ter sido feito para conter o crime no Rio. Ocorre que grandes operações requerem mais inteligência por trás. Não foi o que se passou nesse caso da ação militar em solo fluminense.”

Maiá Menezes: “No Rio, o crime atua na formação de bancadas, contra parlamentares e na delimitação dos espaços onde políticos podem ou não entrar. Apenas nos dez primeiros meses de 2016, ao menos onze candidatos e líderes comunitários foram assassinados na Baixada Fluminense — área com forte atuação das milícias. Para as eleições deste ano, o TSE já fez o alerta: o de parcerias entre políticos e chefes do narcotráfico, com os riscos de criar zonas de exclusão e estimular ameaças a políticos que não integram o ‘consórcio’. Mas nenhuma investigação foi aberta para prevenir a influência do crime nas urnas. São cerca de 1,1 milhão de votos sob a custódia de milícias e facções.” (Globo)

Depois de anos sem botar os pés na Câmara Municipal, justamente na semana passada, o Intercept descobriu que o ex-vereador e miliciano Cristiano Girão voltou ao prédio. O seu foi um dos principais nomes indiciados pela CPI das Milícias, que buscou compreender a participação de policiais e bombeiros no crime, há dez anos. Marielle Franca era, à época, uma das assessoras envolvidas na investigação.

Ora... Marcelo Diotti da Mata, marido da funkeira MC Samantha, foi assassinado com tiros de fuzil na mesma noite em que a vereadora. E Samantha é ex-mulher de Girão. (Folha)

O 41º Batalhão da Polícia Militar do Rio, denunciado no último fim de semana por Marielle Franco, é o que mais mata na capital. De 2011 para cá, 567 morreram em confrontos que envolveram policiais. 41% das mortes violentas na região partiram da PM. (Folha)

Para o presidente Michel Temer, o assassinato da vereadora foi “um atentado ao Estado de direito e à democracia”. Pré-candidatos também se manifestaram. Lula exigiu que o governo “preste contas sobre o assassinato”. Marina Silva ofereceu solidariedade e considerou “muito grave e triste a notícia”. O governador paulistano Geraldo Alckim tratou como intolerável. “Um crime bárbaro que precisa ser rapidamente esclarecido.” Ciro Gomes se alinhou com todos — “situação grave que deve ser apurada rapidamente e com profundidade”. Jair Bolsonaro foi exceção. Avisou, por meio de um assessor, que “sua opinião seria polêmica”.

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O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, pretende se licenciar do cargo, voltar ao Senado, para apresentar um pedido de impeachment contra o ministro do STF Luís Roberto Barroso. Marun considera que Barroso age partidariamente no Supremo e atividade política é vedada aos ministros da Casa. (Estadão)

Uma conversa nos próximos dias pode definir o destino de Joaquim Barbosa, no PSB. Além de candidato a presidente, estuda-se também lançá-lo a governador do Rio. (Época)

O acordo bilionário feito em janeiro para encerrar uma ação coletiva movida por investidores nos EUA pesou no resultado da Petrobras. A estatal registrou um prejuízo líquido de R$ 446 milhões em 2017. Em 2016, a perda foi de R$ 14,824 bilhões. Segundo a empresa, não fosse o acordo judicial, a companhia apresentaria lucro líquido de R$ 7,089 bilhões. (Estadão)

Nove tiros

Tony de Marco

 
Atentado

Cultura

Em São Paulo, o Women’s Music Event reúne shows, festas, debates e oficinas com artistas mulheres no CCSP. De Far From Alaska a Flora Matos. No Theatro Municipal, o Balé da Cidade dança ao som de Caetano Veloso. E o Sesc 24 de Maio inaugura uma exposição sobre música jamaicana e suas influências.

Enquanto isso, no Rio, o DJ e produtor Bonobo se apresenta, amanhã, no Circo Voador. O Museu de Arte Moderna tem duas novas exposições: Monolux, com obras inéditas do fotógrafo Vicente de Mello, e ARRUDA, Victor, uma homenagem a um dos grandes nomes da arte contemporânea. No domingo, Moacyr Luz e Carlos Di Jaguarão lançam o disco Cartas Africanas na Sala Municipal Baden Powell.

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Lara Croft está de volta. Em Tomb Raider – A Origem (trailer), a heroína busca pelo pai desaparecido e desvenda mistérios de civilizações antigas antes de encontrar sua vocação. Se você é mais do drama que do videogame, estreou ontem o filme bíblico Maria Madalena (trailer), longa que narra a história de Jesus sob o ponto de vista da discípula que enfrentou as pressões da sociedade, da família e o machismo de alguns apóstolos para segui-lo. Para quem prefere o cinema francês, tem filme de Philippe Garrel nas telas. Em Amante por um dia (trailer), uma jovem que acaba de terminar um intenso relacionamento amoroso reencontra seu pai e descobre que ele tem uma namorada da sua idade com quem passa a compartilhar segredos. Veja as outras estreias da semana.

E, além de Mecanismo, que estreia no dia 23, a Netflix tem mais “quatro ou cinco” séries originais brasileiras para o próximo ano que ainda não foram anunciadas. A plataforma também está produzindo uma comédia chamada Samantha!, e o romance Coisa Mais Linda.

Um projeto bacana de financiamento coletivo que precisa duma força para sair: Do Incrível ao Bizarro, uma enciclopédia ricamente ilustrada sobre livros medievais — escrita em português. Recebe doações até o fim do sábado.

Viver

Em 2014, a Escola Jamal Abdul Nasser, para estudantes de 11 a 16 anos, foi uma das 538 que foram danificadas ou completamente destruídas por bombardeios no conflito entre israelenses e palestinos, em Gaza. Cerca de 800 alunos foram forçados a se espremer em um colégio próximo. Quando começaram os planos de reconstruir a escola, a fundação que financiou a obra incluiu na equipe alguns designers extras: os alunos. Perguntou a eles o que queriam no novo colégio. Um dos principais pedidos era para que fosse um lugar onde se sentiriam seguros. O novo prédio é resistente a explosões, com vidros à prova de quebra e pode servir como um abrigo de emergência. Eles também tinham medo do barulho de aviões e drones e da sensação de perigo. Na nova escola, os alunos podem mover-se entre as salas de aula sem ir ao ar livre. A ideia é que esse modelo possa ser levado a outras zonas de conflito, como a Síria.

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Não é novidade de que as empresas usam cada vez mais as redes sociais para vasculhar os perfis de candidatos a empregos. Uma foto bebendo demais ou uma piada sobre faltar ao trabalho podem pegar mal. Para se antecipar ao estrago, uma start-up americana criou um software que resgata todos os resultados dos mecanismos de busca relacionados ao seu nome, suas postagens de mídias sociais, imagens e conteúdo de vídeo que você postou ou foi marcado, e recomenda quais conteúdos negativos você deve remover. O monitoramento é constante e a investigação é profunda, com resultados de até dez anos atrás.

Uma jovem branca é servida por funcionários negros, escravos. A cena, que causou revolta na internet, faz parte de um ensaio de debutante com o tema ‘Jardim Imperial’. “Vocês brincam com nossa dor e depois vêm dizer que foi ‘sem querer’ ou uma ‘homenagem’”, escreveu uma internauta em seu Facebook. A página da cerimonialista na rede social ficou lotada de críticas. Num primeiro instante, a profissional frisou que os jovens negros eram atores, contratados para representar uma cena histórica, sem preconceito ou exploração contra os artistas. Mas depois, pediu desculpas. “Jamais foi nossa intenção fazer qualquer retratação que levasse a entender que a escravidão foi algo bom em nossa história. Tínhamos a única intenção de retratar o período histórico do Império que, infelizmente, tinha escravidão Mas, graças a outros olhares, percebemos que fomos infelizes nessa reprodução.” As fotos e a nota de esclarecimento foram apagadas. (Globo)

Galeria: as 20 bibliotecas mais bonitas dos Estados Unidos.

Cotidiano Digital

A Lyft, principal concorrente da Uber nos EUA, começa a testar um modelo de assinatura. Por um valor fixo mensal, os usuários terão direito a um número de corridas. Por enquanto, não está aberto a todo mundo. Usuários frequentes recebem convites exclusivos para testar o sistema.

O Departamento de Segurança Nacional e o FBI acusam a Rússia de estar fazendo ataques hackers sistemáticos contra os EUA. Já foram atingidos a rede de transmissão elétrica, usinas nucleares, o sistema nacional de aviação e usinas de processamento de água. A operação de ataques se iniciou em 2016 e envolve, principalmente, a contaminação por vírus.

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